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No Rancho Fundo: próxima produção das seis une uma trama contemporânea embalada por uma linda história de amor

Uma comédia romântica criada e escrita por Mario Teixeira, com direção artística de Allan Fiterman.

por Redação, em 10/04/2024

Foto: Divulgação/TV Globo

Entre todas as riquezas do sertão, é na casa da família Leonel Limoeiro onde se pode achar os bens mais preciosos. Amor, união, perseverança e humildade brotam no lar, sem sequer precisar garimpar. Nas entranhas daquelas terras, as mãos aguerridas de uma mãe e de um pai encontram não apenas o seu sustento, mas uma preciosa descoberta que promete mudar para sempre a vida de sua família. Zelosos e superprotetores, é com a mesma garra e determinação que eles tentam proteger sua única filha, uma bela moça que desperta olhares por onde passa. E será entre as descobertas de uma nova vida, nos sutis e bem-humorados contrastes que conectam o sertão e a cidade, que a família Leonel Limoeiro e os moradores de Lapão da Beirada seguirão a vida tentando entender: afinal, onde mora a riqueza da vida?

A resposta para essa pergunta guia a trama de ‘No Rancho Fundo’, uma comédia romântica criada e escrita por Mario Teixeira, com direção artística de Allan Fiterman. A próxima produção das 18h une uma trama contemporânea embalada por uma linda história de amor, que mergulha em um cenário de fábulas e bebe na nascente do sertão para apresentar as conexões com a modernidade da cidade.

A história é conduzida pelos sonhos e amores de Quinota (Larissa Bocchino), a filha de Zefa Leonel (Andrea Beltrão), que, com sua pureza e ingenuidade, não se dá conta dos riscos que corre ao se aproximar de Marcelo Gouveia (José Loreto), o engenheiro galanteador que mora na cidade. O que a moça pensa ser amor, na verdade, logo vai se revelar desilusão. E nem a fúria da família Leonel, que acredita que Marcelo desonrou a jovem, fará com que ele se case com Quinota – ainda mais depois de abandonar a cidade. Mas os ventos do sertão vão soprar e colocar uma nova paixão nos caminhos de Quinota: Artur Ariosto (Túlio Starling), o melhor amigo de Marcelo. Um romance que terá que lidar com desafios ainda maiores após a descoberta da pedra preciosa que, para além do dinheiro, vai trazer de volta à vida de Quinota o mau-caráter Marcelo.

Para o autor Mario Teixeira, ‘No Rancho Fundo’ é uma história de amor: “A trama conta uma história de amor e superação, através principalmente da história de Quinota e seu processo de formação. Ela é uma moça ultrarromântica que, ao longo da novela, vai se tornar uma mulher. A maior referência da novela é a figura feminina – enfatizar a posição da mulher na sociedade, essa figura central e fundamental da família brasileira, como mostram as estatísticas. Então mostraremos também um processo de amadurecimento da personagem. É uma novela com protagonistas que são pessoas simples, mas que têm o poder de mudar o seu destino como Zefa Leonel e Quinota, que dará continuidade à herança da mãe. E ter a Zefa Leonel feita pela Andrea Beltrão é um privilégio. Ela está animada e muito feliz com o texto, e nós também”, celebra.

Para o diretor artístico Allan Fiterman, a novela é uma fábula sertaneja e conta uma história de amor, em primeiro lugar, e de uma família humilde, mas rica de valores. “Escapamos um pouco da realidade, pois temos arquétipos bem desenhados. Alguns, inclusive, voltam de ‘Mar do Sertão’, como universos paralelos que se encontram. Em ‘No Rancho Fundo’, a história é mais complexa, nossos heróis têm mais camadas. A Zefa Leonel, interpretada por Andrea Beltrão, é uma justiceira que cuida da família e manda na casa. Seu Tico Leonel, vivido por Alexandre Nero, é o marido dela, mas a força da casa está na mulher e não no homem”, complementa Allan, que repete com Mario a parceria vista em ‘Mar do Sertão’ (2022).

‘No Rancho Fundo’ é criada e escrita por Mario Teixeira com direção artística de Allan Fiterman. A obra é escrita com a colaboração de Marcos Lazarini, Dino Cantelli, Angélica Lopes e Renata Sofia. A direção geral é de Pedro Brenelli e a direção é de Bernardo Sá, Carla Bohler e Larissa Fernandes. A produção é de Silvana Feu e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.

