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Vera Holtz relembra o processo de laboratório para personagem de "Mulheres Apaixonadas"

Na trama em cartaz no "Vale a Pena Ver de Novo", a atriz interpreta um alcoólatra.

por Redação, em 22/08/2023

Foto: Divulgação/TV Globo

Passados 20 anos da marcante interpretação de Santana, em "Mulheres Apaixonadas", a novela escrita por Manoel Carlos e seus desdobramentos permanecem vivos na memória de Vera Holtz, atriz que deu vida à personagem. Vera passou por uma intensa experiência de preparação para o papel e lembra de cenas emblemáticas que protagonizou na novela, agora no ar no "Vale a Pena Ver de Novo". “Todo esse processo, as fases do alcoolismo, isso tudo era muito presente na personagem. Quando terminou a novela, eu fui pra Curitiba, para a uma universidade onde estava tendo um curso de preparação para profissionais que faziam acompanhamento de adictos. Lá, a criação da personagem Santana foi, de alguma forma, homenageada como um exemplo de todas as fases da doença”, conta.
 
Na entrevista a seguir, a atriz também relembra o processo de laboratório no qual mergulhou para dar vida a Santana, avalia o impacto do trabalho em sua carreira e fala sobre o retorno do público na época e ainda hoje.
 
ENTREVISTA COM VERA HOLTZ  
 
Em "Mulheres Apaixonadas", a Santana é uma professora que luta contra o alcoolismo. Como foi entrar no universo da personagem?

O alcoolismo no Brasil não é estranho a ninguém. Até hoje há dificuldade em relação ao processo de reconhecer que é uma doença e que precisa de tratamento. Na época, nós fizemos uma preparação no sentido de conhecer que havia formas diferentes de tratar o alcoolismo, como por meio do trabalho do A.A. (Alcoólicos Anônimos), pautado pelas conversas nas reuniões presenciais, por exemplo. Nós fomos a um grupo para conhecer mulheres em processo de alcoolismo. Conversamos com estas mulheres sobre como lidavam com a doença e o porquê da busca pelo tratamento.
 
Que cenas foram mais marcantes durante as gravações?

Todas as cenas da Santana escondendo a bebida ou pendurando do lado de fora da janela, com uma cordinha para tapear as pessoas... Todo esse processo, as fases do alcoolismo, isso tudo era muito presente na personagem. Quando terminou a novela, eu fui pra Curitiba, para a uma Universidade onde estava tendo um curso de preparação para profissionais que faziam acompanhamento de adictos. Lá, a criação da personagem Santana foi, de alguma forma, homenageada como um exemplo de todas as fases da doença. Houve cenas bastante dramáticas. Normalmente, essas cenas eram dirigidas pelo José Luiz Villamarim, que tinha muito cuidado para fazer. Ele nos preparava, preparava a Santana emocionalmente; colocava uma música para chegar no tom da cena; e orientava bastante a gente para as cenas terem cuidado e delicadeza ao tratar de um assunto tão humano. 
 
O que foi mais desafiador neste trabalho? Naquela época, você já havia interpretado algum personagem semelhante à Santana?

Olha, eu já tinha trabalhado com alguns personagens que falavam um pouco sobre esse universo secreto feminino. Mas, o que eu percebi na Santana é a importância que tem uma personagem mostrar esse tema para a sociedade e como alguém pode se refletir nela. As pessoas conversavam comigo na rua e algumas vinham confessar para mim que bebiam escondido e que estavam se vendo nela. Isso numa ida ao supermercado, por exemplo. As pessoas paravam para falar comigo e davam retorno sobre a personagem, algumas falavam da importância da novela para elas. Filhos falaram para mim que parentes próximos tinham se enxergado na personagem e estavam fazendo tratamento para parar de beber.  Nessa dimensão, a personagem cumpriu o seu papel, que é o de ajudar a ver.
 
Ainda recebe retorno do público sobre a Santana?

A Santana continua no imaginário das pessoas, assim como a Heleninha Roitman, que foi uma personagem brilhantemente interpretada pela Renata Sorrah. Tinha uma comparação da Heleninha Roitman com a Santana, então ela segue no imaginário por muito tempo, até hoje. Vira e mexe, alguém manda para mim as repercussões. Eu estou viajando em turnê e, com a novela no ar, as pessoas estão acompanhando e falam da importância dela. Não só da personagem Santana, mas de outras questões, como o amor obsessivo, a violência doméstica, o alcoolismo, a homossexualidade. São os dramas e os dilemas que o Manoel Carlos escreve e todo esse universo de questões femininas que 'Mulheres Apaixonadas' levanta. 
 
Que lembranças guarda da troca com o elenco da novela, especialmente do núcleo da escola?

Na escola, eu lembro da Carolina [Dieckmann], da Susana [Vieira], que era a dona do colégio, da [Christiane] Torloni, que era a diretora, da Maria Padilha... a maravilhosa parceria com a Lica Oliveira, que fazia a amiga da Santana. Elas protegiam a Santana, era muito interessante essa relação entre as personagens. Também o namorado da Santana, o Lobato, interpretado pelo Roberto Frota. Nos bastidores, sempre houve um clima de cordialidade, de cooperação entre nós todas. Era um ambiente agradável "trabalhar" em escola, sempre com muita gente, muitos alunos. Foi um tempo bastante feliz, apesar do drama da personagem. À medida em que você vai fazendo a novela, vai saindo da ficção para entrar na realidade; a realidade começa a se misturar com a novela; as pessoas vão te vendo... Tanto é que, logo depois que terminou a novela, me chamaram para uma outra e eu preferi deixar a Santana reverberar um pouco mais. 
 
Qual foi o impacto dessa personagem na sua carreira?

Eu trabalhei em outras novelas do Manoel Carlos. Ele escreve no fluxo emocional da gente: "Presença de Anita", "Por Amor", "Mulheres Apaixonadas". As obras dele são muito importantes na minha carreira na teledramaturgia brasileira. E o que me toca mais é esse retorno, ainda hoje, 20 anos depois. Às vezes eu estou andando na rua e ouço “Professora Santana!”. A novela realmente está muito presente no inconsciente do povo brasileiro. O povo brasileiro sabe ver novela. A Santana é sempre uma personagem lembrada.
 
Exibida no "Vale a Pena Ver de Novo", "Mulheres Apaixonadas" tem autoria de Manoel Carlos, com colaboração de Fausto Galvão, Vinícius Vianna e Maria Carolina. A novela tem direção de núcleo e geral de Ricardo Waddington e direção geral de José Luiz Villamarim e Rogério Gomes, com direção de Ary Coslov e Marcelo Travesso. "Mulheres Apaixonadas" vai ao ar de segunda a sexta-feira, logo após "Sessão da Tarde".


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