O Planeta TV

Entrevista exclusiva com Carlos Lombardi, o autor de "Pecado Mortal"

"Buscamos o Ibope de uma maneira saudável, sem obsessão", avisa o dramaturgo.

Por: Jeferson Cardoso

Carlos Lombardi é paulistano e um dos mais famosos escritores de novela do Brasil. Sua estreia na Globo aconteceu em 1981, colaborando com Silvio de Abreu e Cassiano Gabus Mendes. Dois anos depois já assinava sua primeira novela solo, "Vereda Tropical", bastante elogiada pela crítica.

Lombardi é conhecido por textos ágeis e divertidos e já mostrou seu estilo em folhetins como "Bebê a Bordo", "Uga Uga", "Kubanacan", entre outros. Além disso, é apaixonado por histórias em quadrinhos e futebol. Após 31 anos na TV Globo, o autor agora prepara sua estreia na Rede Record com a novela "Pecado Mortal", que estreia no próximo dia 25/09, na faixa das 22h30.

No bate-papo com o Portal O Planeta TV!, Lombardi fala sobre o seu estilo irreverente; a escalação de Simone Spaloadore; e a expectativa por sua estreia na nova emissora. Confira a entrevista.

 - Nos últimos anos, ainda na Globo, você tentou emplacar uma minissérie e uma novela às 19h. Por que acha que esses projetos não vingaram?

Carlos Lombardi – Não sei. Eu invento, são outros que aprovam ou não.

 - A recusa desses trabalhos motivou a sua saída da emissora? A sua mudança para a Record foi amigável?

Carlos Lombardi – Meu foco não foi sair da Globo, foi ir para a Record porque recebi uma proposta clara de trabalho, com data para ir ao ar, etc. E foi uma proposta para fazer algo para as 22 horas, coisa que me interessava faz tempo. Não via sentido em me repetir. Para fazer uma novela das 19, mais uma comédia romântica, só poderia ser com uma história “diferente” como João ao Cubo, que envolvia viagem no tempo. Gosto muito do projeto. Mas pra repetir fórmula, seria chato. Ao mesmo tempo, tinha vontade de experimentar um registro mais dramático, mais sério. A Record me ofereceu essa oportunidade.

 - Sua estreia na Globo, aconteceu em 1981, colaborando com Silvio de Abreu em "Jogo da Vida". No ano seguinte, trabalhou com Cassiano Gabus Mendes em "Elas por Elas". A partir daí seguiu carreira solo, consagrando-se no horário das 19h, onde escreveu clássicos como "Bebê a Bordo", "Quatro por Quatro", "Uga Uga", "Kubanacan", entre outros.  Comente sobre essas parcerias - no começo de sua carreira - com esses autores consagrados.

Carlos Lombardi – Foram minha formatura como autor. Com Silvio aprendi muito de carpintaria, de estruturação de um roteiro. Com Cassiano, aprendi a não ter medo de ousar no diálogo, de não ter medo das ideias mais ousadas. Ambos são (Silvio é, Cassiano infelizmente nos deixou) ótimos autores e foram muito generosos comigo.

 - Para Maria Adelaide Amaral e Tato Gabus Mendes, você é o sucessor de Cassiano Gabus Mendes, já que o seu estilo irreverente é o que mais se aproxima com o dele. Concorda?

Carlos Lombardi – É uma frase muito lisonjeira. Agradeço mas dizer que me acho o sucessor de Cassiano seria um pouco pretensioso na minha boca.

 - Como foi para você pegar pela metade a autoria das novelas "Coração de Estudante" e "Bang Bang"? É complicado mudar a estrutura de uma história já encaminhada?

Carlos Lombardi – Foram dois trabalhos de conserto, funilaria. Mas foram muito diferentes. Eu achava Coração de Estudante uma sinopse muito boa que estava com um erro de tom – a novela deveria ser mais leve do que estava sendo contada na TV. Havia um tom que não combinava com a leveza da armação e da própria escalação do elenco, cheio de gente que sabia fazer comédia. Quando entrei, trabalhei com o autor Emanoel Jacobina na mudança do tom, num destaque maior para a comédia e também numa reorganização dos triângulos amorosos. Foi um trabalho muito gostoso. Entrei, me metí, saí. A novela levantou e Emanoel a conduziu muito bem até o final.

