Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
Gostem ou não, a teledramaturgia é o principal produto da televisão brasileira. Apesar da importância que o jornalismo, os programas de auditório, o esporte e até mesmo os reality-shows tem para a TV, nada parece ser tão a nossa cara como a novela.
Porém é curioso notar que, atualmente, as três maiores emissoras de TV do país produzem folhetins de formas totalmente diferentes e com resultados também distintos.
No SBT, sempre houve aposta nas novelas brasileiras, apesar dos dramalhões mexicanos ainda terem mais repercussão e audiência que as produções nacionais. E a forma de se produzir esses projetos é a famosa obra fechada, em que praticamente tudo é gravado antes de ir ao ar.
Evidentemente é uma ótima maneira de reduzir custos, afinal gravando-se tudo de maneira antecipada, você finaliza o produto na metade do tempo, ou seja, economiza em todos os sentidos, desde contrato do elenco até a equipe envolvida no trabalho.
Porém acaba por ser um grande tiro no escuro. Não dá para alterar os rumos da trama no meio do caminho, caso índices de audiência ou grupos de discussão demonstrem insatisfação ou rejeição do telespectador.
Já Globo e Record seguem outro caminho, alterando suas tramas enquanto ainda estão no ar (obras abertas). Primeiramente é importante ressaltar que as novelas são as maiores audiências de ambos os canais. Na Globo, é o único produto que consegue atingir 50 pontos de Ibope. Na Record, é o único produto que se aproxima dos 20 de audiência. Ou seja, dentro dos limites de cada emissora, a novela é o seu principal programa.
A Record, desde que retornou seu investimento em dramaturgia nos anos 2000, aposta em tramas longas, que chegam a ficar mais de um ano no ar. A teoria usada é a de que essa extensa duração ajuda o folhetim a pagar seus próprios custos, coisa que não aconteceria com a realização de menos capítulos.
Já a Globo vem deixando de lado novelas de grande duração, e apostando em produções mais rápidas, que ficam um semestre ou um pouco mais no ar. É considerado o ideal pela maioria dos autores, que acreditam ser este o tempo necessário para o bom desenvolvimento do roteiro, sem a necessidade de se criar situações mirabolantes.
Independente da forma de produção, é inegável que a busca de novos caminhos sempre é necessária. Parece que finalmente o mercado brasileiro começa a entender qual é a importância de se pensar primeiramente em bons produtos, para depois discutir como torná-los viáveis economicamente.