Ela é mãe de Julia e Hugo, do casamento com Olivier Anquier
De acordo com informações da jornalista Patricia Kogut, do O Globo, em "Mar do Sertão", Debora Bloch vive Deodora, uma mulher controladora que acoberta falcatruas e até crimes cometidos pelo filho, Tertulinho (Renato Góes). Fora da ficção, a atriz se alia à família de maneira diferente: com diálogo, amor e maturidade. Ela é mãe de Hugo, de 22 anos, e de Julia Anchier, de 26, atriz, roteirista e diretora. Ambos nasceram quando a mineira era casada com o chef de cozinha e apresentador de TV Olivier Anquier. A relação da família, diz Debora, tem ainda respeito à liberdade e à individualidade:
— É natural quando os filhos vão crescendo, ficando independentes, é caminho natural eles se desligarem dos pais. Sempre fui aberta (a conversas) mas também sempre respeitei o espaço deles. Eu acho que tem coisas que você vai viver com seus amigos e conversar com eles. Só que sempre procuro ser um canal aberto para quando eles quiserem me procurar para conversar. Eles sabem que podem contar comigo. A gente aprende muito com os filhos. Eles trazem o novo — frisa a artista, de 59 anos.
Julia, filha mais velha da atriz, trabalhou em "Todxs nós" (HBO), série importante que trata de questões sobre sexualidade e gênero. Depois de colaborar no roteiro, a autora mostrou nas redes que estava namorando o ator trans Flow Kountouriotis, que fez parte do elenco. Debora comenta que, em casa, as conversas sobre quaisquer assuntos são abertas:
— Eu acho que a gente aprende muito com os filhos, eles trazem o novo, a nova geração, o novo pensamento, os temas. Eles te renovam nesse sentido. Talvez se eu não tivesse dois filhos jovens eu não estaria... Ou talvez estivesse porque minha profissão me coloca em contato com outras gerações. Mas meus filhos me trazem essas novas questões da geração deles. E aprendo muito com eles. É bem legal. É uma troca legal. A gente repensa. Para a minha geração são coisas novas. A gente viveu coisas de maneiras diferentes. É legal porque isso renova. A gente vai envelhecendo de cabeça e é legal entender os novos pensamentos, comportamentos. Acho legal.
Debora, que tem 42 anos de trabalho na cultura do país, lida há todo esse tempo com temas da contemporaneidade. Pessoalmente, ela diz não rotular o que vive, mas pensa a respeito das transformações de comportamento afetivo:
— A gente vai mudando ao longo da vida. Tem coisas que não são exatamente escolhas das pessoas, elas têm aquilo nelas. O legal é poder ser verdadeiro e livre com o que você sente. Isso é que é importante. Ao longo da vida, nas relações que a gente vive, vai aprendendo. Não necessariamente preciso classificar tudo o que sinto e que vivo. Porém entendo, claro, a importância das nomenclaturas politicamente, para essa geração sobretudo. Essas questões estão trazendo mais diversidade, representatividade.
Transsexualidade e acolhimento são temas que também aparecem em trabalhos marcantes da atriz, entre eles "Segunda chamada" (Globoplay), série de duas temporadas em que Debora vive uma professora de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Na trama, a personagem têm de lidar com alunos com os mais diferentes perfis:
— A série fala de uma realidade bem dura e de um assunto importante: a educação carente no Brasil. Me lembro de quando fiz a primeira temporada... Começamos o trabalho de pesquisa, fomos às escolas de EJA, às periferias. Eu tinha o desejo de que as professoras se sentissem representadas por aquela personagem. E o maior prazer foi justamente o retorno que as professoras me deram, a quantidade de mensagens e de abordagens que recebi de pessoas nas ruas. É esse era nosso trabalho: que aquelas mulheres se sentissem representadas.
Em "Mar do Sertão", por sua vez, a mineira representa uma elite apegada a privilégios. De casa, é possível que espectadores façam reflexões sobre a luta de classes no país ou mesmo sobre injustiças sociais. O tema espinhoso é tratado com humor e leveza na novela, características celebradas pelo elenco entrosado. Debora explica:
— Essa novela é uma delícia de fazer. Não só porque é divertida, tem um texto legal e os personagens são ótimos. Mas porque o clima do elenco e da equipe é muito gostoso. Isso é quase tão importante quanto o trabalho em si porque quando a gente faz uma novela vive ali quase um ano. É muito tempo. A gente grava muito, as horas são longas.Ficamos nove meses convivendo com essas pessoas, às vezes mais do que a família. Para mim, é importante demais o clima nos bastidores. E esse trabalho é muito astral. É um elenco muito legal de trabalhar e de estar junto, um clima alegre. Allan Fiterman (diretor) é um cara muito legal. Esta é a primeira vez em que trabalho com ele. Ele tem essa coisa de estimular uma relação bacana com equipe, elenco, está sempre inventando umas coisas. Tem a festa do bofe do mês que é muito engraçada. É um clima muito feliz, todo mundo torcendo pelo trabalho, fazendo com prazer. Prazer no fazer. Isso é importante.