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Autores explicam as fases da novela Velho Chico

A trama retrata uma história de amor cheia de entraves.

por Redação, em 26/02/2016

Marina Nery e Rodrigo Santoro em cena. Foto: Caiuá Franco/ Globo

Benedito Ruy Barbosa assinou grandes sucessos na TV como Esperança (2002/ 2003), Terra Nostra (1999/ 2000), O Rei do Gado (1996/ 1997), Renascer (1993) e Pantanal (1990). A lista ainda vai além, e seu mais novo integrante é Velho Chico, a nova novela das 9. Mas o renomado autor não estará sozinho neste romance. Pelo contrário. Ele deixa a cargo de sua filha, Edmara Barbosa, e seu neto, Bruno Luperi, a missão e a arte de contar a história da saga familiar que vai suceder A Regra do Jogo.

"Estamos trabalhando com três gerações, divergências de opiniões e pontos de vista, o que é uma experiência fantástica", revela Bruno. Aos 27 anos, ele escreve os capítulos de Velho Chico com sua mãe, que tem 55, e não dispensa a constante consulta ao seu avô, que está com 84 anos. A diferença de idade é justamente o que traz riqueza para esta história, que tem o DNA beneditino com um olhar contemporâneo.

Dividida em duas fases principais, Velho Chico começa no final da década de 60 e chega aos dias atuais. Para Bruno, a própria narrativa pede esta mudança de tempo. "A primeira fase é muito boa, tem um ótimo enredo e, a impressão que dá, em uma visão mais saudosista, é que antigamente as coisas eram mais bonitas, mais líricas. Mas o mundo de hoje carrega sua beleza também. E, por isso, chegamos à segunda fase com a mesma satisfação e prazer de contar a história que tivemos quando começamos a primeira. Foi na arte de encontrar esta visão que resolvemos o dilema de lidar com estas fases", relata o autor.

Para ele e sua mãe, Edmara, o grande desafio em termos de autoria está na busca pelos pontos que podem transcender estas gerações. "O mundo continua sendo belo, a não ser que você fique o dia inteiro na frente do celular. Quando encontramos o meio termo, onde os mitos ainda vivem nos dias de hoje, porque eles seguem no nosso imaginário, encontramos o Velho Chico. O objetivo é trazer, do passado, esta relação mítica que, nesta história, é muito forte", explica Bruno.

A grande quebra que existe entre as gerações, segundo Edmara, está na forma de perceber o tempo. A dinâmica do dia a dia e a forma de operar dos jovens já é diferente da relação que seus pais construíram. "Hoje, o acesso à informação é indiscutivelmente benéfico, mas perde-se um pouco da intuição, do tempo contemplativo, que é resgatado na primeira fase. A pessoa precisa parar para ver, e as coisas não acontecem a mil por hora. No segundo momento, a necessidade de fazer tudo muito rápido está muito mais presente na juventude, que precisa mudar tudo do dia para a noite", contextualiza a autora.

Um novo recorte

A trama retrata uma história de amor cheia de entraves, misturas de sentimentos que carregam fortes personalidades e uma boa dose de drama, mas não é só isso. "Normalmente, a gente ficaria muito mais preso ao romance, e é claro que existem as guerras familiares e tudo o que uma grande novela pede, só que, respaldada em cima disso, tem uma discussão sobre comportamento, sobrevivência. A grande diferença está em uma juventude propondo uma mudança em um novo Brasil, é uma nova forma de olhar o mundo (...) O nosso jovem briga, é engajado nas lutas. A nossa juventude leva a sério". Bruno completa: "Essa nova geração ainda não foi representada pelo ângulo beneditino. Eu vejo a continuidade das histórias em termos de tom de voz e jeito de olhar".

Em seus primeiros suspiros, a novela já resgata um dos principais sentimentos que fazem parte da proposta principal dos autores: o nacionalismo. Esta é uma grande característica das histórias de Benedito, e é natural que existam comparações e semelhanças até mesmo com outras obras. Bruno ressalta a grande presença do residual beneditino e a influência do olhar do diretor Luiz Fernando Carvalho, que comandou, ao lado de seu avô, sucessos como O Rei do Gado, Renascer, Esperança e Meu Pedacinho de Chão (2014), mas garante que Velho Chico é único.

"As pessoas poderão fazer ligações próximas com o estilo de contar a história, o retrato da valorização do Brasil e dos povos naturais. Em termos de tramas, existem muitos paralelos, apesar de serem muito diferentes. Não é a mesma forma de falar. Não é a mesma saga do Mezenga. É uma paginação única com um universo muito próprio", descreve o autor.

Velho Chico é a nova novela das 9 da Globo. A história é de Edmara Barbosa e Benedito Ruy Barbosa, escrita por Edmara Barbosa e Bruno Luperi. Os autores são filha e neto de Benedito, respectivamente, quem supervisiona a obra. A estreia é em março de 2016.


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