Acabaram as audições. E qual foi o saldo até aqui?
Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]
Não é novidade para ninguém que a segunda temporada do Superstar tem surpreendido no que diz respeito tanto a sua qualidade musical quanto a organização, ao cuidado da produção para com o programa (O The Voice Brasil está se tremendo de inveja nesse momento). E, obviamente, isso foi resultado de uma quase que completa reformulação no programa.
Comecemos pela bancada. Thiaguinho, é o tipo de jurado que vota conscientemente, mas que nunca consegue expressar críticas construtivas, o que me preocupa porque ele tem como afilhados alguns dos meus grupos favoritos do ano. Thiaguinho somente consegue se mostrar um membro essencial da bancada quando o estilo musical se refere ao que está dentro do seu nicho, o pagode. Aprendi com ele, na semana passada, que o Rio Grande do Sul tem uma tradição de pagode (Superstar também é cultura). E, sinceramente, é melhor ele se manifestar em poucos momentos do que em absolutamente nenhum (beijos Ivete!)
Sandy segue a linha contrária de Thiaguinho. Começou um pouco perdida sobre o que deveria fazer ali, mas lá pela metade das audições, conseguiu se mostrar uma jurada exigente, mas acima de tudo, coerente e sensata, o que certamente é mais do que os realities musicais da Globo vem nos dando. Mas Sandy tem encontrado grande resistência em convencer os artistas a escolherem-na como madrinha. A partir de agora ela tem a missão de mostrar para todos os grupos (e de quebra o Brasil inteiro) que ela é muito mais do que a mulher que disse que é possível ter prazer anal. Sandy é uma artista consagrada e experiente e uma jurada de primeira qualidade. Resta saber como ela agirá como mentora daqui pra frente, mas eu tenho grandes expectativas.
Agora vem ele, Paulo Ricardo. Lembro, perfeitamente, que na estreia, o achei bem apagado, mesmo fazendo bons comentários. Mas ele não é o destaque dessa bancada à toa. Paulo Ricardo consegue fazer muito rápida, e profundamente, uma leitura musical de todo um grupo. Incrível o que ele consegue extrair de uma simples melodia, de uma fusão de gêneros musicais. PR é o jurado mais técnico da bancada não porque tem mais experiência, mas por ter uma sensibilidade musical mais aflorada. Muitas vezes discordamos na hora de votar, mas o fato é que ele sempre defende o seu ponto de vista como um verdadeiro lorde.
A nova bancada do Superstar funciona muitíssimo bem. E uma grande prova disso foi que alguns grupos já mostraram um crescimento significativo das audições para essa repescagem. (E tem gente que ainda duvida do poder do feedback numa competição musical, aff). Aliás, essa repescagem surgiu para evitar o problema da estreia da temporada passada: muitos não sabiam usar o app do programa e por isso, cansamos de ver promissores nomes avançando na competição. Esse ano teve um limite de grupos aprovados por episódio, o que eu considero mais uma evolução do programa, pois mostra justamente a preocupação da produção em nos entregar se não um produto de alta qualidade, um programa ao menos justo, e por isso já digo que tranquilamente o Superstar, nesse aspecto está a frente de muitos realities de outros países, como os americanos, que DEFINITIVAMENTE não sabem votar; os britânicos que raramente elegem um vencedor justo seja no The Voice ou no The X Factor, e por vezes, até mesmo a Austrália, um dos melhores países no aspecto justiça em realities.
Agora a respeito do talento no programa. Vocês sabem que eu já sou fã do trabalho de Scalene e se pudesse, a temporada já poderia se encerrar imediatamente após a audição deles, mas ninguém pode negar que temos um TOP 24 EXTREMAMENTE diverso e respeitável, ao ponto de podermos aleatoriamente pensar em um gênero musical e muito provavelmente encontrar aqui. E por isso digo com toda a certeza que a rodada de audições esse ano foi muito mais prazerosa e dinâmica do que no ano passado. O saldo está bem mais positivo esse ano, de certo.
Mas quem passou nessa repescagem? Vamos a eles, ranqueados daquele jeito de sempre:
9) Breno e Caio Cesar - 7 Bilhões (Autoral) – Todos votaram ‘não’
Muito feliz de eu não precisar rogar praga pra sertanejo meia boca cair fora do programa! (AMÉM!). Aqueles graves mais instáveis do que a temporada passada do The Voice Brasil e aquela falta de força na interpretação já me fizeram votar ‘não’ imediatamente. Vou aqui discordar de Sandy e dizer que ao contrário da jurada, eu achei eles bem mais do mesmo! Ainda não entendi como eles chegaram até aqui nas audições ao vivo.
Obs: Se Sandy declarar que não é das maiores fãs de música sertaneja, eu aqui nessa coluna, em tempos de The Voice, devo ser o Perez Hilton brasileiro, não? Me poupem...
8) Eu, Tu, Eles – Eu vou casar mais ela (Autoral) – Todos votaram ‘não’
Nem é preciso ter muito conhecimento de mercado para saber que quando alguém fala pop/reggae, quis na verdade dizer pop com um arranjo ‘tropical’. E vou me limitar a dizer que dentro desse nicho, eles são mais do mesmo, e mesmo que a voz e a atitude deles sejam típicas do reggae, não é suficiente para ceder a eles uma vaga.