Bang Bang, para mim, foi um engano. Seria uma ótima sitcom, tinha grandes personagens, a produção era muito bonita. Mas trazia equívocos como nomes de personagens difíceis de se lembrar (quem sabia falar Bullock?). E a sinopse de novela mesmo acabou no capítulo 10: se Ben Silver veio se vingar de Bullock, teve-o na mira de sua arma mas não atirou, a novela acabou. E ficou sem trama no ar, sem expectativa. Ao mesmo tempo, parece-me (não tive contacto com ele na época) que Mario Prata se afastou logo após a estreia por questões de saúde. Assumi a novela com a responsabilidade de organiza-la e estancar a queda de audiência, que era grande. Não era difícil de se imaginar que Prova de Amor, novela de Tiago Santiago, na Record, ia ultrapassa-la se a curva de audiência de ambas as novelas continuasse como estava. Fiz essa parte, a novela parou de cair e começou a subir – nada espetacular, diga-se de passagem, mas o suficiente para manter o primeiro lugar e para seguir para quase 180 capítulos. Foi um trabalho dos mais difíceis e pesados da minha vida mas me divertí com ele. A única coisa que me incomoda é jornalista colocando Bang Bang na lista de minhas novelas – não era minha nem nunca foi. Fiz um trabalho de bombeiro com trama e personagens que não eram meus, sempre associando a novela a fracasso. Minha parte era fazer a audiência parar de cair. Fiz isso e até conseguí que ela subisse. Acabou dando 35 pontos no último capítulo – para quem girava em torno do 20, foi muito bom. Não me incomodo que apontem meus fracassos, mas os meus mesmo.

 - Para você, nos 31 anos de trabalhos prestados à TV Globo, qual a melhor novela e personagem que escreveu?

Carlos Lombardi – Não consigo escolher. Como diria uma mãe italiana, são todos meus filhos. Um de meus favoritos é o Arthur Fortuna de Pé na Jaca, feito  pelo Murilo Benício. Outra favorita é a Dona Lola de Adriana Esteves em Kubanacan. E a personagem da Nair Bello em Perigosas Peruas. E a Bibi e a Babalú (Betty Lago e Letícia Spliller) em Quatro por Quatro. O Baldochi de Humberto Martins e Maria João de Viviane Pasmanter em Uga-Uga. E o Luca de Mário Gomes em Vereda Tropical.  O Tonico de Tony Ramos mais os irmãos Rico e Rei (Guilherme Leme e Guilherme Fontes) em Bebe a Bordo.  E o Fidel de Marelo Novaes de Vira-lata. E o D Pedro de Pasquim e a Marquesa dos Santos de Luana Piovani em O Quinto dos Infernos. E aí lembrei da Rubi de Carolina Ferraz e a Manoela de Danni Winnitts em Kubanacan – e se ficar pensando vão aparecer muitos mais. Foram personagens que construí direito e que resultaram em grandes parcerias com ótimos atores.

 - Teve alguma novela que não se sentiu satisfeito, e se pudesse reescreveria de novo ou apagava de seu currículo? E por quê?

Carlos Lombardi – Apagar do meu currículo, nenhuma das minhas. Vira-lata começou mal, não deu certo. Deu um trabalhão consertar, inverti muita coisa pra audiência subir. Mas lembro de bons personagens e boas cenas. Remake gostaria de fazer do meu trabalho na Tupi (com Edy Lima e Ney Marcondes), Como Salvar Meu Casamento. Agora com 55 anos tenho mais vivência e compreensão do que é o casamento – são 23 anos com a Cris, 2 filhos, tudo isso ensina. Gostaria de pegar os mesmos personagens, o mesmo tema mas reconstruir a história. Que aliás acabou no ar no capítulo 178, sem final, porque a Tupi acabou.

Lombardi conhecendo os estúdios do RecNov. Foto: Divulgação

 – Agora vamos falar sobre o seu novo trabalho. Como surgiu a ideia da sinopse de "Pecado Mortal"?

