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SuperStar 2x02 - Audições, Parte 2

Um viva para a diversidade musical!

Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]

Grupo Dois Africanos se apresentando no SuperStar (Foto: Isabella Pinheiro/GShow)

Um dos poucos fatores que me deixavam em estado de raiva absoluta é a pessoas que partem da premissa (horrorosamente falsa) de que a música brasileira se resume a MPB e rock. Nem tanto pela afirmação, mas pela tamanha falta de conhecimento da própria cultura. E se eu tivesse que mostrar a alguém a grande diversidade musical existente no Brasil, eu sem dúvida alguma usaria esse segundo episódio do Superstar para ilustrar toda a afirmação acima.

Claro, o rock e a MPB marcaram enormemente a nossa música e ainda figuram entre os gêneros favoritos dos brasileiros (inclusive deste que vos fala!). Mas em um tempo em que, como disse nosso jurado, Paulo Ricardo, “não é o tempo propício para o rock”, pudemos ver o despertar de outros tipos de música. Por exemplo, atualmente é completamente IMPOSSÍVEL ignorar a força que o funk tem no país e também fora dele (Valeska Popozuda manda beijinhos no ombro a todos!). E também o sertanejo (ahh, o sertanejo!), que move milhões de fãs pelo Brasil, e que apesar de todas as minhas ressalvas ao gênero, tem o meu respeito. Em segundo plano, temos o pagode e o samba (que caso não saibam são diferentes sim!);  o axé, o gospel e até mesmo o pop internacional tem vez aqui.

Por isso, se teve uma que o Superstar nos ensinou foi que todo tipo de música tem vez aqui. Até mesmo o rap, o hip/hop, o Black soul abrasileirado, blues e até mesmo um rock alternativo (muito abraçado internacionalmente!) apareceram pelo palco essa semana, apesar de eu achar que a popularidade destes eram bem baixas. Mas o ponto é: porque que eu estou aclamando tanto essa diversidade musical? Simples. Porque não é em todo programa musical que vemos isso. O Ídolos e o The Voice Brasil pouquíssimas vezes nos proporcionaram toda essa versatilidade musical e quando o fizeram, nunca nos fizeram comprar a ideia desses artistas tão singulares. E é exatamente aí que reside o diferencial do Superstar! É nesse programa que vemos o verdadeiro Brasil e suas diferentes vertentes culturais. É esse o ponto alto do programa. É assim que se faz boa televisão. E a prova maior disso tudo é quando essa semana me perguntaram: “Você gosta tanto assim de Superstar?”, a minha resposta foi um instintivo “Não! Eu gosto de música!”.

Pois então, depois de mais uma noite de audições que não apenas segurou a peteca como talvez ainda a tenha jogado mais alto, vamos aos nossos participantes, que estão no mesmo esquema da semana passada, ranqueados de pior para o melhor.

8) Motel 11:11 – A Vida Como Ela É  (Autoral) – 51% (Sandy e Paulo Ricardo votaram ‘sim’)

Eu sinceramente ainda não sei dizer exatamente o que deu errado nessa apresentação. Mas o que sei é que em nenhum mísero minuto, eu consegui me sentir confortável ouvindo eles. E não foi uma questão de notas erradas ou mal encaixadas, mas sim uma questão de melodia e vocais em níveis diferentes de energia (e ritmo também). E foi basicamente isso que os jurados disseram. Thiaguinho e o seu já clássico “não me empolgou” marcaram presença, mas vou ficar com o que Paulo Ricardo disse, ele tem um timbre interessante, mas uma dicção, com o perdão da palavra, podre. Sandy, falou da musicalidade, que eles obviamente possuem, mas não conseguem desenvolver. Agora gente, que deu pena deles, quando ao final da apresentação ninguém aplaudiu, ahh, isso deu! Felizmente, Fernanda Lima conseguiu deixar a situação menos constrangedora!

7) Trio Macaíba – Atazanato (Autoral) – 50% (Ninguém votou ‘sim’)

Aqui não temos como fugir do óbvio: Faltou dinâmica na apresentação. E antes que venham me dizer que esse é o estilo deles; que eles não precisam fazer a mesma coisa que todos os outros fazem e tal, deixe-me dizer que eles não se venderam para o público aqui. Eles simplesmente foram lá, cantaram a musiquinha deles e ponto. Não teve vontade, não teve nenhum senso de urgência, e assim, por mais bem executada que tenha sido, não há dúvidas que estamos diante de um clássico caso de eliminação por unidimensionalidade.