 Os amores – e desamores – de Quinota 

Feito flor de mandacaru, Quinota (Larissa Bocchino) desabrochou lindamente enquanto crescia com a família na distante Lasca Fogo, lugarejo fictício do sertão do Cariri. A jovem é do tipo que acredita no amor à primeira vista e desperta olhares por onde passa, como os do bon-vivant Marcelo Gouveia (José Loreto) e de seu melhor amigo, o bom moço Artur Ariosto (Túlio Starling). 

Foto: Divulgação

Para as irmãs, ela confidencia, num primeiro momento, quem é o dono de seu coração: Marcelo Gouveia, o bonitão de Lapão da Beirada, por quem sonha acordada. Os rumos dessa relação vão fazer com que a filha de Zefa Leonel (Andrea Beltrão) experimente uma grande decepção amorosa, mas isso não será capaz de abalar sua força interior. Sua referência é justamente o casamento de seus pais, que vivem uma relação que transborda amor e parceria.

Um assalto coloca frente a frente Quinota e Artur Ariosto (Túlio Starling), o melhor amigo de Marcelo Gouveia. O filho de Quintino Ariosto (Eduardo Moscovis) salva a jovem da situação, sem que nenhum deles saiba dos laços que mantêm com Marcelo. O cuidado e a proteção de Artur, apesar da desconfiança que o encontro repentino causa, faz com que um sentimento de gratidão e, logo depois, de amor desperte na filha de Zefa Leonel (Andrea Beltrão). Ao Padre Zezo (Nanego Lira), Quinota então confessa: está apaixonada pelo rapaz.

Apesar de raramente se encontrarem, quando o destino colabora, um beijo é inevitável, mas ele se desculpa e resiste aos sentimentos por acreditar que a jovem tem um noivo. Quinota esclarece que seu noivo fugiu, o que faz com que os dois se aproximem ainda mais. Longe dali, em Salvador, Marcelo Gouveia, se escondendo da ponta da peixeira de Seu Tico Leonel (Alexandre Nero) e de Zé Beltino (Igor Fortunato), o primogênito da família, que exigem que ele cumpra o compromisso com Quinota, conhece a irresistível Blandina (Luisa Arraes). A dupla de vilões, unida pelo caráter duvidoso e pela ambição desmedida, promete uma vida nada fácil ao casal Quinota e Artur, fazendo dessa comédia romântica uma história recheada de encontros e desencontros, revelações e reviravoltas.

Lasca Fogo: “onde o cão perdeu as botas!” 

É assim que Marcelo Gouveia (José Loreto) se refere ao distrito de Lasca Fogo. É lá onde estão fundeadas as estruturas do rancho dos Leonel Limoeiro, um lugar que guarda em cada tijolo curtido pelo sol as memórias dessa grande família. Em cada canto dessa casa, onde as velas e lamparinas fazem a vez da luz elétrica, transborda a certeza de que, apesar da dureza da vida, ali é um lar feliz. 

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O lema da chefe dessa família, Zefa Leonel (Andrea Beltrão), e de seu marido, Seu Tico Leonel (Alexandre Nero), é “onde come um, comem dois”. Mas nessa casa, na verdade, comem dez: além dos filhos Quinota (Larissa Bocchino), Zé Beltino (Igor Fortunato) e Juquinha (Tomás de França), moram com eles Tia Salete (Mariana Lima), a irmã de Zefa Leonel, e os agregados, filhos de criação, Benvinda (Dandara Queiroz), Margaridinha (Heloísa Honein), Nastácio (Guthierry Sotero) e Aldenor (Igor Jansen). E completam essa família orgulhosamente sertaneja cachorros, cavalos, cabras, porcos e galinhas, que deixam o lugar ainda mais especial.

Na busca pelo sustento, o casal Leonel se divide entre o garimpo e as plantações. E nessa luta diária uma coisa é certa: não há nesse lar determinação e garra maiores que as de Zefa Leonel. Vez ou outra, longe dos olhos da esposa, de quem morre de medo, Seu Tico Leonel faz corpo mole e deixa de lado o trabalho árduo nas plantações da família.

