Ela e Nathalia Timberg formam o principal alvo dos opositores à Babilônia.
Com mais de 60 anos de carreira e considerada por muitos a primeira atriz do Brasil, Fernanda Montenegro está, há mais de uma semana, no olho do furacão. Ao seu lado, Nathália Timberg, igualmente admirada e respeitada por décadas de serviços prestados à cultura brasileira, com quem forma um casal em Babilônia. Teresa e Estela, vividas pelas atrizes de 85 anos, foram o alvo de uma carta pública de repúdio à trama. Em texto assinado pelo deputado João Campos, a Frente Parlamentar Evangélica acusa Babilônia de apresentar “de forma impositiva, para quase toda a sociedade brasileira, o modismo denominado por eles de ‘outra forma de amar’, contrariando nossos costumes, usos e tradições”. Em entrevista à jornalista Patrícia Vilalba (Veja), Fernanda disse que a campanha contra a novela a surpreendeu: "Tudo está muito extremado, e as coisas estão se radicalizando de uma forma muito desesperada. A reação ao beijo é moral, e a cena é julgada com a verdade divina, absoluta.". A atriz comparou o boicote às perseguições praticadas entre os séculos XV e XVII, especialmente em países como Espanha, Fança e Portugal. "Não pertenço aos exércitos que estão se formando por aí. Não precisamos desses exércitos. É uma caça às bruxas o que estão propondo, de todos os lados."
Sobre o tão comentado beijo exibido no primeiro capítulo e repetido no terceiro, Fernanda comentou: "O beijo que está dando essa confusão toda é um beijo casto, amoroso, sem desafio erótico ou didática. É uma demonstração de carinho. Por isso, digo que não tenho capacidade de analisar esse momento. Percebo que temos problemas muito mais graves. O país está enfrentando uma crise bastante vívida e sentida, e tem gente disposta a se voltar contra o beijo de duas atrizes de quase cem anos de idade dado dentro de uma relação sacramentada pela vida afora.". A atriz comentou, ainda, a possibilidade de alterações no roteiro a fim de recuperar os pontos de audiência. "Se não tivessem me chamado e eu lesse esse roteiro, eu teria me oferecido. De qualquer forma, mesmo que a novela mudasse, uma coisa é irreversível: o que foi apresentado até aqui já faz parte da história e da cultura e dos movimentos políticos do país."