Carlos Lombardi – Vendo o noticiário  sobre as UPPs, vi a tentativa da sociedade organizada em ganhar de volta territórios que eram dominados pelo crime, enclaves do Rio de Janeiro em que o poder público praticamente não tinha voz, como se fossem repúblicas independentes e não território brasileiro. Aí fiquei curioso de saber como esse processo começou no passado, a criação dessas “repúblicas independentes”. Descobri que isso se iniciou com o jogo do bicho mas se cristalizou quando os bicheiros tradicionais perderam a guerra para bicheiros mais modernos – e alguns que nem do jogo do bicho tratavam. Quando o tráfico começou a minar o poder dos bicheiros e a paulatinamente dominar boa parte dos morros. É mais ou menos essa história que vou contar – mas não é telecurso. Tudo isso é o pano de fundo ou o esqueleto que sustenta uma história de briga entre duas famílias de bicheiros rivais, dos promotores e policiais (que lutam contra ou se submetem ao crime), dos trabalhadores menores dessa cadeia produtiva e da Copacabana By Night, o playground desses poderosos. Os personagens se relacionam, de um jeito ou de outro, com esse conflito mesmo vivendo em lugares tão díspares como um morro do Catete, Niterói, o subúrbio de Marechal Hermes, a Ipanema glamorosa, a Copacabana que a todos engana.

 - Por que "Pecado Mortal"?

Carlos Lombardi – Porque o primeiro título, Vida Bandida, tinha dono e era inegociável.  E porque a novela começa com um prólogo – pouco mais de 15 minutos – passado em 1941 onde há 2 mortes e 1 nascimento. E onde são cometidos 2 pecados que definem a vida da próxima geração, que eu retrato em 77, já a partir do primeiro capítulo.

 - "Pecado Mortal" vai explorar o universo particular das favelas e abordar o uso de drogas. Quais os outros temas que serão mostrados na novela? Conte um pouco sobre as tramas paralelas, que muitas vezes se sobressaem.  

Carlos Lombardi – Ela começa com duas tramas – o conflito dos bicheiros e a acusação contra Carlão que vira a vida de Patrícia de cabeça pra baixo – que aparentemente só se tocam através da delegacia que é cenário fixo, já que os tiras se envolvem nas duas histórias.  E há uma terceira trama que envolve os Veneto, os bicheiros italianos, mas pelo viés do melodrama tradicional – Stella, a verdadeira mãe dos 2 primeiros filhos de Michele, voltando praticamente do mundo dos mortos – acreditava-se que ela estava morta – para reivindicar seus direitos maternos. Seus filhos agora são homens adultos, um que vive com os Vêneto e outro que fugiu de casa há anos e que demora mais para entrar na novela. As três histórias se enroscam e viram uma só na altura do décimo capítulo. A partir daí, entra outro núcleo – ligado aos bicheiros – de Ilana e seus filhos (Bianca Bygton como Ilana, Juliana Didone como as gêmeas Leila e Maria Clara e um filho misterioso que não vou entregar por enquanto). Quando este já se integrou à trama central, entro com o núcleo de Marechal Hermes, de Anjo (Daniel del Sarto), sua mulher, suas filhas e seu vizinho esquisitão, o seu Jurandir (Fábio Villaverde).  Conforme eles enroscam mais, entra a Marcinha de Mel Lisboa. Estou tomando cuidado pra não apresentar todos ao mesmo tempo porque quero uma novela que faz pensar mas que também seja de fácil compreensão em termos de trama.

 - Betty Lago volta às novelas repetindo a parceria de longa data com você. Em "Pecado", a atriz - que já deu vida a várias personagens cômicas – interpretará Stella, uma mulher que cometeu um erro no passado e que terá uma carga dramática. Fale um pouco da parceria com a atriz, e desse personagem.

Carlos Lombardi – Betty a essa altura é da família. E eu sei que ela funciona tanto no registro cômico como no dramático. Stella vai ter os dois lados. Não gosto de trabalhar com um núcleo só cômico e outros só dramáticos. Há personagens mais e menos dramáticos na novela, mas todos passam pelo drama e pela comédia – em diferentes “porções”, digamos.  Stella não teve filhos roubados – ela os entregou porque teve medo de morrer. E sua avaliação não estava errada. Ela estava marcada para morrer. A culpa por ter entregue os filhos e o medo de Donana (Jussara Freire) a fizeram ficar longe do Rio, montar uma vida em São Paulo – por onde foi da prostituição à classe média alta. Casou, teve um filho. Ela tentou bloquear as lembranças da sua vida que poderia ter sido e não foi – e dos dois filhos. Quando seu filho  de São Paulo contrai leucemia e morre, o vazio é tão grande, a dor tão intensa que ela percebe que precisa vencer o medo e voltar ao Rio, que praticamente o que lhe resta são os dois filhos que não criou.

