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A parada de sucessos do "Globo de Ouro"

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Há 21 anos, a música deixava de ter um importante espaço na TV. Em 28 de dezembro de 1990 foi exibido o último "Globo de Ouro", atração que ficou 18 anos no ar e reunia grupos e cantores nacionais que estavam bombando nas rádios.

Quem está na faixa dos 30 anos provavelmente lembra mais de Isabela Garcia e César Filho anunciando os cantores, enquanto esperava para ver em seguida os episódios de "Armação Ilimitada" (caso do autor dessa coluna). Mas a estreia aconteceu em dezembro de 1972, ao vivo, batizada como "Globo de Ouro – A Super Parada Mensal", com a proposta de reunir as dez músicas mais tocadas nas estações de rádio.

As edições seguintes, gravadas, foram exibidas às quartas-feiras, às 21h. Nos primeiros anos, vários cantores se revezaram na apresentação, como Vanusa , Antonio Marcos, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso e Odair José. Em 1976, a atração, ainda mensal, passou a ser gravada no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro – mesmo local que por muitos anos abrigou o "Domingão do Faustão" – e exibida às sextas-feiras, às 21h (sim, horário em que hoje a novela das 20h está prestes a começar), ganhando auditório.

A solução encontrada para o público não ficar com a sensação de assistir sempre à mesma coisa ao ouvir as músicas que passavam meses entre as mais pedidas foi mudar o arranjo delas. Com a saída de Silvio Santos da emissora, o "Globo de Ouro" passou a ser semanal, aos domingos, por um ano.

Vários atores assumiram o comando do programa a partir de 1977: Tony Ramos e Christiane Torloni; Dennis Carvalho e Myrian Rios (1981); Nadia Lippy e Kadu Moliterno (1981, no quadro "Geração 80"); Myrian Rios e Lauro Corona (1986); César Filho fez par com Isabela Garcia (1987), Cláudia Abreu (1987) e Cláudia Raia (1989); Isabela Garcia com Guilherme Fontes e Jimmy Raw (1989); e Adriana Esteves e Jimmy Raw (1990).

O cenário, antes um palco, foi transformado em arena, cercada de arquibancadas. É legal garimpar no Youtube para ver as mudanças de cenário e de estrutura ao longo do tempo. Praticamente todos os grandes nomes da música brasileira nesse período passaram por lá, inclusive Roberto Carlos e Tom Jobim.

Depois de alguns períodos como mensal ou semanal aos domingos, no início de 1989 passou a ser apresentado nas noites de quarta-feira, e durante o ano o quadro "Saudade Não Tem Idade" voltou a fazer parte da atração. Assim como aconteceu com o "Você Decide", extinto em 2000, a troca constante dos dias de exibição pode ter contribuído para seu fim.

O programa de despedida foi comandado por Jimmy Hall e Adriana Esteves, e contou com nada menos que 18 apresentações musicais. Sidney Magal incendiou a plateia cantando "Me Chama que eu Vou", hit de abertura da novela "Rainha da Sucata". Pelo palco também passaram Djavan, soltando a voz com "Oceano", Emilio Santiago, Sandra de Sá interpretando "Quem é Você", Wando, Fafá de Belém, Leo Jaime, Paralamas do Sucesso e Engenheiros do Havaí, além de José Augusto cantando "Aguenta Coração", tema de "Barriga de Aluguel" (que ganhou reprise no Canal Viva). Roupa Nova, Chitãozinho e Xororó, Elba Ramalho, Fernanda Abreu e Beto Barbosa também fecharam a era histórica em grande estilo.

De acordo com a Globo, o programa foi vendido para vários países da América Latina, além dos Estados Unidos. Com o fim do "Globo de Ouro", quem ainda se propunha a uma linha de "paradão" nos anos 90 eram os finados "Viva a Noite", Sabadão Sertanejo", no SBT, o "Ligação", da CNT/Gazeta e o "Xuxa Hits", que mais tarde virou "Planeta Xuxa", na Globo. Atualmente até nos programas de auditório é raro ver cantores e, quando há, são sempre os mesmos. Uma pena para a diversidade da música nacional, que já teve sua era "de ouro".


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