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Vídeo: As primeiras cenas de Isabelle Drummond e Chay Suede em Novo Mundo

A novela das seis estreia no dia 22 de março.

por Redação, em 23/02/2017

Foto: Reprodução/Globo

Guiada pelo conceito de realismo e pelos métodos de construção do século XVIII, a equipe de cenografia de Novo Mundo vai fazer o público viajar pelo Rio de Janeiro do século XIX, período em que se passa a trama, de 1817 a 1822, antes da independência do Brasil, e que retrata a chegada da arquiduquesa Leopoldina ao país. Além disso, a Europa será representada com toda pompa da corte portuguesa, a presença dos ingleses e austríacos dentro dessa corte e os choques culturais que aconteceram a partir disso. O “novo mundo” que se abrirá para os personagens da trama se apresenta através das características históricas do Brasil colônia. “Será um Brasil com resquícios coloniais, centrado mais na capital, no Rio de Janeiro. Buscamos o tom da verdade, como realmente era. Estamos representando essa cidade que Dom João encontrou, onde se estabeleceu e começou a fazer mudanças para a transformação que encontramos depois do segundo império. Era uma cidade espremida entre o mar e a montanha, com construções escoradas umas nas outras. O viajante chegava à Baía de Guanabara e via aquele skyline, que, apesar de bagunçado, era lindo, porque a natureza prevalecia”, ressalta o cenógrafo Paulo Renato. 
 
Durante a pesquisa, Paulo estudou as gravuras de artistas da época, como o pintor Jean-Baptiste Debret, referência para outras áreas da novela, como fotografia e figurino. “Foi uma escolha conjunta, entendendo que o Debret retratou a maior parte dos costumes da época artisticamente. Outros gravuristas nos serviram como referência para algumas questões históricas, para definirmos a posição de alguns monumentos no espaço físico. Essa reconstituição histórica foi importante para guiar todo o trabalho”, conta Paulo. A equipe composta por dois cenógrafos, 16 assistentes, além dos analistas de projetos e profissionais da fábrica de cenários, também visitou o centro do Rio de Janeiro para ver de perto as edificações. Os profissionais puderam perceber a textura e ver as proporções para então começar a trabalhar no projeto. “Fizemos uma visita guiada que ‘abriu a cabeça’ de todo mundo. A gente em geral faz isso pra buscar referências, mas a equipe completa não costuma ir, e, desta vez, conseguimos levar um grupo de 20 pessoas. Eu já tinha feito o trabalho de pesquisa e fui direcionando o olhar deles para a necessidade que a gente tinha”, relata o cenógrafo.
 
Para o cenário da corte portuguesa, uma das referências foi o Palácio de Queluz, em Portugal. “Dizem que Dom João, assim que se apossou do prédio da Quinta da Boa Vista, deu para um arquiteto o Palácio de Queluz como referência. Então, buscamos fontes europeias para estabelecer essa corte. O exterior será filmado em uma das laterais do palácio, onde temos menos intervenções. Conseguimos retratar o que poderia ser mais próximo da ambientação do período em que a trama se passa e escolhemos estar no lugar onde os fatos ocorreram, como o jardim da Quinta da Boa Vista”, exemplifica Paulo. 


 
Na cidade cenográfica dos Estúdios Globo, foi reproduzida a Praça XV e seus principais elementos: o chafariz, o Arco do Teles e o Paço Real, hoje conhecido como Paço Imperial. A cidade tem uma área de quase 10 mil metros quadrados com 3,5 mil metros quadrados de área construída. O Paço Imperial  é o maior e mais alto prédio feito nos Estúdios Globo, reproduzindo o equivalente a 50% do tamanho real. Só essa construção tem 1,2 mil metros quadrados, sendo 43 metros lineares de fachada só na frente voltada para o largo do Paço, e mais de 14 metros de altura divididos em blocos de dois e três andares até a cumeeira do telhado, que representa como foi mantido o edifício hoje após o restauro. O Chafariz da Pirâmide, conhecido como Chafariz do Mestre Valentim, que adorna a Praça XV desde a segunda metade do século XVIII, foi reproduzido em um trabalho artístico, com técnica de escultura em isopor coberto por jateamento de massa. “No passado, o chafariz foi deslocado do centro da praça para a beira da água, onde ficava mais próximo dos navios e não atrapalhava as manobras militares. A função dele era o abastecimento, pois não existia porto no Rio. Os navios aportavam na Baía, desciam os botes e iam até a faixa do litoral, onde enchiam os tonéis de água no chafariz. A água vinha das nascentes da Floresta da Tijuca, atravessava a praça, por baixo, entre a igreja e o Convento do Carmo, também construídos na cidade”, conta Paulo. 
 