Apesar de amar o lugar onde vive, para uma jovem que está conhecendo o amor como Quinota (Larissa Bocchino), algumas restrições da sua casa dificultam sua relação com o “mundo”. Sem energia elétrica, por exemplo, usar o celular é um desafio e tanto, e a moça aproveita, sempre que pode, cada oportunidade na casa de Primo Cícero (Haroldo Guimarães), onde há eletricidade, para conversar com Marcelo Gouveia (José Loreto).

A família de Primo Cícero (Haroldo Guimarães), dono do entreposto que abastece o garimpo da região, não deixará passar seus direitos em relação às terras dos Leonel, ainda mais sob influência das suas duas filhas, as fofoqueiras Fé (Rhaisa Batista) e Esperança (Andréa Bak), cujos nomes virtuosos não ajudam nem um pouco a limpar a reputação delas, que são as famigeradas e temidas Rosalinas. A filha caçula de Primo Cícero, Caridade (Clara Moneke), é uma moça que trabalha fora, bastante decidida a ter sua própria vida, para horror do pai conservador.

 Uma pedra no meio do caminho

Foto: Divulgação/TV Globo

Convicta de que essas terras são de sua família há mais de 100 anos, Zefa Leonel (Andrea Beltrão) sabe que, para um forasteiro desavisado, o lugarejo pode não ter muitos atrativos, mas na defesa ferrenha da matriarca daquele pedaço de terra estão a força dos laços afetivos fincados no lugar e os mistérios que suas grutas preservam ao redor. No entorno da simples residência, ainda propriedade de Zefa Leonel – até que se prove o contrário –, feito um eldorado em meio ao sertão, repousam minas de uma pedra azul, a mais cara das gemas, o mais desejado bamburrar, o maior dos sonhos garimpeiros: a raríssima pedra turmalina paraíba.

São para essas minas, já consideradas secas por conta da exploração do passado, que Zefa Leonel direciona suas forças e esperanças, depois de perder suas plantações para as pragas. Mesmo com paredes prestes a desmoronar, Zefa Leonel vai até o fundo da Gruta Azul, munida de seus instrumentos de garimpo, acreditando piamente que a natureza não morre e que das entranhas daquelas terras ainda hão de brotar pedras preciosas.

Quinota (Larissa Bocchino) e Seu Tico Leonel (Alexandre Nero) temem pela segurança de Zefa Leonel, dado o perigo que é encarar as minas da Gruta Azul. Teimosa, a mãe da jovem ignora os apelos e desce ao fundo da gruta. Um estrondo deixa pai e filha desesperados. O chão sob os pés de Zefa Leonel cede, revelando um lugar misteriosamente lindo. No meio do caminho, ou melhor, incrustada em uma parede tinha uma pedra... uma turmalina paraíba, que vai mudar a vida da família.

O achado da turmalina paraíba vai garantir a família Leonel Limoeiro uma vida bilionária, com acesso a um universo luxuoso jamais visto, sequer sonhado. Do rancho a família passa a morar no movimentado Grande Hotel São Petersburgo, lugar onde novos desafios se impõem, colocando à prova a essência dessa família que, apesar da vida de dificuldade, sempre foi muito unida e feliz. Os valores dessa família sobreviverão às seduções e aos riscos trazidos pela riqueza? Diz a sabedoria popular que quem nunca comeu melado, quando come se lambuza...

A vida “chic e pujante” de Lapão da Beirada

 O prefeito Sabá Bodó (Welder Rodrigues), figura conhecida de Canta Pedra, cidade fictícia de ‘Mar do Sertão’, agora orgulha-se de estar à frente da administração da “pujante” Lapão da Beirada. O desenvolvimento e a infraestrutura vieram com a exploração das jazidas da região, garantindo à cidade uma vida urbana agitada, o que desperta o interesse de visitantes de outros lugares. É justamente para esse universo tão diferente da pacata Lasca Fogo que os Leonel Limoeiro vão depois de terem suas vidas transformadas.

Na cidade, despontam belas construções como a do Grande Hotel São Petersburgo, sempre aberto àqueles que podem pagar pelo seu conforto. É lá, por exemplo, que Artur Ariosto (Túlio Starling) mantém um flat, e seu amigo Marcelo Gouveia (José Loreto), habituado às coisas boas da vida, passa sempre uma temporada. O hotel é a construção que melhor materializa a pujança desse município cosmopolita, o que não sai da boca de seu fanfarrão prefeito.

