Atriz comenta sobre novos projetos
Doze anos, nove novelas e duas séries depois, Bruna Linzmeyer encerrou seu contrato fixo com a Globo. Em entrevista para a coluna Patrícia Kogutz do O Globo, a atriz frisa que não se trata de um adeus definitivo:
— Eu nunca sonhei ser atriz. Adentrei esse mundo e tenho carinho pelo ofício, que me proporcionou muitas coisas. A Globo foi mudando o formato de contrato com as pessoas. Esperando que eles não fossem renovar o meu, fui me organizando financeira e emocionalmente, vendo trabalhos no cinema. Aí eles vieram com a proposta de renovar e por exclusividade, mas sem ter um projeto fixo para fazer. Fiquei muito lisonjeada. A gente passou alguns meses conversando sobre esse contrato, sobre os "sim" que eu já tinha dado para o cinema, sobre como poderia conciliar ou não. Tenho projetos autorais que estou desenvolvendo. Eles precisam da minha dedicação, do meu tempo. Então, preferi contrato por obra.
A atriz fará a protagonista do filme "O voo do flamingo", de Beatriz Seigner. O drama será rodado no Rio Grande do Sul. Ela também estará em "Gente de bem", de Cíntia Domit Bittar. Trata-se de um longa de terror. Bruna vem desenvolvendo uma série com Mayara Aguiar e Marina Burdman cujo tema é mantido em sigilo. A produção está começando a ser negociada no mercado. Na fila, existe ainda o projeto de um longa de ficção que ela escreveu e vai dirigir, chamado "Corupá", em referência à sua cidade natal e onde acontecerão as filmagens. Outra meta é transformar em performance teatral um relato que fez contra uma psicanalista. "Tudo que morra" tem produção de Gabriel Bortolini.
— Eu passei quatro anos sendo paciente de uma psicanalista lacaniana. Foi uma experiência muito ruim de análise, bem criminosa na verdade. Ela foi lesbofóbica. Quando eu saí de lá, depois de anos de recuperação dessa experiência que me maltratou muito, eu consegui fazer uma denúncia para o Conselho Regional de Psicologia contra ela. Para fazer essa denúncia no órgão, é preciso desenvolver um relato. Fiz umas dez, 15 páginas. Pensei: "Isso aqui já é alguma coisa, dá para fazer algo a partir desse relato". Estou aplicando em editais para começar a desenvolver mais o projeto. Quando você ganha o dinheiro (do incentivo), tem uma pesquisa a ser feita — explica ela, acrescentando que já lidar melhor com o que aconteceu: — Hoje sinto que já finalizei isso, trabalhei muito. É importante a autonomia que a gente tem sobre histórias de dor, sobre o que a gente pode fazer com elas, como pode compartilhá-las para ficar mais esperto também. Às vezes essas coisas de médicos, consultórios e psicólogos ficam muito veladas. Pode ser interessante desvelar um pouco.
Bruna também quer realizar um curta-metragem de animação que escreveu com Marta Supernova, sua namorada. O projeto se chama "Tomate-canoa". As duas estão juntas há mais de três anos:
— Também estamos aplicando em editais para conseguir dinheiro para filmar. Marta é formada em Cinema. Trabalha com isso, com música, com artes plásticas, faz bastante coisa. É produtora musical e DJ. Eu gosto demais dela. Sempre falo que tem uma coisa me encanta, que é a calma. Tem um poema da Tatiana Nascimento que fala sobre "coragem da sua calma". Descreve bem a emoção que sinto com a existência dela.
Bruna também dedica seu tempo à natação em mar aberto. Recentemente, postou fotos da participação no evento esportivo Rei e Rainha do Mar, em Copacabana, na Zona Sul do Rio (veja abaixo). Na imagem, aparecia de biquíni. Logo surgiram inúmeros comentários sobre pelos em sua virilha, entre ataques e apoio à liberdade:
— O incômodo é problema de quem sente. Sinto muito que as pessoas se incomodem tanto. Causa muita emoção nas pessoas ver uma mulher bem-sucedida, livre, tranquila, e ela tem pelos, é sapatão e usa cabelo colorido. Sinto muito por elas. É um problema com o qual elas vão ter que lidar. Vou seguir vivendo minha vida com todo axé, fazendo o que quero.
Bruna diz que sempre teve uma postura questionadora em relação a padrões e estereótipos:
— Para mim é muito fluido. É assim que eu sou. Não tem muito drama, não. O drama vem dos outros mesmo. Sempre fui uma pessoa que perguntou sobre as coisas. Tem muita coisa que fazemos porque somos levados a fazer e nem perguntamos. "É isso que eu quero? É disso mesmo que eu gosto?".