 - Quando se fala da evolução da teledramaturgia brasileira é quase uma obrigação citar os vilões, que vêm se destacando. O que o público pode esperar deles em "Pecado Mortal"?

Carlos Lombardi – Acho que há dois estilos de novela. Um deles tem ocupado mais espaço mas não acho que seja nada misterioso nem mudança de gosto. É uma questão dos autores que estão mais tempo no ar. Há a novela de vilão – aquela novela que o vilão é quem cria a ação e os protagonistas reagem a ela.  É o gênero de Gilberto Braga, Silvio de Abreu, João Emanuel. E há a novela de protagonista, em que mocinhos ou mocinhas é quem impulsionam a ação: Manoel Carlos, Benedito Rui Barbosa, Glória Perez, Geraldo Vietri.

Nos 2 tipos há mocinhos e há vilões mas o “ativismo” é maior num campo em alguns autores e em outro nos outros.  Estou tentando usar um pouco de cada. Mantenho protagonistas fortes, com objetivos e temperamentos (Carlão, Patrícia, Laura) mas também tenho uma galeria de monstrinhos bem interessante (Donana, Dorotéia, Picasso).  E, como sempre nos meus trabalhos, alguns que trafegam entre os dois opostos, que têm lados de heróis e lados de vilões – os líberos, como chamo com minha equipe, roubando o termo do futebol. 

Meus vilões são diferentes entre si – Donana é uma máquina de armar e calcular, uma jogadora de xadrez – Dorotéia tem uma arrogância que as vezes denuncia demais o que ela arma – Picasso é um narcisista desonesto que vende a alma por dinheiro. Mas eles também têm camadas: tanto Donana como Dorotéia, com o tempo, vão revelar que são capazes de amar, mesmo que esse amor não seja muito saudável. E Picasso tem fantasmas, uma criança assustada lá dentro dele.

 - As últimas novelas da Record apostaram no humor e não tiveram o retorno (de audiência) esperado. "Pecado Mortal" é considerada por você como "um melodrama de ação". Isso significa que a comédia terá pouco destaque?

Carlos Lombardi – Minhas novelas receberam rótulo de comédias mas sempre misturaram comédia, drama, ação e romance. Não fosse assim, não seria lembrado como autor de casais marcantes como Luca e Silvana, Raí e Babalú, Lance e Maria, Baldochi e Maria João e a lista é grande. Todo mundo lembra da comédia de Quatro por Quatro mas uma história decisiva pra mantê-la por 233 (!) capítulos – acho que a segunda mais longa da Globo nos últimos 30 anos – era a disputa entre os dois pais, Humberto Martins e Marcos Paulo (o que gerou e o que criou) pela personagem de Tatiane Goulart. 

Pecado só muda o mix. Aumenta o melodrama, diminui a comédia – mas ambos existem. E continuam as mesmas doses de ação e romance. Como a novela é pras 22 horas,  as coisas são mais consequentes, ou seja, as consequências para os fatos são mais realistas.  Mas não vou jogar fora meu senso de humor muito menos minha ironia – ironia que serve bem a vilões como Dorotéia e Picasso.

- Suas novelas costumam explorar a sensualidade dos personagens masculinos, e pelas chamadas "Pecado Mortal" essa característica será mantida.  A exibição na faixa das 22h30, certamente, permitirá uma abordagem mais ousada. A direção da Record, comandada por Bispos, impõe limites quanto às cenas de sexo?

Carlos Lombardi – Mais ou menos os mesmos da Globo. Toda emissora tem suas normas e não me pareceram muito diferentes.  A diferença está no horário – mas é tv aberta e não seriado da HBO. Há limites fáceis de intuir. E outra diferença é que exatamente pelo horário, agora também vou ter as descamisadas – as meninas da boate de strip de Copacabana. Agora ficou mais democrático.

