Casamento é posto em cheque antes, durante e depois de ser consumado.
Digo ao povo que caso! Em cenas que vão ao ar a partir desta sexta-feira (1º de abril), após passar a noite com Madeleine (Bruna Linzmeyer/ Karine Teles) e deixar a família Novaes de cabelo em pé com o “sumiço” da moça até a manhã do dia seguinte, José Leôncio (Renato Góes/ Marcos Palmeira) faz questão de conversar com Antero (Leopoldo Pacheco) e lhe dar satisfações sobre o que aconteceu enquanto estava com sua filha. Direto ao ponto, José Leôncio logo revela que dormiram juntos. Já Antero, não tão direto assim, quer saber como fica a situação de sua filha. O fazendeiro não se intimida e diz que se for do gosto de Antero e da vontade de Madeleine, eles se casam, deixando claro que é essa sua vontade também.
Assim acontece, para o desespero de Mariana (Selma Egrei), que deseja à filha um marido com mestrado no exterior, como seria se ela casasse com o ex-namorado Gustavo (Gabriel Stauffer); e Irma (Malu Rodrigues), que se apaixona pelo peão antes mesmo de ele virar seu cunhado. “Há uma questão de classe nesse relacionamento, essa diferença choca a família da Madeleine. Ela questiona a mãe, a família, se apaixona por alguém que é estranho àquele lugar. Madeleine tem uma vontade própria e segue seu desejo”, comenta Bruna Linzmeyer, e acrescenta que depois do casamento, a relação dos dois no Pantanal enfrentará desafios ainda maiores. “Nos capítulos em que participo, a Madeleine passa por uma transição muito grande. O Pantanal marca muito a vida dela, assim como a vivência com o Zé Leôncio, de uma maneira péssima. Ela é uma pessoa antes e outra depois do Pantanal. Para mim, no começo, Madeleine é uma jovem mulher muito brilhante, exuberante, com muita energia, muita vontade. É também muito mimada, ela tem tudo, pertence a uma família muito rica, e não é muito amparada por eles. Ela sofre desse desamparo familiar e encontra esse desamparo também no Zé Leôncio. Na minha perspectiva e na minha forma de construir Madeleine, a personagem é muito desamparada por esse homem e por essa estrutura. Eles são muito diferentes e nenhum dos dois está disposto a ceder. Ele quer que ela viva a vida dele e ela quer que ele viva a vida dela. Ou eles ficam no Pantanal ou no Rio de Janeiro. Não existe outra possibilidade, não existe um diálogo, não existe a ideia de construírem a vida juntos. E aí ela encontra esse Pantanal de muita solidão”, finaliza.
Para Malu Rodrigues, que interpreta Irma na primeira fase da novela, a relação das duas representa a relação de muitos irmãos, mas em um tom acima. “Irma e Madeleine representam um pouco essa relação de amor e ódio de irmãos. É uma relação baseada em competição, infelizmente. Muitos irmãos são criados assim, tem muito amor, tem muita paixão, mas tem o outro lado. A Irma tem fascínio pela coragem da irmã e pela vida de liberdade, pelo fato de a irmã fazer o que quer. Sobre a paixão por José Leôncio, acredito que ninguém é 100% correto na vida. A gente erra, se apaixona, se apaixona errado, na situação errada, acha que se apaixonou e não se apaixonou. A vida é feita de escolhas. Irma é uma moça que é criada presa, reclusa, e às vezes invejando Madeleine. Não quer fazer mal à irmã, mas deseja o que ela tem”, complementa.
Os desafios do casal são inúmeros. Após estar tudo acertado para o casamento, Madeleine passa um sufoco para convencer o noivo a trocar suas botas por sapatos, colocando em xeque a cerimônia pela teimosia de José Leôncio. Problema solucionado, dizem sim, papel passado, festa terminada, mas e o casamento? Esse segue em risco. Após toda a festança, chega a hora de arrumar as malas. E quem disse que Madeleine quer morar no Pantanal? Definitivamente, isso não está em seus planos.
Os bastidores do casamento
A primeira fase de ‘Pantanal’ se passa nos anos 1990, cerca de 30 anos atrás, quando não só o comportamento, mas a moda, decoração, tecnologia, transporte eram muito diferentes do que encontramos no Brasil nos dias de hoje. Por isso, o trabalho de produção de arte foi essencial para a trama. “A festa acontece tanto na igreja quanto na casa da família e para estes dois ambientes buscamos de várias formas referências para trazer um resultado que corresponda à realidade da época. A internet é uma grande aliada de pesquisa, mas dessa vez foi preciso ir além. É muito difícil, por exemplo, encontrar nessa busca os estilos de buquês utilizados em casamentos da alta sociedade carioca. Por isso, recorri a amigas que casaram por aqui neste período e me mandaram fotos de acervo pessoal para que pudéssemos produzir o buquê de Madeleine. Há modelos mais redondos, mais caídos, há cascatas, como foi o de Madeleine. Cada detalhe posto nas mesas também foi pensado com cuidado, levando em consideração a família Novaes, uma família bastante rica naquela época, tradicional, que realiza um casamento igualmente tradicional, mais careta e bem arrumadinho. Outro detalhe é na decoração da igreja. Antes você colocava as flores e a igreja já ornava. Quis manter isso para batermos o olho e sabermos que estamos nos anos 1990. O mesmo para os carros da época, os docinhos servidos e diversos outros detalhes”, explica Mirica Vianna, produtora de arte de ‘Pantanal’.
Já a figurinista Marie Salles conta detalhes sobre a escolha do vestido usado por Madeleine. “O vestido da Madeleine é do Carlos Bacchi, designer de Porto Alegre que está fazendo sucesso entre as noivas no Brasil. Ele foi muito querido e me cedeu esse vestido que pertence ao ateliê dele. Quando comecei a procurar o vestido, queria um modelo ombro a ombro e justo, sexy, mas que ao mesmo tempo marcasse a época, e que também marcasse a personalidade da Madeleine. Acho que esse vestido caiu como uma luva. Como é um casamento tradicional, tem o véu, a mantilha cobrindo o rosto com uma coroa de brilhantes”, conta.
‘Pantanal’ é escrita por Bruno Luperi, baseada na novela original escrita por Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Rogério Gomes, direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard, Cristiano Marques e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.