Ator fala de seu personagem e a importância da morte de Samuel para a trama.
Uma coisa é certa: Stepan Nercessian deixará saudade e seu personagem também. A trajetória de Samuel – médico veterano e ex-diretor do Macedão – chegou ao fim no episódio de ‘Sob Pressão’ exibido na noite desta terça-feira, dia 4. A alegria, a simpatia e o profissionalismo, características do ator, já fazem falta nos bastidores da série, e os amigos de set são só elogios a ele. “O Stepan é um ídolo. Foi um deleite dividir cena e bastidor com ele e poder ouvir algumas de tantas histórias que ele tem pra contar, sempre com muito bom humor e carinho”, revela Marjorie Estiano. O ator Julio Andrade, que na série vive o Evandro, tem a mesma admiração por Stepan que seu personagem tem por Samuel. “As últimas cenas com ele foram muito emocionantes, e a saída do Stepan é uma dor real. É um amigo que vai fazer falta dentro deste projeto. Ele sempre nos trouxe alegria, boas conversas, boas histórias. É um parceiro para a minha vida, um paizão que eu arrumei para mim”, declara-se.
Mas, apesar da despedida do ator na série ser dolorosa, a morte do personagem é de extrema importância para a trama, que apresenta a corrupção como ponto central nesta temporada. Os últimos acontecimentos envolvendo Samuel e Renata (Fernanda Torres), atual diretora do hospital, mostra que a ganância e a corrupção são capazes de matar. Resta a Carolina (Marjorie Estiano), que acaba levando a culpa pela morte do amigo, provar que não se trata de um erro médico e sim de um assassinato. Ela é a única que poderá desmantelar o esquema instaurado por Renata em sua gestão, já que as melhorias e a modernização do hospital fazem com que todos, até mesmo Evandro (Julio Andrade), aprovem sua administração.
Segundo Lucas Paraizo, redator final da segunda temporada, na dramaturgia, o bom personagem tem que enfrentar um dilema para que, diante dele, revele o seu verdadeiro caráter. E a ideia com a Renata foi exatamente essa. “Tentamos mostrar como uma pessoa com caráter dúbio e duvidoso pode acabar sendo levada através da corrupção para um lugar pior. É diante do dilema de salvar ou não o Samuel que ela mostra do que é capaz”, define.
Stepan fará falta também para a direção, além de elenco e público. “Eu tive a honra de trabalhar com Stepan em diferentes projetos. Recentemente, em ‘Sob Pressão’ e ‘Chacrinha’. E sei o quanto ele leva alegria e sabedoria ao set, além de muito talento. Acredito que ele cumpriu de forma magistral seu papel na trama, mas, sem dúvida, a convivência com ele na série faz muita falta”, conta o diretor artístico Andrucha Waddington.
Com direção artística de Andrucha Waddington e direção de Andrucha e Mini Kerti, ‘Sob Pressão’ é uma coprodução da Globo com a Conspiração Filmes. A série conta com supervisão de texto de Jorge Furtado e redação final de Lucas Paraizo, que escreve os episódios com Antonio Prata, Marcio Alemão e André Sirangelo.
Como você define o Samuel na trama de ‘Sob Pressão’?
Samuel é um cara apaixonado pelo trabalho, desenvolveu um amor pelo hospital e se tornou um paizão para todos ali. É uma pessoa que ainda tem um pouco do idealismo, mas um idealismo mais cansado, se tornou mais cético no decorrer da vida profissional. Samuel já não tem grandes ilusões, então, ele transfere o entusiasmo para os mais novos, principalmente para o Evandro e Carolina.
Qual é a importância do personagem na série?
Ele acabou dando uma credibilidade dentro daquele hospital. Os médicos são idealistas e fazem coisas na emoção. Ele também é romântico, mas volta e meia tenta dar um pouco de serenidade, um pouco mais de tranquilidade, e isso é muito importante pra trama. Agora, nesta segunda temporada, ele fez um grande contraponto no que eles chamam de modernização, mas é confundido com corrupção. Samuel trabalhou naquele hospital sempre na adversidade, sem condições, sem conseguir verba, mas também sem se corromper. Sempre pressionado, claro, como na primeira temporada, em que ele acabou comprando um tomógrafo pelo dobro do preço, mas ou era aquilo ou ficavam sem tomógrafo. Na trama, ele retrata bem a dificuldade que as pessoas que trabalham numa posição semelhante à de Samuel e agora da Renata, personagem da Fernanda Torres, têm pra manter uma linha de honestidade. Eles sofrem uma pressão muito grande e esse é o contraponto entre os dois personagens – um se corrompe e o outro não.
Como foi sua saída da série? Você acredita que a morte do personagem vai ajudar na descoberta do esquema corrupto instaurado por Renata?
É com coração partido que eu me despeço de ‘Sob Pressão’. Primeiro, porque gostei muito de fazer parte dessa trama e, segundo, pela relação muito boa que a gente construiu ali. Temos uma amizade muito forte nos bastidores, criamos uma relação muito boa e o que acontece no bastidor reflete muito na tela: uma equipe unida. Na vida real não é diferente, também criamos um laço, nos tornarmos todos amigos – elenco, direção, equipe de produção, etc. Fico triste, é claro, mas se a saída dele contribuiu pra desmascarar tudo o que está acontecendo na gestão da Renata (Fernanda Torres), vale a pena. Ele é um personagem que deixará muita saudade. Nos bastidores, nós brincamos muito: Samuel precisa voltar como espírito, um fantasma (risos).
Como foi gravar as cenas no caixão?
Precisei ter a disciplina de um morto, ou seja: não fazer nada. Não pude nem respirar, fiquei lá quietinho. Minha única preocupação foi quando carregaram o caixão pra colocar no carro, se o fundo ia romper e eu cair – uma preocupação, aliás, que o morto não tem (risos).
Com informações da assessoria de imprensa da TV Globo.