O Planeta TV

Os Experientes prova que a TV precisa de emoção

Obra dirigida por Fernando Meirelles prova que há espaço para dramas sem pieguismos.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

Beatriz Segall em cena de Os Experientes (Foto: Reprodução/TV Globo)

É difícil falar sobre série em TV. A maioria segue algo em tendência (assassinatos em séries, vinganças, estudantes que decidem ou por alguma razão cantam), não estou fazendo uma crítica a qualquer produção que esteja no ar ou que de algum modo tenha essa premissa. Falo que quando se instala uma modinha, todas as produções seguem a tendência. Foi assim quando surgiu Crepúsculo e a moda dos seres sobrenaturais, The Vampire Diaries está ai para provar isso.

Fugindo dessa zona de conforto, fomos apresentados a série Os Experientes, produzida pela O2 Filmes para a Rede Globo. Gravada a mais de um ano, a obra é mais de que uma série é uma coletânea do que há de melhor na teledramaturgia nacional e que é até um pouco esquecida.

Com quatro histórias distintas, Os Experientes apresentado no horário ingrato, e difícil depois do Globo Repórter, trouxe o que a teledramaturgia nacional tem de melhor: boas histórias que podem seguir para o clichê, mas que foge exatamente disso. Quem ficou esperando ver velhinhos frágeis, indefesos e tolos se surpreendeu com as histórias apresentadas ao longo de quatro sextas-feiras. E o que Os Experientes tem a ver com a teledramaturgia nacional?

Além de ser um excelente produto, com ótima interpretação, finalização e direção; a obra nada mais lembra do que os tempos áureos das telenovelas com atuação de quem realmente é artista e não um simples ator de rostinho bonito. Estrelada por grandes atores/ atrizes da nossa TV, a série que poderia ser ambientada em qualquer lugar do mundo apostou em dramas de pessoas que já poderiam ter passado por tudo e estar acomodada em sua rotina, mas não, Os Experientes mostrou dramas típicos da idade e com isso emocionou o público. O mais interessante é retratar dramas de típicos de envelhecer que a maioria dos telespectadores medianos desconhecem. Com isso fica a dica: Quando escreverem personagens idosos dê vida de verdade a eles e não somente doenças (diga-me quantas novelas com idosos doentes ou que são vistos como coadjuvantes você viu recentemente?). Eles têm vida e quem assistiu obra saiu com outra idéia do que é envelhecer.

Os Experientes mostra que a TV precisa de história boas. Não precisam ser mirabolantes, mas precisam ser reais. Quem assistiu pode ter se surpreendido com o último episódio ao apresentar uma nova forma de amor na vida de Francisca (Selma Egrei). Tudo mostrado com sutileza e respeito. Os Experientes não é só uma série para divertir, é uma forma de dizer que boas histórias precisam de inovação, mas sem perder o principal: os elementos folhetinescos. Talvez não funcionasse no horário nobre, mas quem disse que não poderia ser mostrado com mais sutileza no horário das 21h. Tudo é jeito, e as vezes demora para se encontrar o modo ideal

A série de Fernando e Quico Meirelles apostou em história sem apelar para a complacência, muito menos para o pieguismo, provando que o importante é emocionar o telespectador com pequenas doses homeopáticas de realidade. É disso que precisamos e queremos: emoção. Quando a TV parar de seguir modas já estipuladas, tendências que não se aplicam a todo mundo e apostar na emoção, ai sim o publico voltará a assistir novelas ou outras obras: Sete Vidas é a prova disso. Mas isso é tema de outra critica. Por enquanto ficamos na expectativa de uma nova temporada de Os Experientes, mesmo que seja num horário tão ingrato, afinal nem todos entendem que arte e emoção caminham juntas.


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