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Salve-se Quem Puder: Entrevista com o autor Daniel Ortiz

O criador da próxima novela das sete da Globo.

por Redação, em 15/01/2020

Daniel Ortiz. Foto: Victor Polak/Comunicação Globo

Nascido em Taubaté e criado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Daniel Ortiz tem 47 anos e é formado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília. Antes de ingressar na carreira de autor de novelas, ele trabalhou na Anistia Internacional, em Londres; na ONU, na Dinamarca; e em projetos da Unesco, na África. Daniel sempre foi um apaixonado por teledramaturgia. Desde criança era espectador assíduo de novelas e séries. A preferência, ele não esconde, foi pelas comédias do horário das sete, assinadas por Silvio de Abreu e dirigidas por Jorge Fernando nos anos 1980 e 1990. ‘Jogo da Vida’, novela de Silvio de Abreu escrita com argumento de Janete Clair, em 1981, despertou o interesse em Daniel para se aventurar no papel de autor de novelas e foi quando ele decidiu o que queria seguir profissionalmente. Em 1997, ele fez curso de roteiro em Los Angeles, no American Film Institute. Nos anos seguintes, desenvolveu diversos projetos para a televisão na América Latina.

Em 2008, mudou-se para Dubai, onde escreveu ‘Between Love and Past’, primeira novela de longa duração produzida no Oriente Médio, exibida pela rede MBC em mais de vinte países árabes. Em 2009, entrou para a TV Globo, como colaborador de Silvio de Abreu em ‘Passione’ e no remake de ‘Guerra dos Sexos’. Em 2014, assinou a novela ‘Alto Astral’ e, em 2016, ‘Haja Coração’, uma releitura de ‘Sassaricando’, obra de Silvio de Abreu exibida em 1987. Também foi supervisor de ‘Malhação – Vidas Brasileiras’ na temporada 2018/2019. ‘Salve-se Quem Puder’ é a terceira parceria de autor Daniel com o diretor artístico Fred Mayrink. Os dois também trabalharam juntos em ‘Alto Astral’ e ‘Haja Coração’.

‘Salve-se Quem Puder’ é uma história ágil, divertida com muitos encontros e desencontros. Onde você buscou inspiração e referências?

A novela é uma comedia romântica que começa com muita aventura e um tom de thriller de suspense, com perseguição, ação, aventura, mas sempre com o tom da comédia permeando essas ações. Também sou fã de ‘disaster movies’ como ‘O Destino de Poseidon, ‘Inferno na Torre’, ‘A Travessia de Cassandra’, entre outros. Aliado a isso tudo queria contar uma história que abordasse o Programa de Proteção à Testemunha. É uma temática interessante, que não é vista em novelas, e que proporciona muitas viradas na história.

O autor e o diretor Fred Mayrink. Foto: Divulgação/Globo

Temos três protagonistas com perfis bem diferentes, com sonhos, criações e trajetórias distintas. Como você classifica Alexia, Kyra e Luna e quais são as características mais marcantes em cada uma delas?

A Luna é a mais otimista e determinada de todas. Por outro lado, foi a que mais sofreu. Foi abandonada na infância, é a mais simples das três, a voz da razão no grupo. É muito justa, trabalha desde cedo, ajuda o pai. Na história, ela é a caçula, porém tem uma maturidade maior. Ela sempre consegue ver o lado bom das coisas. A Alexia sonha ser atriz de novelas. A mãe, uma ex-modelo, interrompeu a carreira quando engravidou da Alexia e culpa a filha por isso. Ela é insegura, ansiosa, impulsiva e seus relacionamentos não vingam. O avô é seu grande incentivador. Já a Kyra é uma menina bem-nascida, sonhadora. Ela é decoradora. É muito atrapalhada e sonha se casar e ser mãe.

A sua vivência no México nos anos 2000 influenciou na escolha da cidade de Cancún como locação e pano de fundo no início da história?

Eu morei no México por sete anos numa época em que houve muitos furacões. O alfabeto não deu conta. Alfa, Beta, Delta... Katrina, em Nova Orleans, Wilma, com escala 5, que atingiu o México e destruiu Cancún. Eu tinha amigos que moravam lá na época então eu acompanhei muito de perto. Aquela situação também despertou meu interesse de conhecer mais sobre esse fenômeno natural, que é muito comum no México, mas do qual quase não se fala aqui no Brasil. A página da National Hurricane Center – setor do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, responsável pelo monitoramento e previsão destes fenômenos - mostra os potenciais furacões e eu acompanhava as previsões.

Como surgiu a ideia de abordar o Programa de Proteção à Testemunha?

Essa ideia surgiu na época em que escrevi ‘Alto Astral’. Naquela novela, a personagem da Monica Iozzi era rica e, para receber a herança do tio, ela tinha de provar que merecia o dinheiro. Ela teve que viver como pobre, mudou de cidade e adotou outra identidade. Na época, pensei: ‘isso aqui daria uma novela!’. Veio a ideia também do Programa de Proteção às Testemunhas, que é muito abordado em alguns filmes americanos, mas que, no Brasil, ainda não havia sido usado dessa maneira em novela. Com a mudança de identidade, Alexia vira Josimara, Kyra é Cleyde e Luna passa a se chamar Fiona. E elas não sabem quanto tempo vai durar esse sistema de proteção. Pode durar de uma semana até dois anos. E a carreira delas? A família, amigos? Elas decidem ir para São Paulo, para onde não poderiam ir, mas vão com identidades novas. Então entram num acordo em que uma resolve se infiltrar na vida da outra de maneira secreta e contrariando as regras do programa de proteção.

Você já declarou que ‘novela é passar emoção’ e tem como referências e inspirações Janete Claire e Silvio de Abreu. ‘Salve-se Quem Puder’ é a sua terceira novela como titular no horário das 19h. Antes vieram ‘Haja Coração’ e ‘Alto Astral’. Como você define o seu estilo?

Essa novela tem o DNA das novelas das sete dos anos 80. É uma comédia romântica, que é uma das características fortes do meu trabalho, com pitadas de aventura, ação, mas com histórias de amor embalando diferentes casais. É a essência do meu trabalho.

Como é a sua rotina de trabalho?

Antes eu tinha o hábito de escrever de madrugada, mas há alguns anos sigo uma rotina de começar a escrever às 11:30 até a hora de dormir, por volta das 2h da manhã. Quando eu acabo de escrever um capítulo e vou dormir, não tenho ideia do que será o próximo. Mas sei que na hora que eu sentar e colocar uma música, a inspiração aparece. E o processo fica mais fácil quando tem a música para cada personagem. À medida que escrevo, vou trocando as músicas de acordo com os núcleos e personagens.

Qual a mensagem você quer passar com ‘Salve-se Quem Puder’?

Será que o que você deseja para a sua vida é aquilo que realmente vai te fazer feliz? A vida é feita de escolhas que podem determinar destinos. Então essas três mulheres vão colocar em xeque esses sonhos. O mote da novela é isso.

"Salve-se Quem Puder" estreia no próximo dia 27, em substituição de "Bom Sucesso".

Com informações da Comunicação Globo.


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