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Taís Araújo reconhece equívocos em sua escalação para estrelar "Viver à Vida"

"Naquela época, era difícil aceitar uma mulher negra bem-sucedida", relata a atriz.

por Redação, em 20/03/2024

Taís Araújo. Foto: Reprodução/GloboPlay

Há 15 anos, Taís Araújo foi convidada para interpretar o papel de Helena em "Viver à Vida". Durante seu depoimento no Tributo a Manoel Carlos, lançado no Globoplay na semana passada, a atriz compartilhou suas reflexões sobre sua participação na trama. Ela reconhece que tanto ela quanto a Globo cometeram equívocos ao acreditarem que uma protagonista negra de classe alta seria bem aceita pela sociedade da época. 

Taís foi a primeira e única Helena negra até então. Além disso, sua personagem se destacava por ser jovem, solteira, sem filhos e bem-sucedida como modelo internacional. No entanto, tanto a personagem quanto a própria atriz enfrentaram críticas e não conquistaram a simpatia do público.

"Naquela época, era difícil aceitar uma mulher negra bem-sucedida, sem que houvesse uma justificativa clara para sua posição privilegiada", ponderou Taís ao iniciar sua análise. "Recebi uma enxurrada de críticas de diversas fontes, o que me afetou profundamente. Hoje, com mais distanciamento, consigo reconhecer os possíveis erros, tanto meus quanto do Maneco, do Jayme [Monjardim, diretor da novela], e da própria Globo", acrescentou.

Taís também expressou sua convicção de que a verdadeira Helena da novela era a personagem de Lilia Cabral, uma mãe dedicada que cuida de uma filha tetraplégica. "A personagem de Lilia Cabral era quem melhor personificava o espírito de Helena na trama. Por ter participado de tantas novelas de Manoel Carlos, ela merecia ter sido a escolhida para esse papel. O cerne da história residia na relação familiar entre mãe e filha. Sempre tive a sensação de que eu não deveria ter sido a Helena naquela trama. O papel era destinado à Lilia Cabral", afirmou Taís.

Em outubro do ano passado, no programa Assim como a Gente, do GNT, Taís havia relatado o medo das críticas: "Eu comi aquela pilha e fiquei imobilizada, com muito medo de tudo, da minha carreira acabar e não ter outra chance. Eu fiquei paralisada".

Durante o Tributo, Manoel Carlos explicou através de uma carta porque nunca convidou Lília para interpretar uma Helena. Segundo o autor, Lilia é a antagonista ideal, e colocá-la como protagonista seria complicado, pois ela se destaca muito como antagonista. "Ela nunca foi vilã. Suas personagens sempre tinham razões para serem como eram. Nas minhas novelas, todas elas, Lilia sempre se destacou. Não adianta dar um papel pequeno para Lilia. Ela sempre se destaca", concluiu o autor.


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