Outro símbolo de Lapão da Beirada é a sua rua mais importante, a Vileganhon. Além do Grande Hotel São Petersburgo, a rua abriga várias lojas que ostentam suas marcas de alto luxo, para delírio de quem se depara com suas vitrines iluminadas e carésimas. Se Paris tem sua Champs-Élysées, Lapão da Beirada tem sua Vileganhon – um chiquê só!

Nas redondezas também está o popular Cabaré Voltagem, comandado por nada mais, nada menos, que Deodora (Debora Bloch), a coronela vilã de ‘Mar do Sertão’. Ressentida, mais amargurada e manipuladora, ela vive agora na cidade engrossando o caldo dos egressos de Canta Pedra que rumaram para Lapão da Beirada, formando o maior crossover já visto em novelas – 11 personagens de ‘Mar do Sertão’ estão de volta. Como em um distante passado, os caminhos de Deodora e Zefa Leonel voltarão a se cruzar, de onde despontarão lembranças nada agradáveis.

E por falar em vilania... a família Leonel Limoeiro também terá que lidar com uma ardilosa Blandina (Luisa Arraes), que chega a Lapão da Beirada atrás de Marcelo Gouveia (José Loreto). Os dois se conheceram em Salvador e passaram a perna um no outro. Unidos pela ambição e falta de caráter, além da atração, a relação dos dois se revela uma parceria arriscada e perigosa. A menina dos olhos da dupla é Quinota (Larissa Bocchino) que, de uma jovem humilde de Lasca Fogo, se transformou no maior partido da região. Vivendo agora em um mundo completamente novo, a interesseira Blandina logo vestirá o disfarce de amiga para se aproximar da moça e tirar proveito de sua ingenuidade e, claro, do seu dinheiro, em um plano muito bem arquitetado com Marcelo Gouveia. 

Figurino e caracterização: uma fábula sertaneja lúdica e poética 

Com um toque de conto de fadas, ‘No Rancho Fundo’ estende sua característica de fábula sertaneja às produções de figurino e caracterização. A figurinista Julia Ayres, responsável pelo projeto, explica que um dos pontos fundamentais para a construção do acervo foi uma densa pesquisa sobre a região onde se passa a história. “Fomos ao Nordeste para retratar um pouco daquela região e contamos com a ajuda de duas produtoras do Recife (PE), que ajudaram com os estabelecimentos onde poderíamos comprar peças que melhor se encaixavam no universo do personagem e com os fornecedores locais, para que a gente pudesse representar os artistas da região também nas roupas. Visitamos ainda a Feira de Caruaru. A presença desses profissionais no projeto foi fundamental”, conta Julia.

A escolha das peças foi feita de acordo com a realidade de cada um dos personagens. Para a família Leonel Limoeiro, a equipe recorreu aos tecidos naturais, como linho e algodão, em uma paleta de tons predominantemente quentes. Os vestidos leves e floridos de Quinota (Larissa Bocchino), por exemplo, são uma de suas marcas, ressaltando a brejeirice da personagem. Outro ponto importante é a presença de peças, na trama, feitas por Tia Salete: “A Tia Salete (Mariana Lima) é costureira, então as mulheres da família usam roupas com o toque dela. As camisas de Zefa Leonel (Andrea Beltrão) são despontadas, como se a Tia Salete tivesse mexido nelas. A Quinota (Larissa Bocchino) e a Margaridinha (Heloísa Honein) também usam muitos bordados para indicar que foram feitas pela tia”, explica Julia. Na história, a especialidade de Tia Salete é a renda de bilro, uma inspiração que vem do trabalho artesanal das mulheres rendeiras do Ceará.

Olhando para o universo de Lapão da Beirada, os figurinos ganham tonalidades mais amenas, comparados com os de Lasca Fogo. A vilã Blandina (Luisa Arraes), que trabalha em uma loja do shopping de Salvador e depois se muda para Lapão da Beirada, mostra com suas roupas estilosas que entende de moda e o quanto gosta de estar bem-vestida, e isso se torna um atrativo para a nova rica Quinota, que fica tentada a mudar seu jeito de vestir. Na mesma direção está Marcelo Gouveia (José Loreto), com um estilo bem próprio, que recorre às camisas polo coloridas, reforçando também seu apreço por coisas “mais requintadas”. Além da aquisição de peças e da produção na fábrica de costura dos Estúdios Globo, pensando em sustentabilidade, o acervo de ‘No Rancho Fundo’ incorporou parte dos figurinos das novelas ‘Terra e Paixão’ e ‘Guerreiros do Sol’, adaptados para a nova trama.

