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Selva de Pedra: um clássico do horário nobre!

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Pouquíssimas novelas conseguiram a unanimidade de atingir 100 pontos de audiência. A primeira versão de Selva de Pedra, de 1972, conseguiu essa façanha, só repetida 13 anos depois por Roque Santeiro, e entrou para a história da teledramaturgia brasileira.

Francisco Cuoco, Regina Duarte e Dina Sfat faziam os protagonistas Cristiano, Simone e Fernanda. A autora, Janete Clair – que escrevia sua sétima novela seguida – usou e abusou da imaginação para prender a atenção do público no triângulo amoroso durante seus 243 capítulos.

A trama central foi inspirada no romance Uma Tragédia Americana, de Theodore Dreiser, e no filme Um Lugar ao Sol, de George Stevens. A artista plástica Simone é testemunha da briga entre o pobre Cristiano e o playboy Gastão, que morre. Ela o ajuda e acaba se apaixonando.

Os dois vão para o Rio de Janeiro, se casam mas, em contato com o universo do tio rico, Cristiano conhece Fernanda, noiva de seu primo, Caio (Carlos Eduardo Dolabella). Miro (Carlos Vereza), o convence a ficar com Fernanda, mesmo que isso custe a vida de Simone, que sofre um acidente e é dada como morta.

A novela não escapou da censura. Em agosto de 72, o casamento de Cristiano e Fernanda não foi ao ar. Mesmo ele acreditando, assim como os demais personagens, que Simone estava morta em um acidente de carro, os censores acharam que a situação “atentava aos bons costumes da familia brasileira”. A solução da autora foi fazê-lo se sentir responsável pela morte da mulher e abandonar Fernanda no altar.

Desde então ela enlouquece e jura vingança, atrapalhando-o em seus negócios no estaleiro. Simone retorna assumindo a identidade da irmã falecida, Rosana, reconhecida como uma artista famosa. Numa festa, Cristiano a reconhece, mas ela o repudia, achando que ele quem causou seu acidente. Mas Simone é a única que pode inocentá-lo pela morte de Gastão.

O recorde de audiência veio no capitulo 152 quando Simone é desmascarada. A história original voltou ao ar por duas vezes: entre 1975 e 1976, compactada em 75 capítulos, no lugar de Roque Santeiro, que foi censurada, e em 1980, reduzida a 1h30, no Festival 15 anos.

Na busca por repetir o sucesso, a Globo produziu um remake em 1986, que não teve a mesma repercussão – talvez por terem se passado apenas 14 anos e o enredo marcante ainda estar na cabeça das pessoas. Cristiano foi vivido por Tony Ramos, Fernanda por Christiane Torloni e Simone coube a Fernanda Torres.

Na adaptação, alguns personagens foram substituídos por outros, como o Dr. Feliciano D'Avilla (Urbano Lóes), advogado de Cristiano, que passou a ser a Dra. Ana (Suzana Faini), em 1986. Outros mudaram de nome, como o namorado de Walkíria (Neuza Amaral) que se chamava Sérgio (Eliano de Souza) no original e virou César (Roberto Bataglin). E Sales (Francisco Milani) que se casa com Diva (Dorinha Duval), tornou-se Horácio (Henri Pagnocelli).

Mesmo com o fim do Regime Militar, houve censura de algumas cenas e diálogos, além do pedido de moderação das cenas de amor embora, assim como a primeira versão, também fosse ao ar às 20h. As sequências que sugeriam um relacionamento lésbico entre Fernanda e Cynthia (Beth Goulart) não teriam sido bem aceitas pelos telespectadores e foram reformuladas.

Miguel Falabella se destacou com as frases e expressões de Miro, como "pururuca do brejo" (mulher feia); "Num vô cum teus córno" (Não simpatizo com você)."Quem é ruim da cabeça e doente do pé num faz nhenhém". O remake, escrito por Regina Braga e Eloy Araújo, passou pelas mãos de três diretores: Walter Avancini até o capítulo 20, Daniel Filho e Dennis Carvalho.

Com o sucesso da segunda reprise de A Viagem no Vale a Pena Ver de Novo, em 2006, houve a torcida por parte do público de que a Globo resgatasse a trama no horário, o que não aconteceu. Caso outra emissora não compre os direitos, dificilmente será produzido um novo remake, deixando o triângulo amoroso que parou o país apenas na mente dos que viveram essa época.


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