Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]
Em 26 de abril de 1965, Roberto Marinho fundou no Rio de Janeiro a Rede Globo, que viria a se tornar a maior emissora do país e a quarta maior do mundo – perdendo apenas para as americanas ABC, CBS, e NBC. Com mais de 120 afiliadas pelo país, sua programação é assistida por cerca de dois terços da população brasileira – além dos telespectadores no exterior, que podem conferir pela TV Globo Internacional.
Muito já foi falado sobre os 45 anos da emissora, mas vamos relembrar um pouco de sua história, pois não há como ignorar (independente de se gostar ou não das atrações exibidas) que o canal tem feito a alegria da população e mobilizado milhões de pessoas ao longo das últimas décadas.
A Globo já poderia já estar com 53 anos. A concessão do canal foi cedida para a Rádio Globo pelo presidente Juscelino Kubistchek em 1957 mas, só em 1962, Marinho assinou um acordo com o grupo Time-Life, que lhe garantiu US$ 6 milhões de dólares para comprar equipamentos e investir em infra-estrutura, em troca de 30% de todos os lucros. Aos poucos, os domínios foram se expandindo: em 1966, o sinal chegou a São Paulo e, em 1968, a Belo Horizonte até que, em setembro de1969, nascia o “Jornal Nacional”.
Nos primeiros anos, ela ainda não era líder de audiência. A mudança no gosto do público começou a ocorrer a partir de 1970, quando a transmissão da Copa do Mundo (na qual o Brasil conquistou o tri) e da novela “Irmãos Coragem”, de Janete Clair, cativaram o público. Com o fim da TV Excelsior (que teve a concessão cassada pelo Governo Militar) e a decadência gradual da TV Tupi (que tinham a hegemonia na produção de ótimas novelas na época) ela foi galgando seu espaço.
O plim-plim, som que nos faz identificar de imediato que televisor está ligado na Globo, tocou pela primeira vez em 1971. Um ano depois, “Selva de Pedra” (que será tema de uma próxima coluna em breve) consegue a façanha de atingir 100 pontos de audiência. A primeira novela brasileira colorida foi “O Bem-Amado”, em 1973. Mas a partir de 1976 é que a grade que vemos até hoje no ar – e que garante a fidelidade do público - começou a ser montada. A tradicional “novela das 8” foi fixada, antecedida pelo “JN” e por outra novela. “Gabriela” e “A Escrava Isaura” – durante um bom tempo a mais vendida para o exterior, e campeã de reprises – ajudam a fixar o telespectador em frente à TV. Desde então o que se chamou de “Padrão Globo de Qualidade” foi implantado.
O programa mais antigo ainda no ar é o “Santa Missa”, que passa aos domingos. Está no ar desde 1965. Enquanto mantinha o público preso através da teledramaturgia, o restante da programação não foi esquecido. Com o passar dos anos foram criados humorísticos, programas de auditório e telejornais, a maioria no ar até hoje, como o “Fantástico” e o “Globo Repórter”.
Nos anos 80, veio a consolidação junto ao público infantil com “Balão Mágico” (1983-1986) e “Xou da Xuxa” (1986-1992). Minisséries e seriados como “Armação Ilimitada”, e programas de humor como “TV Pirata” também marcam época. Nas novelas, “Roque Santeiro” e “Vale Tudo” são talvez os maiores sucessos da década.
Em 1989, Faustão estréia seu “Domingão” e a Globo enfrenta a polêmica de ter beneficiado Fernando Collor na edição do debate realizado para presidência, exibido no “Jornal Nacional”.
O começo dos anos 1990 traz crises de audiência. “Carrossel”, do SBT, e “Pantanal”, da Manchete, mexem com o Ibope. O canal viu sua hegemonia momentaneamente ameaçada em 1997, com a estreia de “Ratinho Livre”, na Record, que conseguia roubar a audiência da novela das 20h e dos programas que passavam em seguida. E entre 1997 e 2001, Faustão perdia constantemente para Gugu Liberato e seu “Domingo Legal”, no SBT. A atração do canal de Silvio Santos já vinha ganhando, nos anos anteriores, dos filmes exibidos na “Temperatura Máxima”.
Apesar dos problemas pontuais, ao longo dos anos nunca a emissora perdeu seu lugar no topo por um dia inteiro, por exemplo. O Projac, considerada a “Hollywood Brasileira”, foi inaugurado em 1995 e desde então toda a produção de telenovelas e alguns seriados foi centralizada no amplo espaço.
As tramas que conquistaram o telespectador foram tantas nos anos 90 que seria injusto citar apenas alguns. O resto da história todo mundo já sabe... O Ibope, de 2000 para cá, vem caindo constantemente, porque quem assiste TV tem acesso a outros meios de diversão (internet, um dinheirinho para ir ao cinema de vez em quando, e cada vez mais jovens estão fazendo faculdade à noite). Problemas pontuais de audiência continuam existindo (as manhãs são bem acirradas entre Globo, Record e SBT, ponto a ponto), mas ainda nada que desestabilize o império criado há 45 anos e, na somatória de sua conjuntura, trouxe muita alegria e emoção aos telespectadores, há de se reconhecer.