O lúdico e a poesia da história conduziram o trabalho de caracterização, liderado por Dayse Teixeira. Para a mocinha Quinota (Larissa Bocchino), com seus cabelos longos e naturais, a equipe buscou valorizar os cachos e fios esvoaçantes. No caso de Blandina (Luisa Arraes), a caracterização optou por um corte moderno e um tom loiro iluminado. A vilã também recorre a maquiagem leve, mas com batons fortes.

Outro destaque da caracterização é a personagem Caridade (Clara Moneke): seus fios curtos revelam a personalidade decidida e valente da jovem, que não se conforma com sua realidade e é incansável na busca por uma vida melhor. Para Dona Manuela (Valdineia Soriano), casada com o avarento Ariosto (Eduardo Moscovis), a equipe recorreu às tranças, valorizando a sofisticação e a força da personagem.

Do elenco masculino, Seu Tico Leonel (Alexandre Nero), com seu cabelo curto e desarrumado, ostenta um bigode alinhado, que teve inspiração no personagem de George Clooney, no filme “E aí, meu irmão, cadê você?”. No caso de Ariosto (Eduardo Moscovis), apesar da riqueza, o banqueiro não liga muito para vaidade e, às vezes, poderá ser visto de cabelo atrapalhado, mas ele não deixa de se preocupar com a aparência que a rica família deve manter.

A maior parte dos personagens que voltam de ‘Mar do Sertão’ passa por mudanças sutis ou mantém sua caracterização, como Sabá Bodó (Welder Rodrigues), Padre Zezo (Nanego Lira), Vespertino (Thardelly Lima) e Delegado Floro Borromeu (Leandro Daniel), por exemplo. No entanto, Deodora (Debora Bloch) é a que tem uma transformação mais drástica. A vilã de Canta Pedra, que promete aprontar bastante em Lapão da Beirada, teve seu conceito anterior desconstruído, substituindo os cabelos escovados pelos cachos, usando um figurino mais ousado e uma maquiagem marcante, que destaca sua posição à frente do Cabaré Voltagem.

Cenografia e produção de arte: a liberdade criativa de um sertão colorido 

Para a construção da cenografia de ‘No Rancho Fundo’, a equipe liderada pela cenógrafa Anne Bourgeois reuniu referências de viagens a cidades do Norte e Nordeste. Com isso, desponta na novela um sertão de casas coloridas e singelamente emolduradas pelas platibandas, característica arquitetônica bastante comum no interior dessas regiões e em cidades históricas do Brasil. E isso permeia os dois universos, tanto Lasca Fogo, quanto Lapão da Beirada, fazendo com que a cenografia em si carregue uma dose de realismo fantástico. “Temos uma fábula, então existe a liberdade para construir esse lugar que não existe, mas que, ao mesmo tempo, carrega essa estética tão comovente que há no coração do nosso país”, explica Anne.

Construído nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, o distrito de Lasca Fogo foi o ponto de partida do projeto cenográfico da novela. A casa que abriga os Leonel Limoeiro, motivo de orgulho dessa família, é inspirada em residências coloridas de Pernambuco e está em uma área de cerca de 3,5 mil metros quadrados, por onde também estão a vegetação típica e circulam os animais da família. O produtor de arte Guga Feijó explica que a casa dos Leonel Limoeiro foi conceituada a partir de dois aspectos: simplicidade e encantamento.

A pedra que vai mudar a vida de Zefa Leonel (Andrea Beltrão) e de sua família foi construída pela produção de arte inspirada na própria turmalina paraíba, mas com um tamanho maior e com elementos que a deixassem mais rústica. Outra curiosidade está na reprodução de uma balsa de dragagem, usada em garimpos de fundo de rio, numa proporção menor e com características mambembes, que será utilizada em cenas de flashback de Zefa Leonel, quando ela realizava esse tipo de atividade três décadas atrás.