7) Wannabe Jalva – Miracle (Autoral) – Paulo Ricardo e Sandy votaram ‘sim’
Na primeira audição deles, eu já não havia gostado muito, mas confesso que dessa vez eles corrigiram aqueles problemas, mas vieram com outros. A música peca em carisma e pela falta de uma musicalidade mais chamativa, pois apresenta um som bem fechado e a introspectividade do vocalista não ajudou a causa do grupo, o que foi basicamente o que Sandy e Paulo Ricardo disseram: “Houve um maior cuidado com a produção e com o arranjo do que com a música em si”.
Obs: Nem me lembrava mais da audição deles. Minha única lembrança era o nome da banda mesmo! #MauSinal
6) Radio Radar – Tão Perto (Autoral) – Paulo Ricardo votou ‘sim’
Eu até comprei a ideia de Kid Abelha versão rock. É aquele clássico pop-rock alternativo romântico. Mas não senti nenhum senso de urgência neles, o que denota toda a linearidade e a chatice que foi essa audição.
5) Dona Zaíra - Pedras Que Cantam / Isso Aqui Ta Bom Demais (Dominguinhos) – Todos votaram ‘sim’
Adorei esse forró que não é forró! Essa influência de outros gêneros sempre traz esse frescor de novidade, de originalidade. Mas achei a voz do cara bem chatinha e à ideia do uniforme fiquei indiferente (ou não vou dizer o que achei para ser politicamente correto). Mais uma vez vou rebater os comentários de Sandy já que achei que a originalidade estava apenas no som e não na execução. Mas pode ser que eu esteja errado, mas acho que a capacidade de adaptabilidade dessa música é muito pouca. Mas achei decente.
4) Versalle – Mente Cheia (Autoral) – Todos votaram ‘sim’
O primeiro grupo a de fato estar de fato na repescagem, me deixou levemente decepcionado, porque a energia vocal era bem diferente da energia musical e o desconforto entre música e voz era nítido. E ainda tivemos aquela tentativa de melisma (ou seria só uma desafinação mesmo) que me passou a ideia de falta de conhecimento absurda, pois com uma voz competentíssima, me recuso a acreditar que essa era a primeira vez que era necessário atingir aquelas notas. Mas eles são bons (leia-se foram bons) e mereceram avançar.
3) Reverse – Imagina (Autoral) – Todos votaram ‘sim’
Já gostei quando eles vieram com uma música mais animadinha. Mas essa decisão talvez tenha sido uma faca de dois gumes, porque a falta de precisão vocal soou deslocado, especialmente quando a melodia estava tão bem construída e colocada. Aqui a diferença de carisma foi imensa, a faço minhas as palavras de Sandy (só deu ela essa semana): “É bem pop, mas não é óbvia”
2) Facção Caipira – Blues Brasileiro Foragido Americano (Autoral) – Todos votaram ‘sim’
A única eliminação realmente sofrida da noite foi de um dos grupos mais originais da temporada. Além dos óbvios blues e rock, há também uma considerável pegada country nessa música e ao mesmo tempo alternativa (já podemos considerar ‘alternativo’ a palavra de ordem da temporada, certo?). Eles já tinham me ganhado com esse vibe Zeca Baleiro feat. Cazuza, mas ainda vieram com uma voz cheia de profundidade e personalidade, da maneira como eu gosto. Quando eles pararam de cantar por um segundo, me desesperei porque a porcentagem deles estava mais baixa que as demais e me passava pela cabeça a eliminação deles, mas acho que foi essa a intenção, dar um susto pra pensar que acabou e voltar a continuar para a galera continuar voltando. Está aqui a prova maior de que fusão de estilos é palavra de ordem.
1) Consciência Tranquila – Deixa Isso Pra Lá (Jair Rodrigues) – Todos votaram ‘sim’
Primeiramente, que beatboxing INCRÍVEL. Segundamente, como esse grupo ficou tão ABSURDAMENTE MELHOR DO QUE JÁ ESTAVA ANTES? Eles estão mais seguros na movimentação do palco, melhores vocalmente, simplesmente melhores. O rap da vocalista me lembrou um pouco de Iggy Azalea. Isso sim é um GRUPO musical. Thiaguinho e Sandy sentiram o mesmo que eu nosso jurado ainda falou tudo quando disse que eles são ‘um grupo completo’, e Sandy estava certíssima em cobrar maior participação vocal do vocalista principal do grupo. Go, GO Consciência Tranquila!
Bem, a noite foi um pouco inferior à media da temporada, mas aqui tivemos destaques inegáveis. E segue aqui uma análise sobre os grupos que em minha opinião deveriam avançar, divididos de acordo com os seus padrinhos. Ao todo, 6 grupos por padrinho avançarão, formando um Top 18.
*Paulo Ricardo:Tianastácia, Big Time Orchestra, Scambo, Stereosound, Scalene e The Moondogs (este último por falta de opção melhor)
*Sandy: Eletronaipe, Trio Sinhá Flor, Kita, Devir (se melhorar muito), Versalle e Reverse.
*Thiaguinho: Consciência Tranquila, Serial Funkers, Lucas e Orelha, Dois Africanos, Vibrações e Grupo Zueira (na falta de algo melhor também!)
Bem galera, foi isso! Agora é esperar o Superpasse, que veio para substituir os duelos do ano passado. Ainda não sabemos exatamente como vai funcionar, mas acredito que os grupos vão se apresentar divididos por padrinhos (1 padrinho por semana) e os 6 com as maiores porcentagens avançarão.
Até semana que vem, galera!