Mas não vou abdicar de algo que quase todos os autores hoje em dia usam.  Não acho que minha novela tenha mais sexo que em outras. Só acho que o sexo nas minhas é mais próximo da luz, é mais feliz e faz bem na maior parte das vezes, em vez de vir sempre carregado de culpa.

Os descamisados de Pecado Mortal. Foto: Divulgação

 - O elenco de "Pecado Mortal" é composto por aproximadamente 50 atores, alguns deles recém contratados pela Record. Como foi o processo de escalação? Conseguiu todos os nomes que queria?

Carlos Lombardi – Claro que não consegui todos – mas todos que entraram foram aprovados por mim, por Avancini e pela direção da casa.  Há gente que não pode por outros compromissos, houve quem não acertou salário. Mas insisto: 85 por cento do elenco foi procurado – e achado – no banco de atores da Record que é muito bom – e onde estão hoje vários com quem trabalhei e alguns com quem aguardava há muito a chance de trabalhar. Trouxe pouca gente e nada bombástico, pessoas que estavam com vínculos terminando ou sem vínculos com a Globo, fora alguns lançamentos – coisa que sempre foi minha marca.  Estou muito satisfeito com o elenco que conseguimos montar.

 – Sabemos que em muitas novelas há excesso de personagens, e por conta disto acaba que alguns atores ficam sem seu devido destaque.  Em "Quatro por Quatro" e "Uga Uga”, você já teve problemas quanto a isso, e alguns artistas acabaram pedindo para serem dispensados. O que você faz para evitar que o personagem caia no esquecimento?

Carlos Lombardi – Não depende só de mim. Mesmo em novelas muito bem sucedidas como as citadas há núcleos que não funcionam – talvez porque não soube escreve-los, talvez por erros de escalação, as vezes por falta de química entre bons atores.  Não tenho como prever isso e sei que acontece. Estou com um elenco de 50, exatamente a metade de alguns elencos comentados no passado recente. Mas sei que pode haver um caso ou outro de personagem que não desabroche. Ao mesmo tempo que admito que as vezes a coisa acontece e eu posso ser parcialmente responsável, não se pode esquecer que atores, como todos os seres humanos, querem brilhar – e alguns querem mais do que o recomendado. Não posso garantir felicidade universal...

 - Inicialmente, a protagonista, a promotora Patrícia, seria interpretada por Bianca Rinaldi, que acabou deixando o casting da Record. Como chegaram ao nome de Simone Spoladore?

Carlos Lombardi – Procurando entre as atrizes do elenco da casa. Simone já tinha sido chamada para fazer a novela em outro papel. Ela estava previsivelmente cansada depois de emendar 3 trabalhos, ficou de fora. Quando ficou vago o papel de Patrícia, a procuramos, ela topou. Final feliz.

Simone Spoladore e Fernando Pavão em cenas calientes de Pecado Mortal

 - Como está sendo a escolha da trilha sonora da novela? Pode adiantar alguns temas musicais?

Carlos Lombardi – Não porque está tudo em meio de negociação. Sei que garantidos temos as músicas que já estamos usando na chamada de elenco feminino (Dona Summer, Bad Girls) e na chamada de elenco masculino (Village People, Macho Man). Temos mais algumas mas gostaria de fazer algumas surpresas.

 - A contenção de gastos imposta pela direção da Record alterou o cronograma de gravação ou a sinopse de "Pecado Mortal"?

Carlos Lombardi – Muito pouco. Claro que mexemos em algumas coisas mas nada dramático. Sempre dependi de orçamentos que não são meus,  afinal, o dinheiro, tanto na Record como na Globo, é deles, não meu.

 - Quando assinou com a Record, você impôs que Alexandre Avancini fosse o diretor geral de sua novela. Essa parceria era um desejo antigo?

Carlos Lombardi – Não impús, pedí com gosto, digamos. Sim, trabalhei muito com Avec e estava com saudade – tanto dele quanto do Alexandre Boury,  presente na equipe de direção, e do PH, meu antigo editor na Globo e que foi pra Record há alguns anos.

