Confira uma entrevista com Sandra Annemberg.
Toda semana, um programa novo e várias descobertas. Há cinco décadas, o ‘Globo Repórter’ traz semanalmente um misto de informação e entretenimento, uma rotina já incorporada aos hábitos de milhões de brasileiros. Para celebrar seus 50 anos de história, a partir do dia 31 de março o público poderá acompanhar uma série de cinco programas especiais que refletem a relevância, o pioneirismo e a credibilidade do jornalístico na TV brasileira em temas como tecnologia, sociedade, saúde, meio ambiente e viagens, nos quais o ‘Globo Repórter’ é especialista.
“Nesses cinco programas especiais, vamos mostrar como os brasileiros se informaram, assistindo ao ‘Globo Repórter’, com novidades, do Brasil e do mundo, e como esse conhecimento teve impacto na vida deles. Cada um deles será fechado por um jornalista que teve participação expressiva no programa ao longo dos últimos anos. São temas relevantes e que mexem com a vida do telespectador”, explica a diretora Mônica Barbosa, referindo-se a Ernesto Paglia, Pedro Bassan, Beatriz Castro, Lilia Teles e Jorge Pontual, que assinam as reportagens especiais que serão exibidas entre os dias 31 de março e 28 de abril.
Além de contar com a reportagem de jornalistas consagrados, os apresentadores do ‘Globo Repórter’ também fizeram história. Ocupando este espaço desde 2019, Sandra Annenberg fala sobre a sua relação com o programa. “Minha relação com o ‘Globo Repórter’ começa desde que eu me conheço por gente. Eu tinha quatro anos quando ele estreou, cresci com ele. Me lembro de ouvir a música da vinheta e saber que era hora de ir pra cama. Com o passar do tempo, podia ficar acordada para vê-lo. Quando fui para o jornalismo da Globo, há 32 anos, trabalhar no programa era o sonho de todo repórter. Como telespectadora, fui transportada para os lugares mais fascinantes e sei que muita gente conheceu os quatro cantos do mundo através do ‘Globo Repórter’. Poder oferecer essa experiência para as pessoas é gratificante e estar a bordo dessa equipe é um privilégio”, celebra Sandra.
Abrindo as comemorações, no dia 31 de março, Ernesto Paglia assina a reportagem especial sobre tecnologia. Apaixonado e profundo conhecedor do assunto, o jornalista, em 1983, integrou a equipe que renovou a linguagem do ‘Globo Repórter’. Trabalhou exclusivamente para o programa como repórter durante os três anos seguintes. Desta vez, refaz a cena da primeira ligação de celular da história, realizada no dia 3 de abril de 1973, mesmo dia da estreia do ‘Globo Repórter’. Cinquenta anos depois, Paglia pede uma descrição do ‘Globo Repórter’ ao recém-lançado chatGPT.
No dia 7 de abril, Pedro Bassan assina a reportagem especial que se debruça sobre as mudanças na sociedade nas últimas cinco décadas. Quando o primeiro programa foi ao ar, em 1973, a mulher brasileira ainda não tinha os direitos jurídicos iguais ao homem, nem mesmo o divórcio existia. De lá para cá, foram muitas transformações nas relações humanas. O episódio vai tratar do comportamento dos brasileiros e mostrar o que mudou nas cidades, no trabalho e no casamento. E o que ainda se mantém na vida do país, em casos de racismo, machismo e preconceito. O programa reencontrou pessoas que abriram suas vidas para o ‘Globo Repórter’ para contar o que aconteceu com elas nos últimos anos.
Saúde e qualidade de vida são alguns dos pilares do ‘Globo Repórter’, que sempre trata de alimentação saudável, do combate ao estresse e à ansiedade e do reflexo de tudo isso no cotidiano das pessoas. E, no dia 14 de abril, será a vez de Lilia Teles mostrar as descobertas científicas que transformaram a vida dos brasileiros e resgatar histórias de gente que se superou e hoje vive melhor depois de adotar um estilo de vida saudável. “Encontramos, por exemplo, pessoas que escolheram a profissão que exercem hoje por causa de um ‘Globo Repórter’ a que assistiram na juventude. Outros mudaram de comportamento, passaram a praticar atividade física ou a se alimentar melhor depois de tomarem conhecimento de pesquisas científicas divulgadas pelo programa ao longo desses 50 anos. Acho que isso explica, de certa forma, o lugar dele na história da TV”, acrescenta a diretora Mônica Barbosa.
O ‘Globo Repórter’ foi um dos primeiros programas a falar para os brasileiros sobre sustentabilidade quando essa temática sequer era conhecida. Além disso, foi um dos primeiros a ter autorização para desbravar Fernando de Noronha e a produzir matérias jornalísticas numa aldeia yanomami, a levantar bandeiras ecológicas como a defesa das baleias. No programa do dia 21 de abril, a jornalista Beatriz Castro se debruça sobre o meio ambiente, e retoma jornadas pelas florestas brasileiras, a parceria de especialistas que descobriram lugares intocados e espécies exóticas. Desta vez, ela irá ao Parque do Xingu para revisitar os indígenas que apresentam a emocionante cerimônia do quarup.
