O Planeta TV

Por favor, me expliquem a novela!

Seguindo um modelo mais americano do que nacional, as novelas enfocam problemas mundiais e se esquecem do principal: a originalidade.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

Foi noticiado nessa semana que a Rede Globo detectou uma rejeição ao casal Laerte (Gabriel Braga Nunes) e Luiza (Bruna Marquezine) da novela das 9 Em Família. A questão não é a Vênus Platinada ter descoberto (não me diga?) que seu casal de protagonistas não tinha agradado ao público, mas sim a demora de ter percebido isso.

Já critiquei aqui nessa mesma coluna a falta de criatividade de alguns autores e a formula de seguir o que sempre dá certo, mas a questão agora é outra: Porque somos obrigados a ver todo dia a mesma ladainha na TV? Quem em sã consciente ou mesmo dopada de um poderoso calmante iria namorar o ex- namorado da mãe, que por sinal é o mesmo cara que enterrou meu pai vivo? Desculpe-me Luiza, você é toda incoerente e jamais aceitaríamos uma situação dessa. Mesmo estando apaixonada, nada iria rolar. Acho que a solução seria voltar para o Canadá (desculpem a brincadeira infame).

E não é só isso, Juliana (Vanessa Gerbelli) queria tanto ter um filho que ao invés de adotar resolveu casar com o pai de uma para poder realizar o sonho. Aviso: Existem milhares de crianças esperando na fila para adoção.

Sim, é uma novela, é uma trama, mas cadê a verossimilhança com a realidade. Desculpem-nos, mas Avenida Brasil nos acostumou muito mal e queremos nos ver na telinha ou um mínimo de lógica.

Além de histórias incoerentes (a história de Além do Horizonte foi a maior, afinal ir atrás da felicidade em uma comunidade no Amazonas onde tem uma máquina que deixa as pessoas bobas foi a melhor de todas), somos diariamente obrigados a ver histórias que são colocadas em nossas novelas somente na expectativa de nos agradar. Quer um exemplo: Toda novela hoje em dia tem um personagem gay!

Antes mais nada quero dizer aos gays que tenho o maior respeito por eles, mas colocar um gay na trama somente por colocar sem nenhuma função ai já é demais. Os gays tem histórias, nem todos são afeminados, mas não é assim que a TV os retrata. Em Meu Pedacinho de Chão, Gina (Paula Barbosa) não é homossexual, mas todos referem a ela como mulher homem. Na trama das 7 Dorothy (Luis Miranda) esconde vários segredos e na novela Em Família, o amor de Marina (Tainá Muller) e Clara (Giovanna Antonelli) não empolga, apesar de ter uma grande torcida nas redes sociais. Os personagens gays são colocados na trama na intenção de discutir o preconceito, mas o respeito pelo próximo vem de casa, a TV tem a obrigação de entreter não educar. Quando a TV tenta o contrário ai não dá certo.

Homossexualismo, preconceito racial e outros dilemas sociais devem ser tratados com respeito e destaque quando o assunto é pertinente e for debatido com ênfase. Agora quando é colocado somente por que é moda dispensamos. Quer um exemplo: Félix e Niko versus Marina e Clara. Qual deles apresenta uma campanha, apresenta um dilema vivido por milhares de pessoas? Respondam nos comentários.

Acredito que Avenida Brasil nos colocou em detalhe e como ser humano temos problemas, alegrias, tristezas e até mesmo reviravoltas. Portanto apresentar produtos que se assemelhem a nós é importante, mas não com histórias vagas e levantamento de bandeiras só por que está na moda. Originalidade passa longe. Temas batidos ou mesmo copiados podem agradar no começo, mas não segura nosso interesse até o capítulo 12.

Aviso: Nada de histórias batidas ou levantamento de bandeiras em vão, todos querem se sentir inseridos na história, mas sem levantar bandeiras bobas e vazias. Até isso acontecer por favor me expliquem as novelas.


Deixe o seu comentário