Cristianne Fridman é uma roteirista e autora de telenovelas brasileira. Já trabalhou na Rede Globo, SBT e Rede Record, onde foi responsável pelo remake de "Bicho do Mato" e a bem-sucedida "Chamas da Vida".
Em 2010, propôs a direção da Record a sinopse de uma novela abordando a vida de um grupo de ganhadores da loteria. O enredo foi aprovado e a emissora começou a produzir "Vidas em Jogo" (nome escolhido através de um concurso interno entre os funcionários da emissora), que entra em cena na próxima terça-feira (03/05) com um elenco estelar.
Em entrevista exclusiva ao O Planeta TV!, Cristianne Fridman conta os detalhes da criação da sinopse de "Vidas em Jogo", bem como, alguns detalhes do folhetim.
Conte-nos um pouco sobre a criação da sinopse de "Vidas em Jogo"!
Cristianne Fridman – Quando estava escrevendo "Chamas da Vida" vi uma matéria na televisão sobre o prêmio acumulado da loteria. Fiquei comovida com as pessoas que estavam na fila da casa lotérica e contavam à repórter o que fariam se ganhassem o prêmio. O poder, o brilho do sonho no olhar daquelas pessoas me inspirou e anotei a idéia de escrever sobre a chance de alguém mudar de vida da noite para o dia. Quando o Hiran me requisitou uma sinopse comecei a desenvolver a idéia do bolão de amigos. Entreguei a sinopse em abril do ano passado.
Como é escrever uma obra que aborda a temática dos jogos de sorte (ou azar), sendo que seu pai infartou e veio a óbito numa dessas casas de aposta. É um tema delicado, na concepção individual, ou algo fácil de se explorar?
Cristianne Fridman – Meu pai teve um aneurisma em uma casa lotérica numa sexta-feira treze. O que me chocou foi o fato das pessoas terem invadido a lotérica em busca do suposto cartão premiado. E nem houve ganhador naquele sorteio no Rio de Janeiro. A idéia da novela veio primeiro da matéria que vi na televisão, mas lógico que me lembrei do episódio da morte do meu pai. O desejo de mudar de vida, a ambição pode fazer com que as pessoas ajam de uma forma equivocada. A novela trata destes dois lados da moeda. O quanto podemos mudar depois que alcançamos o que queremos? Isto é delicado não somente pra mim, mas pra todos nós.
Quem são os protagonistas de "Vidas em Jogo"? Ou cada personagem terá o seu momento destaque?
Cristianne Fridman – O bolão da amizade é o protagonista da trama. São dez amigos que ficam ligados a este bolão, mas que possuem suas próprias histórias.
Como as histórias dos dez amigos do bolão estarão entrelaçadas? O que você pode adiantar sobre essas tramas?
Cristianne Fridman – Elas se entrelaçam no pacto que o bolão faz antes de ganhar na loteria. Cada integrante terá uma missão a cumprir. E o jogo se dá quando eles começam a perder a metade do prêmio que já receberam e passam a precisar da outra metade que está guardada. Há boicotes para que não cumpram a missão e assim sobre mais dinheiro pr’aquele que conseguir cumprir a sua missão.
Quais os outros temas que serão abordados em "Vidas em Jogo"?
Cristianne Fridman – Welligton é um jovem que ama o futebol e deseja ser jogador profissional. Ele fica obcecado em tornar o seu corpo mais atlético, pois quer ser um centroavante trombador. Este desejo o levará a consumir anabolizantes e colocará a sua saúde em risco. A Margarida, que é a cozinheira obesa, também sofrerá tentando emagrecer. A obesidade é um problema de saúde sério. Outra personagem é a taxista Andrea, que trará a baila a questão da diária e outros problemas que afetam a categoria dos taxistas...
É verdade que o título da novela foi escolhido através de um concurso interno entre os funcionários da Record?
Cristianne Fridman – Sim, é verdade.
Os vilões vêm se destacando nas novelas. O que o público pode esperar deles em "Vidas em Jogo"? Quais os atores que ficarão a cargo desses papéis?
Cristianne Fridman – Todos os personagens de "Vidas em Jogo" têm o seu lado luz e o seu lado sombra. Como disse acima eles têm os dois lados da moeda. Os vilões são humanizados. Não há o vilão mau-mau. Eles são circunstanciais. A Regina (Beth Goulart) não quer perder o que já conquistou e teme pelo futuro das suas filhas. O Cleber (Sandro Rocha) é um ex-policial que aceita serviços escusos porque tem quem os contrate, mas ele também possui um lado romântico. O Ernesto (Leonardo Vieira) é o amante da Divina (Vanessa Gerbelli) e quando o marido dela ganha na loteria ele não quer perder a mamata. O Ivan (Silvio Guindane) é um jogador nato, enfim: a novela tem vilões humanizados e personagens bons que escorregam em vilanias.
As últimas produções da Record têm como característica sua longa duração. "Ribeirão do Tempo", a antecessora de "Vidas em Jogo", por exemplo, ficará praticamente 12 meses no ar. Você está trabalhando com uma margem de 200 capítulos, mas está preparada para uma possível esticadinha?
Cristianne Fridman – Não.
