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Walcyr Carrasco comenta críticas ao seu estilo

"Novo não é necessariamente bom", diz dramaturgo.

por Redação, em 03/09/2016

Foto: Divulgação/Globo

Encerrada Eta Mundo Bom!, novela das seis de maior sucesso desde 2007, Walcyr Carrasco resolveu comentar as críticas ao seu trabalho em debate realizado no seminário do Observatório Ibero-americano de Ficção Televisiva, na USP. "A gente costuma rasgar o passado, não só na política como na cultura também. Volta e meia me perguntam: 'Mas você não vai fazer nada de novo?'. Eu respondo: 'Novo não é necessariamente bom'. Acho que Eta Mundo Bom! fez uma coisa de novo: resgatar a linguagem do melodrama em sua essência, fazer o melodrama tal como ele é, com todas as regras. Tudo que poderia acontecer no melodrama estava lá, o fiz elevado ao máximo. Tanto que o tom de interpretação dos atores não era naturalista, era um tom meio teatral o tempo inteiro. Não foi nada de novo, mas resgatar o melodrama não é uma coisa significativa em si?", questionou o autor, segundo a jornalista Márcia Pereira.

Carrasco, embora transite por diversos estilos e horários, é constantemente acusado por seus “vícios”. Eta Mundo Bom!, por exemplo, tinha elementos vistos em Chocolate com Pimenta (2003) e Alma Gêmea (2005). "Há essa cobrança do novo, (mas) pode ser uma releitura. Quase tudo que se diz novo é uma releitura", afirma. 

Walcyr explicou a construção da sinopse da sua mais recente novela: "A gente comprou o argumento de Voltaire e a história de Monteiro Lobato. A partir disso, eu construí a novela. O que eu resgatei foi minha memória afetiva e o humor daquela época. Fiquei muito feliz ao saber que esse humor está presente, que é possível".

Amor à Vida (2013/2014) também esteve em pauta no seminário. "A ideia muito forte em mim era de que eu queria muito fazer uma novela contra o politicamente correto. Por isso coloquei um personagem assim (Félix, interpretado por Mateus Solano). Porque, hoje em dia, se você falar sobre o mundo gay e colocar uma bicha má, todo mundo te desce o açoite. Se você coloca uma bicha, ela tem que ser boa, simpática, senão você está falando mal do mundo gay. Isso acontece também quando você coloca um negro em uma novela. Se colocar que ele é mau, está fazendo um ataque racista. Não! Você está fazendo um personagem que por acaso é negro e pode ser bom ou mau, como são as pessoas no mundo", explica.

"Não tento teorizar o sucesso, ele não admite teorias. É muito mais um trabalho em conjunto", conclui o autor mais produtivo da TV nos últimos tempos.


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