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"O ASTRO"

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

"O Astro" trará de volta a pergunta: "Quem matou Salomão Hayala?"

No segundo semestre, quem não havia nascido ou era muito pequeno nos anos 70 terá a chance de ver a versão atualizada de uma das novelas que parou o país. “O Astro”, de Janete Clair, exibida entre 1977 e 1978 às 20h em 186 capítulos, vai ganhar um remake com 60, em formato de macrossérie e horário de exibição mais tardio.

Acho boa e ruim essa tática de readaptar sucessos. Se a prática se tornar comum, teremos uma indústria de remakes, ao invés da criação de histórias marcantes. O bom de trazer de volta uma novela de sucesso nesse formato é preservar a história original, sem ser necessária a adição de muitos personagens ou subtramas que fujam do que foi feito há mais de 30 anos. Misturar elementos de outras novelas deu certo na nova roupagem de “Ti-ti-ti”, mas graças à maestria de Maria Adelaide Amaral. Não é todo autor que consegue.

Como apenas os mais velhos lembram, vamos nos situar na história. “O Astro” narra a trajetória de Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco). Enganado pelo amigo Neco (Flávio Migliaccio), que some com o dinheiro arrecadado para a reforma da igreja, ele é humilhado em praça pública e foge da cidade de Guariba para o Rio de Janeiro, deixando a mulher, Doralice (Cleide Blota), e o filho Alan (Stepan Nercessian), com a promessa de buscá-los um dia. Doze anos mais tarde, Herculano trabalha fazendo previsões astrais em uma churrascaria e reconhece o ex-amigo traidor, aproximando-se disposto a se vingar.

Enquanto isso, Salomão Hayala (Dionísio Azevedo) quer que o filho Márcio (Tony Ramos), que rejeita a riqueza da família por se dizer enviado de São Francisco de Assis, assuma os negócios da família. O rapaz foge de casa e do hospício em que foi internado, conhecendo então Herculano. Lili (Elizabeth Savalla), cunhada de Neco e uma “moça trabalheira”, como se diz hoje em dia, torna-se a paixão de Márcio, contrariando os desejos de sua família, que quer vê-lo casado com Jose (primeira novela de Silvia Salgado).

No capítulo 42 da versão original, é anunciada a morte de Salomão Ayala. A contragosto, Márcio assume a direção das empresas, casa-se com Jose e Lili vai parar na cadeia por um tempo, mas não pelo assassinato. Com a morte de Jose, Márcio retorna aos braços de Lili.

Herculano vira o braço direito do amigo e aproveita para ganhar muito dinheiro em transações duvidosas. Samir (Rubens de Falco) descobre as falcatruas do passado e do presente e o vigarista foge para a América Central. No último capítulo, finalmente é anunciado o nome do misterioso assassino que parou o país em frente à TV: Felipe Cerqueira (Edwin Luisi), amante de Clô (Tereza Rachel), mulher de Salomão.

Tony Ramos e Elizabeth Savalla tiveram tanta química como Márcio e Lili que viveram outro par romântico anos depois, na novela “Pai Herói”, da mesma autora. Em uma cena de “O Astro” constantemente lembrada, seu personagem, renegando a fortuna da família, fica nu e anda pela rua.

Além dos nomes já citados, estavam no elenco Dina Sfat, Carlos Eduardo Dolabella e Eloísa Mafalda (que sofre de Alzheimer e infelizmente não faz mais novelas), dirigidos por Daniel Filho e Gonzaga Blota, que o substituiu a partir do capítulo 30. A trama voltou ao ar, sempre em forma reduzida, por duas vezes: em 1980, no “Festival 15 Anos”, e de fevereiro a abril de 1981, condensada às 22h, em uma época em que novelas eram reprisadas à noite (algo impensável na Globo hoje em dia).

A macrossérie (ou mininovela, como quiserem chamar) será escrita por Alcides Nogueira, que já havia cuidado do remake de “Ciranda de Pedra” em 2008, e dirigida por Roberto Talma. Rodrigo Lombardi, se ganhar um texto melhor do que tinha em “Caminho das Índias), deve se sair bem como Herculano. Aguardemos!


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