Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]
Ao longo dos anos a Globo tentou emplacar vários programas às 17 horas, mas nenhum sobreviveu muito tempo. Séries, novelas, desenhos, game-shows, humorísticos, tudo foi testado, mas a emissora não consegue fazer com que mais pessoas se sentem e liguem a TV nesse horário.
Nos final dos anos 80 e início dos 90, principalmente durante as férias escolares, ia ao ar a “Sessão Aventura” – que começava às 16h45. A cada dia da semana uma série diferente era exibida. Grandes sucessos internacionais passaram pela sessão, entre eles A Ilha da Fantasia, As Panteras, A Mulher Biônica, Duro na Queda, Magnum, Profissão: Perigo, Anjos da Lei, The Flash, Barrados no Baile, Melrose e SOS Malibu. Das produções nacionais, Carga Pesada e Armação Ilimitada ganharam um rápido bis à tarde.
Desenhos como DuckTales, Os Ursinhos Gummi e Thundercats fizeram tanto sucesso que saíram das manhãs e ganharam espaço na “Sessão Aventura”.
Novelas também voltaram ao ar das 16h45 às 17h30: Guerra dos Sexos, em 1989, Que Rei Sou Eu?, em 1990, Roque Santeiro, entre 1991 e 1992 e Vamp, em 1993 – a última vez em que à tarde duas novelas eram reprisadas – a outra passava mais cedo, no “Vale a Pena Ver de Novo”. Mas minisséries como Riacho Doce foram reexibidas às 17 horas.
Em 1993, a Globo colocou Maria Paula para apresentar o programa Radical Chic, e Beltrão interpretava a personagem título. Uma tentativa de chamar a atenção dos adolescentes com uma espécie de gincana escolar. A atração não causou empatia, pois era um misto de “Passa ou Repassa” com programas da MTV e um ar cult da personagem criada pelo cartunista Miguel Paiva – e pouquíssimo conhecida da maioria dos telespectadores. Saiu do ar no mesmo ano.
A emissora carioca resolveu voltar o “Vale a Pena Ver de Novo” para as 13h30 em 1998, e passou o “Vídeo Show” para as 17 horas. Na teoria, seria ótimo. Os apresentadores diziam “Você chega em casa, liga a TV e assiste ao Vídeo Show”. Mas a mudança durou pouquíssimo tempo. O público não se acostumou ao programa no final da tarde – o “Vídeo Show” é para se assistir depois que do almoço, quando dá preguiça de fazer alguma coisa. Logo tudo retornou ao que era.
2001, uma nova tentativa. A “Escolinha do Professor Raimundo”, grande sucesso nos anos 90 às 17h30, é ressuscitada para as 17 horas. Embora tivesse mantido o mesmo formato e boa parte dos humoristas da época áurea, durou apenas até o final do ano.
Mas a Globo não desiste e em fevereiro deste ano colocou no ar a microssérie “Poeira em Alto Mar”, de Renato Aragão, o eterno Didi, durante uma semana. A audiência não se mexeu: ficou no mesmo percentual dos filmes da “Sessão da Tarde”. Para 2009, uma nova série com Didi está sendo produzida – e vai ao ar no mesmo horário.
A emissora de tempos em tempos insiste em colocar um programa nessa faixa, mas não cativa o telespectador. Às 17h30, o problema já não acontece – A Escolinha fez sucesso por 5 anos nesse horário e Malhação, passada a fase crítica entre 1997 e 1998, quando quase foi extinta, mantêm bons índices.
E do jeito que as coisas vão dificilmente algo vai emplacar. Um dos problemas é que é difícil levantar a audiência depois de um filme. Segundo, é muito cedo, quem está em casa (cada vez menos pessoas, se comparado à última década) não vai parar religiosamente todo dia e ligar a TV a essa hora. A sorte é que a programação dos outros canais está tão ruim que não ameaça a hegemonia global.