Luiz Fernando Carvalho quer resgatar o formato do folhetim tradicional

Luiz Fernando Carvalho retorna ao horário nobre com Velho Chico, novela que volta os olhos para o interior do Brasil, apresentando suas questões e peculiaridades. Em sua quinta parceria com Benedito Ruy Barbosa, o diretor comentou a produção da sucessora de A Regra do Jogo. "Gravamos no Brasil profundo: no Rio São Francisco e no sertão. Nosso desenho de produção é todo voltado para que essas viagens aconteçam regularmente e não fiquemos limitados à cidade cenográfica. Para isso, reduzimos o número de personagens a cerca de 30. Entre os atores, temos uma média de 60% de profissionais regionais. E o que vejo é que o Brasil, apesar de tantos descuidos, continua sendo uma potência de talentos absurda", disse Luiz Fernando ao jornal O Globo.

Velho Chico vai trazer de volta uma disputa entre famílias, tendo a destruição ambiental como pano de fundo. Coronel Jacinto (Tarcísio Meira) representa o coronelismo, enquanto Capitão Rosa (Rodrigo Lombardi) quer uma sociedade justa. A luta vai atravessar gerações. "Sinto a necessidade de trazer de volta o melodrama. Nossa dramaturgia sempre foi puxada pela emoção. No centro dessa trama está a família. É uma saga de gerações, com uma pitada de aventura e ação. Um clássico de Benedito", comentou Luiz Fernando, que também deu a sua visão sobre as obras que ocuparam o horário desde Esperança (2002): "Passamos a última década seduzidos pela produção estrangeira de seriados. Acho que foi uma investigação sadia, mas eles trabalham com outras chaves dramatúrgicas. Enquanto miramos em outros gêneros, soltamos a mão do folhetim".

A equipe de Luiz Fernando Carvalho em Velho Chico foi composta durante os últimos três anos no Galpão, espaço do diretor no Projac. Carlos Araújo, Gustavo Fernandez e André Barcinski compõem a direção, Thanara Schönardie é a figurinista e Keller Veiga e Danielly Ramos, cenógrafos.