A novela idealizada por Lauro César Muniz explorou a metalinguagem, revelando os bastidores do cinema, teatro e, sobretudo, da televisão.
Em janeiro, o Globoplay adicionará ao catálogo Espelho Mágico (1977), uma novela icônica de Lauro César Muniz, estrelada por Tarcísio Meira e Glória Menezes. A produção faz parte do Projeto Fragmentos, que resgata títulos com poucos capítulos preservados. No caso de Espelho Mágico, apenas seis dos 150 episódios originais constam no arquivo da Globo. As informações iniciais são do colunista Duh Secco.
Espelho Mágico foi uma novela que explorou a metalinguagem, revelando os bastidores do cinema, teatro e, sobretudo, da televisão. Tarcísio Meira e Glória Menezes interpretaram Diogo Maia e Leila Lombardi, atores que viviam os desafios de gravar a novela Coquetel de Amor e montar a peça Cyrano de Bergerac.
O elenco ainda contou com Juca de Oliveira, Yoná Magalhães, Daniel Filho, Lima Duarte, Sônia Braga e Carlos Eduardo Dolabella, que deram vida a personagens ligados ao meio artístico, como autores de folhetins e jornalistas de revistas especializadas. A trama marcou a estreia de Vera Fischer e Tony Ramos na Globo, consolidando seus futuros brilhantes na emissora.
Desenvolvida a partir das vivências do elenco, a novela enfrentou resistência do público. A audiência das 20h não se envolveu com a fantasia de Coquetel de Amor, a novela dentro da novela, nem com os bastidores conturbados, como a crise conjugal entre Diogo e Leila e os conflitos com Beatriz (Lídia Brondi), filha dela.
A trama também enfrentou a censura do regime militar. A participação de Sylvia Kristel, estrela da franquia Emmanuelle, teve que ser adaptada sem menções ao título. Cláudia Celeste, a primeira travesti a integrar uma novela, foi retirada das gravações devido à proibição dos militares.
Apesar das dificuldades, Espelho Mágico foi aclamada pela crítica. Lima Duarte, que interpretou Carijó, e Lídia Brondi, como Beatriz, foram premiados pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) nas categorias de Melhor Ator e Revelação, respectivamente. A novela foi eleita a melhor de 1977, destacando-se como uma obra marcante da teledramaturgia.
Agora, Espelho Mágico chega ao Globoplay como parte de uma iniciativa de preservação da memória da TV brasileira. Embora com poucos capítulos disponíveis, a trama oferece uma valiosa janela para a história da televisão, das artes cênicas e dos desafios enfrentados pela produção cultural em tempos de repressão.
A trama mostra os bastidores da novela Coquetel de Amor, estrelada por Diogo Maia (Tarcísio Meira) e Leila Lombardi (Glória Menezes). Famoso pelos trabalhos em televisão, o casal é escalado para protagonizar a trama escrita por Jordão Amaral (Juca de Oliveira). Jordão é apaixonado por Leila Lombardi, sua ex-mulher, e declara seu amor pela atriz através do texto que escreve para sua personagem. Na novela, o casal está em crise, assim como seus intérpretes, Diogo e Leila, que vêem seu casamento desmoronar por conta de Cynthia (Sônia Braga). O relacionamento dos dois também sofre com a imaturidade de Beatriz (Lídia Brondi), filha de Leila. A jovem insiste em reaproximar a mãe de Jordão, seu pai. Paralelamente, os atores começam a ensaiar uma peça de teatro, Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, produzida e protagonizada por Diogo e dirigida por Gastão (Sérgio Britto). No fim da trama, Diogo e Leila se reconciliam.
Autor: Lauro César Muniz | Direção: Daniel Filho, Gonzaga Blota e Marco Aurélio Bagno | Período de exibição: 14/06/1977 – 05/12/1977 | Horário: 20h | Nº de capítulos: 150
O Projeto Fragmentos do Globoplay é uma iniciativa que resgata novelas clássicas produzidas nas décadas de 1970 e 1980, oferecendo aos assinantes a chance de redescobrir obras que sobreviveram apenas parcialmente. Em 2024, o projeto disponibilizou 15 títulos desse período, sendo mais um esforço da Globo para preservar e compartilhar sua rica história na teledramaturgia.