Quantos lugares e quantas culturas o brasileiro descobriu com o ‘Globo Repórter’? No encerramento da série de programas especiais, no dia 28 de abril, o correspondente Jorge Pontual em Nova York, capital do mundo, assina a reportagem sobre viagens. Editor-chefe do ‘Jornal da Globo’ e do ‘Globo Repórter’ entre 1983 e 1996, o jornalista convida o público a rever culturas que o programa apresentou aos brasileiros e também relembra as viagens que marcaram a história da TV brasileira, algumas icônicas feitas por Gloria Maria.
“Quando fazemos um programa de viagem, por exemplo, não mostramos apenas paisagens ou aventuras. Há sempre informações sobre a cultura da região, sobre o modo de vida da população. Trata-se de um jornalístico, então, ter informação relevante é fundamental para que uma pauta se transforme num programa. E a escolha das pautas segue um equilíbrio entre temas como comportamento, aventura, descobertas científicas, economia popular, entre outros. Sempre levando descobertas ao telespectador”, conclui diretora Mônica Barbosa.
Uma condução sensível e elegante
O esmero é de uma bordadeira de tricô. Assim, o ‘Globo Repórter’ sobre talentos manuais exibido no ano passado com reportagem da própria Sandra Annenberg refletiu a dedicada forma com que ela conduz o programa, que, a partir do dia 31, dá início à comemoração pelos seus 50 anos, com uma série de cinco reportagens especiais consecutivas. Em 2019, Sandra tornou-se apresentadora do jornalístico em que também faz às vezes de repórter. “Quando o programa foi criado não existia nada parecido na TV brasileira e ele foi o primeiro que dedicou tempo para aprofundar uma temática jornalística. Começou com formato cinematográfico, de documentário, e foi se transformando ao longo desses 50 anos junto com seus telespectadores. O ‘Globo Repórter’ nunca parou no tempo, sempre acompanhou as mudanças da sociedade e refletiu em suas pautas o modo de ser e de viver do brasileiro. Hoje é um programa que entretém, informa, emociona, diverte e mergulha no ser humano, no meio ambiente, na saúde, na tecnologia, no Brasil e no mundo”, orgulha-se Sandra, que, na entrevista abaixo, dá mais detalhes sobre sua rotina à frente do jornalístico com cinco décadas de relevância na TV brasileira.
Como é a sua rotina com o programa? O que mais gosta de fazer?
Toda segunda-feira temos reunião de pauta. A equipe avalia o programa que foi ao ar, conversa sobre o que está em produção e pensa para frente, o que podemos fazer nos próximos. Às terças, gravo no estúdio a apresentação dos programas e os vídeos que publicamos nas redes sociais. Às quintas, já temos a tradicional live com os repórteres que fizeram o programa da semana. Conversamos sobre o ‘Globo Repórter’ que vai ao ar no dia seguinte, contamos sobre os bastidores das viagens e gravações e damos vários spoilers. Nos outros dias, gravo as reportagens que eventualmente estiver fazendo para um programa inteiro. Sinceramente, não há uma parte que goste mais porque cada uma tem um gostinho diferente e gostoso. Adoro trocar ideias com os colegas, amo o estúdio e curto muito as externas.
Como a repercussão do programa chega até você?
Hoje, com as redes sociais, a repercussão chega rapidamente. Lemos tudo o que conseguimos do que publicam a nosso respeito. É importante estar ligado nas observações, nos comentários, sempre podemos evoluir, mudar. Agora, não há nada melhor do que o retorno quando encontro alguém que vem comentar sobre o programa. Adoro conversar com as pessoas, saber a impressão delas sobre o nosso trabalho.
Tem um ‘Globo Repórter’ preferido como espectadora e/ou como repórter?
Sinceramente, não tenho um preferido porque todos são tão diferentes. A gente fala de tanta coisa…tem as viagens sensacionais em que conheço lugares que jamais pensei em visitar, tem assuntos profundos abordados de uma maneira tão delicada que me impressionam, tem as novidades fascinantes que me deixam boquiaberta mas, acima de tudo, tem história de vida das pessoas que abrem seus corações pra gente, o que me emociona muito! Como diz o slogan do ‘Globo Repórter’: “um programa, várias descobertas!”
O que um jornalista precisa saber para fazer a reportagem de um Globo Repórter?
Precisa saber contar bem uma boa história e se aprofundar no tema. O ‘Globo Repórter’ tem esse privilégio, temos tempo para produzi-lo e ser o elo entre a pauta e o telespectador, como se fosse um guia. Não é à toa que os repórteres ficam tão felizes quando vêm participar de um programa, eles podem desenvolver uma pauta com calma e imprimir o jeito deles de uma maneira diferente da correria do dia a dia. O ‘Globo Repórter’ é um programa feito em grande parte pelos produtores que vão a campo e entrevistam os personagens e também pelos editores de cada programa que roteirizam, estruturam, pensam a linguagem daquele episódio e formatam com o editor de imagem na ilha de edição. Ou seja, é um programa feito por uma equipe muito experiente e que trabalha junto há muito tempo.
O ‘Globo Repórter’ vai ao ar, às sextas-feiras, após o ‘BBB 23’, e, partir de 28 de abril, após a novela ‘Travessia’.