Foto: Reprodução/TV Globo

6) Supercombo – Piloto Automático (Autoral) – 83% - (Todos votaram ‘sim’)

Se eu tivesse que comparar  Supercombo a uma banda internacional, eu certamente o faria com Coldplay, e quem me acompanha na vida, sabe que vindo de mim, isso significa bastante! E eu faria essa comparação mais devido ao fato de que durante a música, me senti viajando nos meus pensamentos, sendo direcionado pelas letras da música, algo parecido com o que a banda do X Martin faz comigo. Mas ao mesmo tempo que gostei bastante da música, estou também ciente dos seus defeitos (que não foram tão poucos assim!). Assim, como Motel 11:11, senti um leve descompasso entre a melodia e o vocalista. Não se encaixou. Além da voz dele ser relativamente comum e não haver nenhum esforço por parte dele de sair dessa zona de conforto (leia-se chatice). Não estou nem um pouco torcendo contra, mas acredito que muito terá que ser feito se eles quiserem herdar a coroa da banda Malta.

Obs: Música excelente, mas podia ser MUITO melhor.

5) The Moondogs – Rock’n Rolling (Autoral) – (Todos os 3 votaram ‘sim’)

A idéia de ser uma banda fortemente influenciada pelos Beatles é uma faca de dois gumes. Enquanto carrega um estilo de fácil-venda, ao mesmo tempo há o ENORME risco de se tornar datado e fora de moda. A segunda situação foi exatamente o que aconteceu aqui. A vibe retro deles me fisgou logo no começo, mas a partir daí, não me senti vendo o nascer de um novo sucesso brasileiro, mas sim, um grupo imitando outro que há tempos atrás fez sucesso. Apesar da voz potentíssima do carinha do meio e da força absurda imposta por eles na atmosfera do lugar (ou pelo menos, o que eu senti do meu sofá!), ainda achei que foi uma apresentação cheia de excessos. Mas apesar de saber definir o que foi errado aqui, fico com as palavras de Paulo Ricardo: “É uma música ruim para vocês. Pareceu uma colagem de várias introduções muito boas, mas só isso”. E com isso, Paulo Ricardo me fez querer a sua presença constante nessa bancada daqui pra frente. Só tenho uma palavra para ele R-E-S-P-E-C-T. E sim, apesar de eu achar que eles não vão fazer sucesso, eu gostei deles.

4) Consciência Tranquila – Sente a Vibe (Autoral) – (Todos os 3 votaram ‘sim’)

Primeiramente, que nomezinho de grupo mais ingrato, hein? Segundamente, que nomezinho de música mais ruim e ao mesmo tempo maravilhoso?. Bem, já gostei logo na introdução deles que disseram uma maior preocupação com o aspecto lírico da coisa. Mas no que diz respeito a apresentação eles se mostraram excelentes dentro do que propõe a fazer. E só digo isso porque faltou força em alguns momentos, como quando no rap; ou melhor, individualmente, todos poderiam fazer melhor. Mas devo reconhecer que pouquíssimas vezes na minha vida vi harmonias tão bem justapostas de maneira tão afinada, que somada a energia incrível e a atitude de todos ali (o que era necessário devido ao estilo deles) resultou em uma explosão musical de boa qualidade. Vale dizer que aqui que admiro (E MUITO) o fato de eles terem posto a cara a tapa e deixar as suas vozes de carro-chefe da apresentação fazendo com que os instrumentos fossem apenas um apoio musical. Além disso, foi como uma brisa de ar fresco ver o rap e a Black music tão bem representadas aqui no Brasil.

