"É um tema espinhoso, mas é muito importante que a gente aborde", diz Linhares sobre a corrupção
Faltando menos de um mês para a estreia de Babilônia, o trio de autores comentou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, sobre a trama que vai suceder Império. João Ximenes Braga, que se une a Gilberto Braga e Ricardo Linhares na assinatura do texto, destacou a diferença entre as vilãs da nova novela das nove e as anteriores criadas por Gilberto, como a emblemática Odete Roitman (Beatriz Segall). “O Gilberto sempre tende a criar vilãs muito racionais e estrategistas. Mas tanto a Beatriz (Glória Pires) quanto a Inês (Adriana Esteves) já precisam mais de um tarja preta". "Elas são exacerbadas!", completou Linhares, também comentando as inevitáveis comparações entre Inês e a inesquecível vilã de Adriana em Avenida Brasil (2012): "A Carminha era vitoriosa, se impunha aos outros, e aqui é justamente o contrário. A Inês não tem autoestima nenhuma, ela é assexuada, frígida; a Inês tem inveja dos outros, a Carminha era motivo de inveja."
A corrupção, mais em voga do que nunca no Brasil, é tema recorrente nas obras de Gilberto e já fazia parte de Babilônia antes mesmo dos mais recentes escândalos. "A nossa sinopse começou em 2013, não existia Lava Jato, não existia nada disso que está na ordem do dia, mas já estava na nossa sinopse: o prefeito corrupto, que é o Marcos Palmeira, vai ter um conluio com a dona da empreiteira corrupta, que é a Glória Pires", esclareceu Linhares, completando: "A gente tá de novo botando a mão no fogo, é um tema espinhoso, mas é muito importante que a gente aborde".
Sobre o título escolhido, Linhares afirmou que era para ser Babilônia desde o início e explicou a razão. "É uma novela que trata de três classes sociais: a Regina (Camila Pitanga) é da comunidade; a Inês, que é classe média; e a Beatriz, que é a rica. Falar que Babilônia é por causa do morro da Babilônia faz parecer que a novela é sobre a vida daquela comunidade, e não é isso”. Gilberto logo se opôs ao politicamente correto: “Sabe que eu não tô gostando de ouvir ‘comunidade’? Porque tá me parecendo eufemismo. É favela”, decretou o veterano.