Entenda a polêmica em torno da "black face".
A estreia do Show dos Famosos garantiu alta audiência para o Domingão do Faustão, mas a aprovação ao quadro não foi geral.
Ao aparecer caracterizada como Alcione, Fafá de Belém foi imediatamente acusada por internautas de praticar "black face". Rodrigo Faro e Joelma também foram alvos da mesma acusação nas redes sociais por se apresentarem vestidos de Michael Jackson no A Hora do Faro.
Origem da prática
A "black face" teria surgido na Commedia Dell'Arte (teatro popular nascido na Itália), no século 15. Chamada de "máscara do negro", a prática era adotada por artistas brancos que se apresentavam de forma caricata, fazendo piada com a cor de pele. "À medida que se repete de forma sistemática, fica uma dúvida no ar: foi mesmo inocente ou feito de forma jocosa, como era em sua origem?", questionou Douglas Belchior, fundador e professor do Movimento Uneafro-Brasil (União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora).
No caso do Show dos Famosos, a ideia é que cada participante homenageie um artista admirado por semana. Também na estreia, o ator Ícaro Silva apareceu caracterizado como a cantora Beyoncé. Na opinião do professor Belchior, esta opção de um ator negro interpretando outro negro seria a mais adequada: "Quando isso aparece fica a mensagem que não é problema fazer chacota com a cor de alguém. Se o objetivo é homenagear um artista negro, pelo menos, que seja por meio de alguém que efetivamente represente a etnia".
Alcione se manifesta
Hoje (25), Alcione resolveu apoiar Fafá em seu Instagram, elogiando, inclusive, a caracterização da colega. "Estou muito orgulhosa, porque você que não precisa mais provar nada para ninguém, fez um trabalho muito bonito, desde a maquiagem, figurino, até a performance musical. Você é uma artista. Obrigada por essa homenagem na abertura desse quadro que será um grande sucesso no Faustão. Parabéns!", escreveu a cantora.
Em entrevista ao UOL, o ator e ativista Sidney Santiago Kuanza reforçou o entendimento do movimento negro sobre o assunto: "Em pleno século 21, é preciso mais responsabilidade. Não cabe mais inocência. Há vários perigos nessa manifestação, com representações viciadas, mesmo que a intenção não tivesse esse fim. O 'black face' é historicamente uma ferramenta para ofender o negro."