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Novo Mundo: Jacira se preocupa com Piatã na mata

Uma entrevista com a atriz Jurema Reis.

por Redação, em 19/06/2020

Foto: Cesar Alves/TV Globo

Piatã (Rodrigo Simas) é um índio, mas foi criado pelo pai de Anna (Isabelle Drummond) na Europa. Viveu como um estranho para os outros e para si mesmo, mas ao embarcar para o Brasil tinha como objetivo resgatar sua origem e conseguiu se reconectar com seu passado ao conhecer os índios Tucarés.

Mas apesar de ter recebido o acolhimento dos índios, Piatã não consegue se sentir à vontade na aldeia. O relacionamento com Jacira (Giullia Buscacio) motivou esse conflito, pois a jovem índia não se decide entre viver ao lado dele ou se transformar em guerreira. Nos últimos capítulos da trama, em conversa com o Pajé Tibiriçá (Roney Vilela), Piatã descobre que seu destino na aldeia é se tornar Pajé e fica aflito ao saber que precisa enfrentar essa situação sozinho. Tibiriçá avisa que ele tem o dom para substituí-lo na função de líder espiritual e para isso terá que se isolar.

Nos próximos capítulos da novela, Jacira fica preocupada com o sumiço de Piatã no meio da mata e, mesmo dividindo a angústia com a irmã Jurema (Jurema Reis), decide ir atrás dele. Ela sabe que a mudança e o amadurecimento são necessários para ele, mas teme perder seu grande amor.

‘Novo Mundo’ é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com Duba Elia, João Brandão e Renê Belmonte e tem direção artística de Vinícius Coimbra e direção de André Câmara, João Paulo Jabur, Bruno Safadi, Guto de Arruda Botelho e Pedro Brenelli.

ENTREVISTA COM JUREMA REIS

O que achou sobre a volta da novela ao horário das seis?

Nós do elenco ainda mantemos contato por um grupo de whatsapp e soube por lá que a novela seria reprisada. É uma alegria imensa poder rever essa história, que conta lindamente e com muita verdade a história do Brasil do século 19. Uma grande oportunidade para todos os brasileiros, principalmente os jovens que estão sem poder ir à escola nesse momento de pandemia, de conhecer e se aprofundar na história do nosso país com um entretimento de muita qualidade e cheia de aventuras. Sem dúvidas, um momento muito inspirador dos autores Alessandro Marson e Thereza Falcão, que estão chegando com a sequência de 'Novo Mundo', a novela 'Nos Tempos do Imperador', que com certeza será sucesso.

Como foi a parceria com Giullia Buscacio?

A Giullia é uma colega muito querida. Uma atriz dedicada à sua arte e com muita sensibilidade. Ela se entrega, vivencia o momento da personagem e eu tenho muito disso no meu trabalho, esse sentir latente, deixar aflorar a alma da personagem. Foi um lindo encontro em cena. Quero muito repetir essa parceria na vida profissional

Qual a importância dessa personagem na sua carreira?

Minha vida está dividida em antes e depois de 'Novo Mundo'. Esse trabalho se tornou o mais especial da minha carreira. Especialmente pela chance de vivenciar uma personagem que tinha o meu nome. E, com toda certeza, mesmo não sendo neta e nem bisneta de índios diretamente, tenho certamente sangue de índio correndo aqui. Todos nós temos. Contar a história desse povo, que sofreu e vem sofrendo ainda hoje, foi necessário. É necessário. Revendo a novela podemos conhecer a história, a realidade desse povo. Os verdadeiros donos da terra. Por último, por ter vivido a maior alegria da minha vida que foi ter ficado grávida da minha filha no fim da novela. Tive endometriose e a maternidade era algo incerto na minha vida. A coincidência mais linda foi que comecei a novela grávida de mentira de um indiozinho (a personagem estava grávida de uns 6 meses) e terminei com minha Gaia na barriga. Tinha pouco tempo, ainda ia completar três meses, e por isso não abri para todos, mas foi muito especial quando contei para meus colegas do núcleo no último dia de gravação.

Qual cena gostaria de rever?

