Fernanda Montenegro encerra temporada do Conversa com Bial

Uma das grandes damas da dramaturgia brasileira encerra, em grande estilo, a temporada 2017 do Conversa com Bial. Nesta sexta-feira, dia 15, Fernanda Montenegro não apenas fala sobre a carreira e o momento cultural e político do país. Aos 88 anos, ela encanta ao soltar a voz ao lado do violonista baiano Cézar Mendes, autor de canções interpretadas por grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Djavan e Marisa Monte. 

Durante o papo com Pedro Bial, Fernanda Montenegro revê cenas de sua atuação como a mística Mercedes, em ‘O Outro Lado do Paraíso’. Ela comemora o fato de estar trabalhando ao lado de outros veteranos, como Laura Cardoso e Lima Duarte. “Eu amo. Procurei colocar nessa mulher a carga que eu jogaria em uma bruxa shakespeariana. É uma ambição imensa, peço perdão a Deus e a Shakespeare, mas o material de Walcyr Carrasco me faz ter coragem de me jogar dentro dessa transcendência do além, do imaginário”. Para chegar à atuação ideal, Fernanda admite a fama de refazer a mesma cena diversas vezes. “É um desespero. Sempre tem uma coisa que acho que podemos fazer de novo. Às vezes, no extremo cansaço, brota uma coisa, aí vejo um lado da encenação que ainda não tinha visto”. A atriz se emocionou ao rever uma entrevista que concedeu em 1968, durante uma greve de artistas contra a censura. Ela continua engajada em campanhas pela liberdade artística e pelo fortalecimento da cultura brasileira. 

A amizade entre Fernanda e Cézar Mendes surgiu a partir de um convite de Fernanda Torres, filha da atriz. “Ela me chamou para ir ao sítio e disse que a mãe estaria lá. Começamos a tocar violão, cantar, e ficamos amigos. Algumas pessoas, quando cantam, parecem estar lendo uma bula de remédio, não passam sentimento. Com a Fernanda é diferente”, conta Cézar. Fernanda gravou uma música para o disco do artista, “Depois enfim”, com lançamento previsto para janeiro.

Exibido após o Jornal da Globo, Conversa com Bial tem direção artística de Monica Almeida e direção de conteúdo de Ingo Ostrovsky.