Na área da Praça XV também foi construído o mercado ao ar livre, onde desciam todos os barcos de pescadores. “A cidade é um organismo vivo. Os espaços existem porque têm uso. O comércio local e a maneira como era feito estarão presentes, com os armarinhos. As principais lojas ficavam nessa região, além das barracas de verduras, hortaliças, frutas, que vinham da Baía da Guanabara. Os produtos europeus chegavam e acabavam logo, pois iam para os estabelecimento onde eram vendidos para mascates para o interior do Brasil. O Rio era o grande polo de chegada dessas mercadorias”, ressalta o cenógrafo.  
 
Todo esse trabalho de ambientação demandou técnica e materiais específicos, sempre pensados a partir da escassez de recursos da época. Para o piso da cidade cenográfica, foram utilizadas pedras de mercado, similares a pedra de rio, conhecida como “pedra de mão”, com seixos arredondados. “Fizemos o calçamento e conseguimos um aspecto similar ao que encontramos em cidades históricas. Encontramos fotos de acervo do terreno da Praça XV antes dele ser coberto por asfalto e me baseei nesse material”, conta o cenógrafo. Nas construções, para ter paredes mais irregulares, foi resgatado o tijolo, que funciona como um suporte para a massa rústica, desenvolvida sempre pensando nas construções de maior precariedade: “Naquela época, não tinha argamassa nem estrutura armada, não tinha vigamento. Você unia os blocos como de barro ou de pedra com um óleo de baleia. Após a mistura com pedrisco, endurecia com o sol e formava a liga. As pessoas fazem restauros e encontram o método construtivo ainda hoje no centro da cidade. Como as colunas eram feitas de assentamento de pedra, as construções apresentavam uma proporção diferente e tinham três andares, no máximo. Essa proporção é o que mostramos no desenho da cidade cenográfica”. Já os telhados foram feitos com telha colonial e de demolição antigas para dar o aspecto e a dimensão. E em estúdio, serão construídos cenários para 20 núcleos diferentes, como o interior do Paço, a sacada de onde o rei acena para a população, escritório da maçonaria, cabines da nau, entre outros. 

Além dos cenários construídos nos Estúdios Globo, algumas cenas da novela estão sendo gravadas em locações pela cidade, como o emblemático baile de despedida da arquiduquesa Leopoldina (Letícia Colin), em Livorno, na Itália, na comemoração de seu casamento por procuração com Dom Pedro (Caio Castro) antes de embarcar ao Brasil, gravado no Palácio Itamaraty. Lá, um grande salão foi cenografado para reproduzir o luxuoso evento que marca o início da trama, onde as circunstâncias determinam o embarque imprevisto dos personagens Joaquim (Chay Suede) e Elvira (Ingrid Guimarães) em navios rumo ao Brasil. Para as cenas, foram instaladas enormes cortinas nos vãos do palácio, dois grandes lustres de cristal e quadros de pinturas nas saídas de ar-condicionado, que, na época, ainda não existiam. Na parte externa, ainda será possível ver muita neve. “Discutimos um conceito com a direção artística de ter neve neste momento para reforçar o contraste da história. Leopoldina vem para um calor tropical imenso partindo de um ambiente de frio total. Além disso, a neve dá respaldo ao figurino que a gente apresenta nesse início da novela, com roupas mais pesadas. A ideia é passar um ambiente gelado no momento da festa. Tivemos essa liberdade para interpretar o momento”, destacou Paulo. “Quando Dom João mandou o Marquês de Marialva como embaixador para fazer a festa, muniu ele de uma quantia astronômica para realmente impressionar e passar um bom cartão de visitas do trono português. Nesse baile, foram distribuídas barras de ouro para os convidados”, destaca Paulo. Para a festa, também foi instalado no salão do palácio um palco neoclássico de seis metros, onde Joaquim (Chay Suede) e Elvira (Ingrid Guimarães) apresentariam uma peça de commedia dell’arte, com vários afrescos na parede. As referências foram  do Palácio de Schönbrunn, na Áustria, em Viena, onde Leopoldina foi criada. “Entendi que dessa maneira a gente traria as cores, as paletas de uma vida que a Leopoldina tinha na Europa. Queremos mostrar esse momento de pompa, de glamour total. A partir daí, a gente inicia a novela no navio, que será a condução até a chegada à realidade brasileira, tropical”, conclui o cenógrafo. Também foram gravadas cenas no Jardim Botânico, na Ilha Fiscal, no Forte São José e na Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói. 

Confira as primeiras cenas de Isabelle Drummond e Chay Suede na trama da Globo:


 
Novo Mundo tem estreia prevista para março e é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção artística de Vinicius Coimbra.


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