Humberto Carrão e Fernanda Torres reforçam a série da Globo.
O cenário caótico e a falta de estrutura do Macedão, hospital público de ‘Sob Pressão’, sempre foram superados pelo desejo dos médicos em salvar vidas. Mas a partir da segunda temporada da série, que estreia em outubro, driblar as barreiras do sistema vai se tornar ainda mais difícil. O hospital público se torna alvo da ambição e oportunismo de Renata (Fernanda Torres), que chega à unidade para ocupar o cargo de Samuel (Stepan Nercessian), diretor do hospital, e traz consigo a promessa de transformar a emergência do Macedão em referência nacional.
É a partir da chegada da nova diretora que o esquema corrupto se enraíza de vez. Acostumada com o setor privado, Renata se depara com uma realidade diferente da qual está habituada e, a partir de tantas melhorias prometidas, ela cria esquemas em benefício próprio que podem ser fatais. Segundo Lucas Paraízo, que assina a redação final, Renata é o retrato de um gestor ambicioso. “Renata não se sente tão vilã, porque ela acha que a saúde pública precisa dar a ela o que a saúde privada também dava. Ela vem com um olhar de hospitais particulares, mas ali se trata de saúde pública e com uma realidade e um sistema que ela não sabe gerir. Ela começa, então, a usar meios obscuros para conseguir o que pretende”, conta Lucas.
Fernanda Torres concorda e afirma que Renata não entra no esquema acreditando que se trata de corrupção de fato. “Quando eu cheguei às primeiras leituras, havia a dúvida se ela era vilã ou não. Foi um trabalho interessante. Criamos um arco para ela: não ser uma vilã e sim uma pessoa com ambições no mundo da saúde, que tem uma vida muito bem sucedida como gestora de hospitais privados e é chamada para resolver a situação desse hospital – o Macedão. Só que a Secretaria de Saúde não tem dinheiro para pagar seu salário. É quando ela aceita entrar no esquema, para igualar o que ela ganhava no setor privado. Renata é uma pessoa que vai sendo enredada porque é ambiciosa e começa achando que não é tão grave e, uma hora, fica gravíssimo”, pontua Fernanda.
Sua chegada, inicialmente, causa espanto aos médicos e funcionários. Mas, aos poucos, ela vai conquistando a confiança de todos, inclusive a de Evandro (Julio Andrade). “No início, ele acredita que a Renata é apenas uma burocrata, que não entende o que é o dia a dia daquele lugar. Mas ela não é uma burocrata; é uma mulher que entende de gestão. A emergência do hospital é boa, mas precisa de melhorias. Renata, então, começa a aparelhar o hospital; inaugura um novo CTI, por exemplo. Então, tem uma hora em que eles começam a acreditar na função dela”, completa Fernanda.
Quem logo se rende ao esquema de Renata é o ortopedista Henrique (Humberto Carrão). Arrogante, ele enxerga a rede pública como um trampolim para o setor privado. Novo na equipe de médicos, não se conforma em ganhar pouco diante das condições precárias de trabalho no hospital. Segundo o autor, a trajetória de Henrique é muito importante na narrativa da corrupção. “É alguém que entra com muita ambição e se torna uma pessoa melhor quando se depara com a realidade da rede pública. Aos poucos, entende que a corrupção acaba com sua própria dignidade”, adianta Lucas.
Para Humberto Carrão, entender como funciona o sistema de saúde pública foi o primeiro passo. “Para dar vida ao ortopedista de ‘Sob Pressão’, eu parei para pensar quais são as diferenças de um profissional que trabalha na área privada para o que atua na área pública”, explica. Fazendo uma análise mais profunda do personagem, Humberto acredita que não foi somente a ganância que influenciou o envolvimento do médico nos esquemas de Renata. “Eu acho que o Henrique acaba cedendo aos esquemas por perceber que ali não tem tudo o que ele precisa. Mas não é só por isso, claro. Por uma questão ética e de caráter também. Pensando no Henrique, a temporada acaba sendo, de certa forma, uma curva de transformação, de percepção do personagem”, avalia.
Com direção artística de Andrucha Waddington e direção de Andrucha e Mini Kerti, a série ‘Sob Pressão’ é uma coprodução da Globo com a Conspiração Filmes. A segunda temporada tem supervisão de texto de Jorge Furtado e redação final de Lucas Paraízo, que escreve os episódios com Antonio Prata, Marcio Alemão e André Sirangelo. A estreia está prevista para outubro.