Tem duas cenas mais fortes que gosto muito. Uma que é quando Ubirajara (Allan Souza Lima) vai embora e ela se despede do marido quando ele deixa a aldeia. A outra é a sequência quando ela diz duramente para irmã Jacira (Giullia Buscacio) que o filho ficou sem pai e que ela tem muita responsabilidade sobre aquilo. Foi duro, foi triste! Mas tinha muito a dor da Jurema ali.

Lembra de alguma cena que foi mais difícil fazer?

O início do trabalho foi muito difícil. Nós todos, apesar de fazermos um longo laboratório, trabalhando prosódia e o corpo com profissionais maravilhosas como Iris Gomes e Ana Kfouri, e até ter visitado uma aldeia, não sabíamos como seria a resposta daquelas vidas que estávamos representando na tela. Era tudo muito diferente. Muito desafiador para todos nós, elenco e equipe. Teve muita entrega de todos nós e uma direção primorosa. Já tinha trabalhado com o diretor Vinícius Coimbra e o André Câmara em 'Lado a Lado', mas em 'Novo Mundo' eles chegaram com mais responsabilidade e foram muito felizes, eles e todos os nossos diretores. Com muita dedicação e inteligência. Mas a sequência que a Jurema adoece, tem uma moléstia do pulmão, gripe, foi bastante difícil também. Como colocar no corpo da Jurema aquela enfermidade desconhecida na época? Infelizmente a nossa história é muito atual. Com tudo que ainda enfrentamos quase duzentos anos depois. Toda perseguição que o povo indígena e os negros ainda sofrem, muita ignorância do Estado e ainda temos que lidar com novas doenças, como o corona vírus entrando em aldeias e dizimando parte da população mundial. Triste!

Que momento das gravações você lembra com mais carinho?

Todos os momentos que reuniam o elenco eram muito especiais. A cena em que os índios vão reivindicar a demarcação de terras foi muito forte, importante e especial. Mas o nosso último dia de gravação, quando filmamos a apresentação final de teatro do Joaquim (Chay Suede), com todos na plateia, foi especial demais. Essa é a última cena da novela. Difícil de esquecer e conter as lágrimas.

Tem alguma característica ou algo que você aprendeu com o personagem que ficou para a sua vida?

Viver a índia Jurema foi engrandecedor demais. Um aprendizado enorme, em tudo. Sobretudo com o trato da natureza e com o outro. Respeito! Respeito! Respeito!

O que você tem ouvido dos amigos e do público sobre a novela? Como está a repercussão?

Ah! A família e os amigos ficam muito felizes. Foi um trabalho muito especial. E o que mais comentam é de como a Gaia, minha filha reage ao me ver na televisão. Respondendo, ela viu alguns capítulos e curtiu. Quando vê o comercial, fala: “Novela da Mamãe!”. Mas achei melhor não ver mais porque ficou difícil para ela que é tão pequena entender que é só ficção. Principalmente porque a personagem tem o meu nome e a vida dos índios não foi (nem é) fácil. Preferi não mostrar mais.

Como tem passado esses dias de isolamento?

Estamos em casa e somos privilegiados por isso. Eu, meu marido e minha filha. Estimulamos muito a Gaia em tudo, sempre brincamos bastante com ela, mas o isolamento trouxe muito mais conexão. Fazemos muitas atividades, como colagem, pintura, brincadeiras, e estou até me aventurando na construção de brinquedos de papelão, alguns educativos. Trabalhamos formas, cores e já fizemos laptop, máquina de lavar, cadeira de alimentação para bonecas e até um cavalo chamado Potó. Ela está amando e para mim tem sido uma terapia.

Estava com projetos em andamento antes da quarentena?

Sim! Iria gravar uma série em São Paulo, em abril, mas com o corona o projeto foi adiado. A classe artística já vem sofrendo uma represália muito grande por parte do atual governo. Com a pandemia tudo agravou. Uma realidade muito dura para o profissional das artes. Teatros e cinemas fechados, estreias adiadas e projetos que já tinham sido contemplados tendo sua realização cancelada. Não sei onde isso tudo vai dar, mas espero que mude. Que a realidade do artista brasileiro mude. E que o povo que está agora se deleitando, em casa, com todas as mídias artísticas disponíveis, possam dar o devido valor ao nosso trabalho.


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