Para a atriz, Leonor precisa urgentemente de tratamento.
Vanessa Giácomo ainda não entendeu Leonor, mas, pelo pouco que conhece a personagem, a trancaria em uma sala de terapia e jogaria a chave fora. A dondoca de Travessia tem de fazer muitas sessões para lidar com a rejeição, a sensação de vazio e o complexo de inferioridade que sente. "Ela precisa muito de tratamento. Urgente! [risos]", brincou a intérprete.
Essa nebulosidade convenceu a atriz a agarrar o papel. Leonor, afinal, teve um ciclo bem diferente do comum. Em vez de Gloria Perez construir uma trajetória e, depois, colocá-la para viver uma explosão de sentimentos --como na fatídica cena em que a caçula põe fogo no vestido de Guida (Alessandra Negrini)--, ela optou por fazer o oposto.
Com isso, a intérprete não entendeu bem as motivações por trás da surtada. Entretanto, ela conseguiu delimitar uma coisa entre tantos sentimentos confusos, como explicou durante uma entrevista ao jornal Extra divulgada neste domingo (23):
Ela realmente se sente rejeitada e é um vazio que talvez seja muito difícil de alguém suprir. Mesmo que tenha um relacionamento, e acredito que ao longo da novela isso deve acontecer, vai ser difícil para ela, porque existem outras questões que precisam ser resolvidas. É tudo muito mais profundo do que essa camada simplesmente da sedução, da paquera, do amor, de um namoro. Ela precisa, sim, se tratar.
Por outro lado, a atriz defende o chilique da mulher. Leonor já estava em outra, sim, e haviam se passado 20 anos desde que ela viu Moretti (Rodrigo Lombardi) pela última vez, mas o homem lhe causou uma mágoa e um trauma profundos, que nunca foram enfrentados totalmente.
"Ela não teve um ponto final dessa relação, sofreu muito por isso. Pode não verbalizar, como acontece em muitos sofrimentos. Provavelmente ela se culpou por anos da vida dela, questionando o que fez para o cara fugir'", explicou a intérprete.
Talvez, por isso, a personagem tenha cometido o mesmo erro da irmã e afundado na talaricagem. Para a atriz, a ideia de apostar no ex-marido de Helo (Giovanna Antonelli), o safado Stenio (Alexandre Nero), só pode ser fruto de uma carência passageira.
"Ela está confundindo as coisas. Acaba trazendo para um relacionamento de amigo uma outra questão, só porque ele a tratou bem, talvez", avaliou.
Vanessa pode até compreender, mas não tomaria uma atitude semelhante. Prática e leal ao extremo --segundo ela, são suas principais qualidades--, ela não se submeteria a algo que lhe causasse tantos problemas.
"Se algo não está me fazendo bem ou se eu descubro alguma coisa, é ponto final. Temos que ter amor-próprio, saber dos nossos valores, do quão nós somos importantes. Eu não aceito esse tipo de coisa. Não sou de guardar rancor, mas, quando boto um ponto final, acabou. Não tem segunda chance", cravou a atriz.