Ela vinha interpretando apenas personagens transgêneros.
No Dia da Visibilidade Trans, Maria Clara Spinelli anunciou sua aposentadoria da atuação, deixando seus fãs surpresos. Aos 49 anos, ela fez história ao se tornar a primeira mulher trans a protagonizar uma novela da Globo, interpretando Renée no remake de Elas por Elas (2023). No entanto, revelou frustração com a falta de oportunidades.
"Por que me chamariam para um papel que não estivesse ligado à minha experiência transgénero? Há tantas outras atrizes e mulheres que podem assumir esses papéis. Eu, não. Por isso, minha carreira acaba aqui", desabafou em seu Instagram nesta quarta-feira (29).
A atriz expressou sua dor e cansaço: "Hoje, aposenta-se uma atriz trans. Hoje, morre uma mulher trans. Sempre vivi para agradar os outros, mas isso me violenta, e eu não quero mais. Ser desprezada é pior do que ser odiada. Continuarei a escrever... até o fim." Assinando a mensagem como Maria Rodrigues, levantou a hipótese de estar abandonando apenas o nome artístico, buscando se libertar do rótulo de "atriz trans".
Natural de Assis, interior de São Paulo, Maria Clara iniciou sua carreira em 2002 e, no ano seguinte, recebeu o prêmio de atriz revelação pelo monólogo O Ser Gritante. No cinema, estreou em Quanto Dura o Amor? (2009), dirigido por Roberto Moreira. Na TV, apareceu em Salve Jorge (2012), interpretando uma das mulheres traficadas para a Turquia ao lado de Morena (Nanda Costa).
Seu talento chamou a atenção de Gloria Perez, que a escalou para A Força do Querer (2017) em um papel raro para atrizes trans: Mira, uma personagem cisgênera, amiga da vilã Irene (Débora Falabella). Em 2023, ganhou protagonismo ao lado de Deborah Secco, Isabel Teixeira, Thalita Carauta, Mariana Santos, Késia e Karine Teles no remake de Elas por Elas.