A novela estrearia em fevereiro, mas acabou sendo adiada. Para facilitar a vida da produção, os autores gostam de trabalhar com uma boa margem de capítulos escritos. O adiamento modificou a sua rotina de trabalho ou continuou escrevendo os capítulos normalmente? Estreará com qual margem? Trabalhar com muita frente, sem saber a aceitação do público, não te preocupa?
Cristianne Fridman – Estou com trinta e nove capítulos escritos e acho essa margem boa. Não continuei escrevendo no mesmo ritmo justamente para evitar uma frente grande.
"Fina Estampa", nova trama das nove da Globo, terá um tema semelhante, visto que a protagonista ganhará na loteria. Qualquer semelhança é mera coincidência?
Cristianne Fridman – Duas cabeças, dois corações, dois olhos, duas pessoas contam suas histórias de maneiras diferentes. Não me preocupo com esta discussão, estes comentários que tenho lido de quem teria copiado quem. Isso é uma perda de tempo. Somos profissionais e não ladrões de idéias. Coincidências podem acontecer. E se começarmos a excluir um tema, um assunto porque este já foi contado aí, queridos, falaremos de amebas! Nenhum autor poderá mais falar de dois irmãos que disputam a mesma mulher? Do conflito entre mãe e filha? Do Leblon? Da sociedade paulistana? Do embate entre fazendeiros?
Em determinado momento da história, surgirá um serial killer que eliminará alguns milionários. Não teme semelhanças com "A Próxima Vítima", de Silvio de Abreu? Apostar nesta temática de assassinatos não traz um ar de mais do mesmo?
Cristianne Fridman – Eu gosto, por exemplo, de ver filmes com serial killer, filmes policiais e quando são bons não respiro um ar de mais do mesmo. Não temo semelhanças porque cada um tem o seu jeito de contar uma história.
Como está sendo a escolha da trilha sonora da novela? Pode adiantar qual será o tema de abertura?
Cristianne Fridman – O tema de abertura é a música "É" do Gonzaguinha. A trilha da novela está linda!
Como é a sua rotina de trabalho quando estão escrevendo uma novela?
Cristianne Fridman – Começo a trabalhar por volta das nove da manhã e encerro mais ou menos às onze da noite. Aí tento dormir e quando consigo sonho com os personagens, rs!
Como é a relação do autor, diretor e o elenco durante uma novela?
Cristianne Fridman – É como um filho amado que todos querem cuidar, fazer o melhor por ele. Às vezes há discordâncias, mas sempre em busca do melhor pra criança, no caso a novela.
Foi difícil escalar o elenco? Conseguiu os atores que queria?
Cristianne Fridman – Me sinto como se tivesse acertado na loteria. Nosso elenco é o meu maior prêmio! O elenco está sensacional!
Está escrevendo a novela sozinha ou possui uma equipe de colaboradores? Qual é a participação deles na criação dos capítulos?
Cristianne Fridman – Trabalho com uma equipe de colaboradores: Camilo Pellegrini, Jussara Fazolo, Aline Garbati, Alexandre Teixeira e a pesquisadora Carla Piske. Eles são meus grandes parceiros nesta jornada! Escrevo uma escaleta, que é a estrutura do capítulo, as cenas que estarão presentes no capítulo. Esta escaleta é dividida entre a equipe. Sou uma autora que também escreve cenas e não apenas escaleta. Amo escrever e se ficasse de fora desta etapa do trabalho eu seria infeliz. Eles me entregam as cenas e eu faço uma redação final: mexo nelas quando há necessidade de ajustar algum tom. Meus colaboradores são profissionais talentosos e tem sido uma felicidade enorme tê-los comigo!
Nos últimos anos, as novelas vêm apresentando queda em seus índices de audiência. Como você avalia essa fase? Acredita que o público está mais exigente ou o surgimento de novas mídias justifica os números?
Cristianne Fridman – Acho que o surgimento de novas mídias justifica os números.
Qual sua expectativa em relação à audiência de "Vidas em Jogo"?
Cristianne Fridman – Ninguém escreve uma novela desejando que ela não seja vista ou que seja vista por poucos. Assim a minha expectativa é que a novela tenha um excelente ibope. Estamos todos trabalhando com empenho, com alegria, com amor pra que isso aconteça.
Existe alguma pressão da Record ou meta pessoal para vencer a audiência da Rede Globo?
Cristianne Fridman – A Record não me pediu para cumprir nenhuma meta em relação ao ibope. Para ser sincera nunca falamos sobre isso.
Mudaria alguma coisa na história por audiência?
Cristianne Fridman – Mudaria alguma coisa na trama caso os telespectadores a rejeitassem. Quero me comunicar com o público. É pra eles que escrevo.
A trama tem a direção geral de Alexandre Avancini, responsável pelos maiores sucessos de audiência da Record. Está empolgada com essa parceria inédita?
Cristianne Fridman – O Avec é um diretor talentoso, tem um respeito enorme pelo texto e amei o material que ele gravou. Estou emocionada e feliz com a realização dele.
"VIDAS EM JOGO" ESTREIA NESTA TERÇA (03/05), ÀS 22H15, NA RECORD!