O ator compartilhou seus sentimentos sobre interpretar novamente um protagonista de Benedito Ruy Barbosa em uma novela tão emblemática.
Marcos Palmeira, aos 60 anos, vive uma situação única ao interpretar o papel de José Inocêncio na novela "Renascer", que foi defendido por Antonio Fagundes na versão original. Em 1993, primeira versão, o ator deu vida ao filho rejeitado, agora interpretado por Juan Paiva. Esta troca de papéis, rara na teledramaturgia, oferece ao intérprete a oportunidade de revisitar sua carreira e avaliar as mudanças que ocorreram ao longo do tempo.
Em uma entrevista exclusiva à coluna GENTE, da Revista Veja, Palmeira compartilhou seus sentimentos sobre interpretar novamente um protagonista de Benedito Ruy Barbosa em uma novela tão emblemática. Ele expressou sua surpresa e gratidão por estar revivendo essa história e explorando o drama de personagens tão icônicos.
"Não sei nem te explicar, na minha carreira nunca imaginei estar nesse lugar hoje. Nesses coronéis do Benedito, nessa lembrança, quando comecei lá no Pantanal, depois Renascer... Estou recontando uma história que já fiz, revisitando essa dramaturgia, me atravessa inteiro", disse Palmeira.
Palmeira refletiu sobre sua experiência ao interpretar papéis opostos. Anteriormente, desempenhou o papel de filho rejeitado e agora, aos 60 anos, vive o personagem do pai que rejeita o filho. Ele brincou sobre essa inversão de papéis, destacando a ironia da situação e fazendo alusão à teoria de Freud para entender a mudança de perspectiva ao longo dos anos. "Estou mais velho (risos). Fiquei brincando, ‘só Freud pode explicar uma situação dessa’. Você faz um personagem, (Antônio) Fagundes tinha 43, eu tinha 30; o Ruan (Paiva) tem 20 e poucos, eu estou com 60."
Palmeira abordou a possibilidade de ser estigmatizado por sua associação com personagens rurais ao longo de sua carreira. Ele rejeitou a preocupação com rótulos, enfatizando seu compromisso em interpretar personagens interessantes e desafiadores, independentemente do contexto. "Quando comecei, era o playboy carioca, ouvia muito ‘cuidado para não ficar estigmatizado’; depois fui para galã rural, depois era ‘cuidado para não fazer tanto delegado’. Estão sempre querendo colar e eu não tenho nenhuma preocupação. Se o personagem é legal, se vou colaborar de alguma forma, vou fazer. Não há preocupação nem cobrança. Vou jogando onde sinto que me cabe, não vou entrar numa pelada furada."
Quanto à personalidade de José Inocêncio, Palmeira revelou que o personagem o instiga pela complexidade de sua jornada. Reconheceu os traços de machismo e homofobia presentes no personagem, mas ressaltou sua tentativa de crescimento pessoal e sua luta para se tornar uma pessoa melhor, mesmo diante de suas dificuldades sociais.