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Glória Perez sobre Dupla Identidade: "O tema não é psicopatia, é serial killer"

Em entrevista, autora comenta sobre o processo de criação, inspiração, e da escalação de Bruno Gagliasso.

Por: Por Jeferson Cardoso, com colaboração de Rafael Teixeira e Emerson Ghaspar

Nesta sexta-feira, 19/09, a TV Globo estreia a série Dupla Identidade, o novo trabalho da autora Gloria Perez, que promete levar muito suspense para a telinha.

Dupla Identidade é uma série de suspense sobre serial killers, que vai priorizar o aspecto psicológico da mente de criminosos em série, muito mais do que o peso sombrio e de terror que estas histórias remetem. O assassino em série é Edu, vivido por Bruno Gagliasso. Bonito, inteligente, articulado e sensível, Edu esconde por trás desta aparência acima de qualquer suspeita, a personalidade de um criminoso sádico, mestre em apagar vestígios de seus crimes.

Em entrevista ao Portal O Planeta TV, a escritora comentou sobre o processo de criação, inspiração, e da escalação de Bruno Gagliasso. Confira:

O Planeta TV - Quais foram as referências utilizadas neste trabalho? Dupla Identidade é inspirada nos seriados Dexter e Criminal Minds?

Gloria Perez – O assunto é o mesmo, desses e de outros, como The Fall, Hannibal, etc: serial killers e caçadores de mentes. Todos são inspirados nos serial killers reais e nos caçadores de mentes, que integram o Departamento do FBI criado para caça-los. A inspiração também passa pela literatura clássica do gênero: Sherlock Holmes, Poirot, Miss Marple são, sem dúvida, os pais e avós do que hoje chamamos caçadores de mentes.

O Planeta TV - Evidente que alguns irão comparar a série com essas obras americanas. As comparações te incomodam de alguma forma? Isso faz com que você busque um novo meio de contar essa trama, já que a psicopatia é algo universal?

Gloria Perez – Serial killers existiram em todas as épocas da humanidade, e não é de hoje que se fala deles. A literatura policial e o cinema já popularizaram essa personagem, bem antes que os seriados americanos se ocupassem deles. Dupla Identidade tem uma narrativa própria: é o mesmo assunto, não a mesma forma de contar.

O Planeta TV - Em sua carreira, pelo que eu me lembre, duas personagens tinham características psicopatas: a Alicinha, de O Clone, e a Yvete (o certo seria Yvone), de Caminho das Índias. Mas, ao que parece, em Dupla Identidade, a abordagem da psicopatia será feita de maneira específica no âmbito serial-killer, figura não explorada antes em suas tramas. O que o telespectador pode esperar da abordagem do tema?

Gloria Perez – A Yvete, psicopata? não, nunca! Alicinha, sim! Em dupla Identidade estou falando de serial killers, que existem em número infinitamente menor que o dos psicopatas. Serial killers são indivíduos viciados no ato de matar. Da mesma forma como alguém se vicia em bebida, em jogo, ou qualquer outra coisa. Eles tem essa compulsão. É aquilo que Dexter chama de “o passageiro sombrio”.

O Planeta TV - Será abordado em Dupla Identidade o transtorno de personalidade borderline, por meio da personagem Ray, interpretada por Débora Falabella. A abordagem da doença será da mesma forma que a psicopatia? Ou será de maneira coadjuvante.

Gloria Perez – Coadjuvante, claro. O tema não é psicopatia, é serial killer, um tipo muito especifico. E um esclarecimento: borderline é um transtorno de personalidade, não é doença.

O Planeta TV - Conte-nos sobre o processo de escalação. Os personagens foram criados para determinado ator? Bruno Gagliasso revelou que pediu para fazer teste...

Gloria Perez – Bruno disse desde o início que o papel era dele. No começo achei que era muito jovem, mas ele teimou e apareceu para fazer o teste. Estava certo: ele era o Edu.

O Planeta TV - Dupla Identidade é uma obra aberta com a quantidade de capítulos fechada? Ou há uma possibilidade de uma segunda temporada?

Gloria Perez – Claro que há. Não necessariamente escrita por mim.

O Planeta TV - A série será exibida às sextas-feiras, após o Globo Repórter, por volta das 23h30. Um horário complicado para fisgar a audiência. Como você analisa essa faixa horária? Há uma preocupação com os índices?

Gloria Perez – É um horário que está sendo implantado, desde O Caçador. Somos realistas no que diz respeito à audiência. Sabemos que muita gente verá a série no dia seguinte, gravada ou através da internet. A preocupação que temos é quanto à qualidade.

Mauro Mendonça Filho, Glória Perez, Bruno Gagliasso e Débora Falabella. Foto: Divulgação/TV Globo

O Planeta TV - Amora Mautner, inicialmente, estaria à frente da direção, mas precisou deixa a produção. Foi então substituída por Mauro Mendonça Filho. Fale um pouco dessa nova parceria.

Gloria Perez – Maurinho está fazendo um belo trabalho, buscando uma estética de TV, que essas novas tecnologias possibilitam.

O Planeta TV - Dupla Identidade está sendo gravada em tecnologia 4K, o Ultra High Definition. Isso, de algum modo, alterou o seu modo de escrever a série?

Gloria Perez - Não, essa tecnologia interfere na direção, não no texto. Se fosse 3D sim, me obrigaria a pensar as cenas de modo diferente.

O Planeta TV - Após a série, quais são os seus planos? Para quando está programado o seu retorno para o horário das 21h?

Gloria Perez – Por enquanto só penso em viajar e descansar muito! Só em janeiro começo a pensar na próxima novela. Até lá, vou viver!

Dupla Identidade é escrito por Glória Perez, com direção de núcleo e geral de Mauro Mendonça Filho, e codireção de René Sampaio. O seriado vai ao ar às sextas-feiras, a partir das 23h15, logo após o Globo Repórter.


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