Obra de 1981, criada por Manoel Carlos, está disponível no catálogo de clássicos do Globoplay.
Tony Ramos tinha cerca de 15 anos de carreira quando viveu um de seus grandes marcos profissionais: interpretar os gêmeos Quinzinho e João Victor na novela Baila Comigo, disponível no catálogo de clássicos do Globoplay. A saga dos irmãos separados no nascimento mobilizou o Brasil.
O ano era 1981 e quase não havia recursos tecnológicos para facilitar a vida do ator e da direção. Era a arte de interpretar da forma mais pura, levando toda a emoção do texto de Manoel Carlos ao público. Se o ator encarou como um desafio? Ele diz que não, e vai além, destaca que foi um grande estímulo.
"Na verdade, não foi desafiante, mas, sim, estimulante fazer os gêmeos João Victor e Quinzinho. De fato, os recursos tecnológicos não são nem de longe o que temos hoje, mas aí é que estava também o romântico, o lírico, aí, sim, o desafiador", contou Tony.
"Eu tinha que mudar de roupa e entrar no espírito de cada um deles, que tinham temperamentos distintos. Era um exercício diário, mas foi muito estimulante e não houve preparação para isso, era apenas cuidar de cada personagem na sua psicologia", completou.
Dever muito bem cumprido
Hoje, do alto de seus 60 anos de carreira, o veterano revê a produção e tudo o que veio a reboque: prêmios, amizades e a certeza de que o dever foi cumprido — e muito bem cumprido.
"Foi bom demais, uma novela de diálogos preciosos. Os prêmios que eu ganhei pelo trabalho foram muito importantes para mim, não somente os prêmios, mas a qualidade trazida pela novela. Estive ao lado de Fernando Torres, Lilian Lemmertz, Christiane Torloni, Beth Goulart, Susana Vieira, Tereza Rachel, enfim, um elenco adorável e afinado, com preocupações claras com o texto do Manoel Carlos, no auge da sua criatividade. Sem dúvida, uma novela entre as mais marcantes da minha vida."
Aliás, Tony faz questão de ressaltar a parceria com o autor, que o considera um talismã. Tony, além de ser filho da primeira Helena — sim, Baila Comigo inaugurou a era das Helenas —, por três vezes, interpretou personagens apaixonados por outras três protagonistas homônimas criadas por Maneco (nas novelas Felicidade, Laços de Família e Mulheres Apaixonadas).
"A minha relação com Manoel Carlos é a melhor que existe. Um grande amigo, compadre querido, uma pessoa de extrema grandeza, um intelectual, um pensador e filósofo."
E como obra-prima não tem idade, Tony Ramos acredita que os jovens vão gostar da trama, que ele também vai tirar um tempinho pra voltar a assistir.
"Não costumo ficar depositando nenhum tipo de expectativa porque o público é jovem, porque é mais conservador, porque é mais idoso. O que interessa é uma boa história, e isso nós temos. Quanto a mim, sempre que posso, vejo, sim, meus antigos trabalhos."