 - Nos últimos anos, as novelas vêm apresentando queda em seus índices de audiência. Como você avalia essa fase? Acredita que o público está mais exigente ou o surgimento de novas mídias justifica os números?

Carlos Lombardi – A resposta é uma só: tv a cabo. Trocentos canais. As novas tecnologias.  Acredito que a médio prazo, inclusive, as redes de tv aos poucos vão deixar de existir. Toda a programação vai estar num cardápio, cada um vê o que quer e quando quer.

 - As duas últimas novelas produzidas pela Record registraram baixos índices de audiência, algo em torno de 6 e 7 pontos. Existe alguma meta ou expectativa para "Pecado Mortal"?

Carlos Lombardi – A médio prazo, estamos trabalhando para recuperar um patamar que a Record já teve há poucos anos (11 pontos duas novelas seguidas, Ribeirão do Tempo e Vidas em Jogo). Mas esse é um trabalho paulatino, um ponto por vez. E não tenho garantias que funcione. Depende muito do que estiver no ar na concorrência, se chove ou se faz calor – mais gente ou menos aparelhos ligados. Vamos estrear na primavera e atravessar o período horríbilis para a audiência de dezembro (Natal, réveillon) e janeiro. Mas buscamos o Ibope de uma maneira saudável, sem obsessão. O importante é fazer uma boa novela.

 - Até que ponto a audiência pode influenciar nos rumos de sua novela?

Carlos Lombardi – Tv aberta vive de audiência. É claro que sempre fazemos ajustes buscando mais audiência. 

Lombardi descontraído no escritório de sua casa. Foto: Divulgação

 - Com quantos capítulos escritos pretende estrear a novela? Trabalhar com muitas frentes sem saber a aceitação do público não preocupa? 

Carlos Lombardi – Sempre trabalhei com uma média de 12 capítulos nos últimos 15 anos. Desta vez vou começar com um mês de diferença entre o que escrevo e o que vai para o ar – o que é o dobro do meu habitual. Mas preciso fazer isso para dar tempo à pré-produção. Me preocupa essa distância maior entre a resposta do público e a minha resposta pra eles, claro, mas por enquanto é o jeito.

 - "Pecado Mortal" tem previsão de quantos capítulos? Está preparado para um possível prorrogação? 

Carlos Lombardi – Está prevista para 150 capítulos. Prorrogar é fácil ou difícil dependendo da aceitação do público. Mas sei que a Record já tem a próxima novela escolhida e em desenvolvimento, dificilmente teremos eu esticar.

 - Como é sua rotina quando está escrevendo uma novela?

Carlos Lombardi – Acordo, escrevo, escrevo, escrevo, fico culpado por falar pouco com meus filhos e com a Cris, chegou a hora de dormir. Adoraria ter expediente mas não consigo. Não acho fácil escrever capítulos, toma todo o tempo do mundo.

 - Como é a divisão do trabalho entre você e seus colaboradores (Emílio Boechat e Nélio Abbade) em relação às escaletas e cenas?

Carlos Lombardi – A gente se reúne pra inventar plots, discutir rumos, fazer um rascunho. As vezes eles desenvolvem a ata da reunião, as vezes desenvolvem alguma trama específica. Depois disso, distribuo as cenas que eles fazem e as que ficam comigo. Me devolvem, eu faço o copy desk.

 - Nesses primeiros meses de trabalho já deu para perceber qual a principal diferença de escrever para Globo e para a Record?

Carlos Lombardi – A diferença é que a Globo tem zil equipes porque coloca no ar zil produtos. Quando há uma emergência, você realoca equipes, equipamento aumentando as frentes. A Record é menor, por isso não tem esses extras para emergências. Temos que lidar com elas com a equipe fixa.  Por isso a frente um pouco maior que o habitual.  Isto é apenas meu diagnóstico e não reclamo. Não brigo com o mundo real, tento me adaptar a ele.

 - Em resumo, o que o público pode esperar de "Pecado Mortal"?

Carlos Lombardi -  Uma novela feita com muita vontade e que, espero, tenha o ritmo e a rapidez que quero imprimir nela. O pecado mais mortal escrevendo uma novela é fazer uma novela chata.

"Pecado Mortal" estreia na quarta-feira, dia 25/09, após a minissérie "José do Egito". Na Record!


Deixe o seu comentário