Regiane Alves volta às novelas em substituta de Cara e Coragem.
Em entrevista à coluna da jornalista Patricia Kogut, do jornal O Globo, a atriz Regiane Alves promete surpreender o público em sua volta à TV na novela "Vai na fé", nova novela das 19h da Globo. Muito marcada pelos papéis de vilãs, ela agora interpretará uma mulher que vive uma relação abusiva com o marido, interpretado por Emilio Dantas:
— Clara é casada com Téo, o grande mau-caráter da história. Ele não sabe com o que ele trabalha, vive no mundo dela. Ele lida com a bandidagem e esconde isso da mulher. O casal tem um filho adolescente, que está passando por um processo de depressão. O marido não se dá bem com ele e está de saco cheio dela, é uma relação abusiva. Ele fala: "Arruma esse cabelo. Nossa, você está gordinha". E culpa os dois por tudo. No meio da trama, a personagem tem uma virada. Descobre o amor-próprio e começa a se cuidar.
A preparação começa este mês e as gravações, em outubro. Regiane vai conciliar a novela com a peça de comédia "O que a vida tem pra oferecer hoje?", em que interpreta uma médica:
— Inicialmente escrevi o projeto para ser um podcast. Apresentei ao Globoplay. Eles disseram que gostaram, mas que não iam produzir agora. Então, dois amigos me perguntaram por que eu não pegava o texto para fazer um monólogo. Aí eu comecei a escrever com o Fernando Duarte. A peça é sobre o que a vida tem a oferecer para a mulher de 40 anos, recém-separada, tentando se adaptar ao mercado da paquera e da tecnologia. Vou estrear no fim deste mês no interior de São Paulo. Quando começar a novela, farei algumas pequenas viagens, porque o ritmo é muito pesado.
A trama se assemelha à vida de Regiane. A atriz, de 44 anos, se separou do diretor João Gomez em 2018. Eles têm dois filhos, João Gabriel, de 8, e Antônio, de 7. Mas ela diz que o espetáculo não terá só experiências pessoais.
— É um pot-pourri de histórias minhas, de amigas e também de amigos gays. Percebi que não tem nada para esta mulher de 40, 50 anos no mercado. São pouquíssimas séries. É um público novo, uma mulher que sente falta de ser vista — explica ela, que na peça será filha de Eliane Giardini. — Ela vai aparecer por vídeo, já até gravamos na sua casa. Na história, essa mãe fica perguntando se minha personagem não vai se casar de novo. Mas ela quer poder se divertir e ter liberdade sem culpa, sem ser julgada.
Entre os assuntos abordados estarão os aplicativos de relacionamento. A atriz conta como se relaciona com eles na vida real.
— Eu não tenho. Meus amigos ficam falando para eu entrar num dos EUA que tem milionários. Eu falo: "Vou começar a conversar e vou ter que ir para os EUA? Não quero". Não posso entrar nessas coisas, minha cara está lá, não tem como (por ser uma pessoa pública) — diverte-se a atriz, que detalha suas paqueras. — Me apresentam amigo de amiga, alguém que separou... Eu falo: "Tá bom, vamos lá". Mas depois dos 40 você já viveu tanta coisa que fica com um pouco de preguiça: "Ih, meu Deus, será que é bom? Será que não vai ser?".
Regiane opina que ter filhos envolvidos também dificulta o processo:
— O meu mais velho fala: "Você não precisa namorar, né, mãe?". Eu respondo: "Como assim? Seu pai já até casou" (Gomez está com a atriz Talita Younan). E ele diz: "Meu pai é meu pai, você é você". Ele acha que não preciso namorar, porque estou com ele e o irmão. Quer ficar olhando meu celular, pergunta quem me mandou beijo... Tem que ter muito diálogo.
Mas ela garante estar tranquila solteira:
— As pessoas dizem: "Você é tão legal, bonita e simpática. Como está solteira?". Mas eu estou bem, não precisa essa preocupação toda (risos). Estou num momento mais para mim, de dedicação maior aos filhos. Não tenho essa pressa. A sociedade impõe muito isso.