3) Big Time Orchestra – Pode Vir Quente Que Eu Estou Fervendo (Roberto Carlos) – 84% (TODOS VOTARAM ‘SIM’)

Chegamos a um ponto onde já ouvimos as músicas do Roberto Carlos sendo cantada das mais diversas maneiras, mas eu garanto que nunca vimos ao maior estilo Big Band Night! E sinceramente, gostei! Muito! Talvez até mais do que os dois grupos a seguir, mas o fato é: Seriam eles capazes de serem bem sucedidos comercialmente? Seriam eles capazes de não se tornarem datados e unidimensionais? Porque sim, hoje foi ótimo, mas será que o grupo tem a capacidade de ser versátil? São pensamentos válidos, claro, mas em nenhum momento eles anulam as (diversas) qualidades dessa apresentação, seja o tom rasgado usado no lugar certo, ou a sensação de nostalgia pelas influências do Blues, ou por ver o palco sendo tão bem trabalhado ou mesmo pela personalidade musical absurda deles. Mas vou chamar atenção também para um comentário do nosso jurado-maravilha Paulo Ricardo (sempre ele!): “Vocês cantaram em português, mas parecia inglês!” Incrível ,né? Vamos ficar aqui rezando para que tudo dê certo para o grupo daqui pra frente, já que uma excelente primeira impressão eles já conseguiram.

2) Kita – You (Autoral) – 76% (Sandy e Thiaguinho votaram ‘sim’)

Não tenho dúvidas nenhuma de que Kita foi o meu grupo favorito da noite estilisticamente. Esse rock eletrônico, ao mesmo tempo que soa como novidade se aproxima de nomes já consolidados dentro do estilo. E nem mesmo aquele papo de ‘inglês é a língua universal’ (se ela falasse que canta mais confortavelmente em inglês, eu juro que não a julgaria )conseguiu me fazer não me apaixonar pelo grupo. Esse timbre suave e gostoso, bastante incomum no programa, serviu completamente para mostrar toda a suavidade e as nuances da história da música. E ainda temos uma presença de palco para poucos. Portanto devo dizer que Kita (parece nome de banda de sucesso mesmo, hein!) é um dos meus grupos favoritos do ano até agora, ainda que poucas pessoas concordem comigo.

1) Dois Africanos – Eu Sou de Lá (Autoral) – 88% (TODOS VOTARAM ‘SIM’)

Contrariando o meu gosto pessoal, tenho que entregar o primeiro lugar desse ranking a Dois Africanos (ainda dá tempo de mudar o nome, se vocês quiserem, hein. Fica a dica!), que completamente inundaram o palco do Superstar com uma performance forte em todos os aspectos, seja na melodia ou na interpretação. Vocalmente ainda há trabalho a ser feito, mas é inegável a mágica transcendente da competição que aconteceu essa semana. O rap foi cheio de vontade e me lembrou levemente o trabalho de Eminem (um dos meus rappers favoritos, vale dizer!). A música também é incrível. Apesar de trazer uma mensagem levemente já esperada por nós dado o histórico, não passa a ser menos poderosa e interessante. Devido a dicção dos dois, muitas vezes não consegui entender muita coisa, mas o fato é, como disseram nossos jurados: O fator carisma estava nas alturas aqui e as vozes dos dois foram contrapontos perfeitos para si mesmas. Eles certamente em algum ponto da competição terão que provar que são mais do que o fator likeability pode carregar, mas no que depender de mim, basta continuar a entregar performances carregadas na emoção e poder vocal que eles estarão na direção certa.

Bem, e assim termina a nossa semana e temos um balanço geral muito bom. Como já disse, talvez ainda melhor do que na semana passada, justamente pelo fato de que as bandas aprovadas nos deram um bom começo para a construção de um grupo de 24 grupos musicais diversos entre si. E quem ganha com isso somos nós!

Essa semana pudemos ter uma visão um pouco melhor da bancada como um todo. E por incrível que pareça, o elo fraco continua sendo Sandy, mas muito longe de mim dizer que a cantora “desse turu turu turu aqui dentro” está fazendo um trabalho ruim. Na verdade, apenas acho que ela apenas sabe expressar seu criticismo em situações extremas, e é bem mais discreta que os colegas de bancada quando o faz. Problema parecido com o de Thiaguinho, que mostra bastante personalidade(desde a semana passada, aliás) na hora de votar nos candidatos, mas na hora H, não consegue dizer muita coisa útil. Já Paulo Ricardo, por mais que tenhamos opiniões divergentes, ele mostra que é capaz de assumir um trabalho desse com maestria e apesar dos seus momentos e de votar em certas bandas (como Motel 11-11), ainda o respeito bastante como jurado aqui.

Bem pessoal, é isso! Mandem as suas opiniões sobre a nova (e até então excelente) temporada do Superstar! Quais as suas expectativas? Quais as suas bandas favoritas? Quais estilos você quer ver representado no programa? Até semana que vem!


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