"Não quero mais escrever novelas", confessa Aguinaldo Silva

Aguinaldo Silva vai voltar ao horário nobre em 2018 reeditando um estilo que fez sucesso em tramas como Tieta (1989) e A Indomada (1997): o realismo fantástico. "As novelas, de uns tempos para cá, têm sido muito realistas e não pode ser tanto", justificou o autor.

Em entrevista à jornalista Cristina Padiglione, Aguinaldo revelou detalhes de sua próxima novela, falou sobre José Mayer e afirmou: “Não quero mais escrever novelas, não me interessa mais”.

A trama

Além de uma “cidade mágica” inspirada em Delfim Moreira/MG, a próxima novela de Aguinaldo também será gravada em São Paulo, onde moram os personagens de Lília Cabral e Cauã Reymond. "Lília é dessa cidadezinha e fugiu de lá porque foi abandonada pelo noivo no altar, sem nenhuma explicação”, disse o autor, revelando que a trama vai começar no dia do casamento do filho (Cauã) de Valentina (Lília): “A empresa dela, a Valentina Vassalo Cosméticos, não vai bem e esse casamento será a salvação para ela”. Mas, assim como o noivo da mãe, o personagem de Cauã vai desistir do matrimônio em cima da hora - “As pessoas vão saber que essa história se repetiu por uma razão muito forte”, garantiu Aguinaldo.

Segundo o autor, o grande personagem de O Sétimo Guardião é um gato que provoca muitas situações, executando coisas impossíveis para um bicho: “O gato da minha novela abre as portas com extrema violência. Esse gato vai ter que ser todo digitalizado. O gato começa numa cidade a 400km de São Paulo, foge dessa cidade e, no mesmo dia, o protagonista da novela, o Cauã, pronto para atravessar a rua, no meio da Avenida Paulista, vê esse gato passando. Esse gato é o principal personagem da novela, é claro que em algum momento ele vai se transformar numa pessoa”.

Outro atrativo da novela será o retorno de Nazaré (Renata Sorrah). “Ela volta como outra pessoa e essa pessoa disse que fez uma série de intervenções cirúrgicas pra ficar com a cara da Nazaré, mas se é ela ou não, ninguém sabe”, despistou Aguinaldo.

Sílvio de Abreu (diretor de dramaturgia diária da Globo) pediu que Aguinaldo tenha 80 capítulos prontos antes da estreia – ele já preparou 12.

Substituto de Zé Mayer

Aguinaldo disse estar muito triste com toda a situação envolvendo José Mayer e a figurinista Su Tonani, revelando que ainda não escolheu o ator que vai substituí-lo na trama. “Sugeriram (Edson) Celulari, que eu acho muito novo, e (Antonio) Fagundes. Eu queria Humberto Martins, só que ele já está fazendo par com a Lília agora (em A Força do Querer). Na minha novela eles seriam inimigos, mas tem uma quedinha entre eles. Tem o Paulo Betti, mas eu gosto do Paulo Betti fazendo tipos. Com Téo Pereira (de Império) ele arrasou!”

Novelas versus seriados

Aguinaldo destacou o êxito de A Força do Querer, mas disse que enxerga o atual momento das telenovelas como uma “sobrevida”. “Acho que a gente ficou um pouquinho atrasado no que realmente interessa ao público atualmente, que são os seriados”, disse o autor, criticando a produção do gênero no Brasil: “A gente perdeu o bonde dos seriados, a gente ainda não aprendeu a fazer. Nós perdemos feio para essas séries estrangeiras, e perdemos mais na edição e no som, não conseguimos chegar naquele nível”. Mesmo afirmando que se diverte muito escrevendo novelas, Aguinaldo disparou: “Não quero mais escrever novelas, não me interessa mais, eu quero escrever seriados”.

Com direção artística de Rogério Gomes, O Sétimo Guardião tem estreia prevista para maio de 2018, substituindo O Outro Lado do Paraíso.