Ocupando 6,7 mil metros quadrados de área nos Estúdios Globo, está a cidade cenográfica de Lapão da Beirada, com sua “arquitetura inacreditável”, na definição entusiasmada de Anne. Maior símbolo da face cosmopolita da cidade, o Grande Hotel São Petersburgo conta com referências europeias e um misto de estilos: tem lobby, bar, porta giratória, jardim externo e uma decoração interior marcante. Para Guga Feijó, trata-se de um hotel boutique, marcado pelo requinte, e que reforça essa atmosfera fantástica da história. O hotel está na agitada rua Vileganhon, que é inspirada em cidades históricas tombadas, onde se pode visitar lojas sofisticadas em prédios antigos. A cidade de Paraty, por exemplo, é uma dessas referências. Na Vileganhon, construções com pintura caiada, placas luminosas e cores fortes “enfeitiçam” seus consumidores.

Outro lugar importante de Lapão da Beirada é o Cabaré Voltagem. Guga explica que, conceitualmente, o cabaré é um teatro antigo, com um palco onde ocorrem as apresentações, e que tem um ar de um espaço que já foi sofisticado um dia. Elementos da cidade prometem despertar a memória afetiva do público, que é convidado a mergulhar nesse sertão mágico de ‘No Rancho Fundo’. Além das casas bem familiares, Lapão da Beirada terá uma praça com coreto, fazendo dos Estúdios Globo um pedaço do interior do Brasil.

A magia dos efeitos: o sertão nos Estúdios Globo 

A tecnologia também embarca em ‘No Rancho Fundo’, trazendo mais dramaticidade para as cenas e possibilitando a criação de cenários, que são parte importante da novela. Transportando a trama para uma ambientação que trará uma composição entre o espaço árido do sertão e a vegetação crescente, a cidade cenográfica conta com um grande painel de chroma key em formato de U, que permite a aplicação de elementos visuais durante a pós-produção. Para isso, uma série de fotos e vídeos em 360º foram captados em áreas com essas diferentes nuances e servirão de base para recriar as paisagens inseridas, inclusive variando a iluminação conforme o horário e as condições climáticas desejadas para cada cena.

Os efeitos visuais também estão em cenas importantes para o desenvolvimento da história, como no desmoronamento da Gruta Azul. A sequência foi gravada em três locações diferentes com o auxílio de efeitos mecânicos, que ganham ainda mais vida com a inserção de elementos de pós-produção para garantir dramaticidade e a sensação de veracidade e perigo. Dividida em três partes, as sequências gravadas na Gruta Azul, onde será encontrada a pedra, duraram cerca de 15 dias nas cidades de Socorro (SP) – que será a parte interna na ficção; e em Diamantina (MG) e em Mariana (MG). A viagem mobilizou uma equipe de cerca de 140 pessoas, com locações de tirar o fôlego. O público vai poder se encantar com as belezas da região em imagens captadas em 4K e gravações aéreas feitas por drones. ‘No Rancho Fundo’ será a primeira novela das 18h com transmissão em 4K e som imersivo Dolby Atmos.

Uma trilha nordestina, romanticamente brasileira, e uma abertura inspirada nos cordéis 

Valorizando os aspectos lúdico e romântico da história, a trilha de ‘No Rancho Fundo’ reúne clássicos das músicas brasileira e nordestina, com direito a releituras produzidas especialmente para a novela, com a assinatura dos produtores musicais Ricardo Leão e Daniel Tauszig.

Uma das características mais fortes da trilha está no encontro de diferentes gerações da música e em releituras feitas para a novela, buscando ambientar esse sertão mais verde e menos árido na trama, com direito a baião, piseiro, xote e muito forró.

A canção ‘No Rancho Fundo’, um clássico escrito por Ary Barroso e Lamartine Babo, ganha nova versão interpretada por Elba Ramalho e Natascha Falcão, como tema de abertura da novela. Ao receber o convite, Elba lembrou que a música era a preferida de seu pai. “Fiquei superfeliz com o convite, primeiro porque tenho uma memória afetiva dessa canção, que eu cantava com meu pai pelas calçadas do sertão paraibano. E segundo pelo encontro musical com Natascha Falcão, que é uma cantora linda, de uma voz belíssima e que está explodindo no mundo. A gente fica honrado em receber os novos talentos que trazem também algo tão especial desse múltiplo Nordeste, que é tão expressivo culturalmente”, exalta Elba, que tambem está na trilha com a canção “Veio D’Água”.

A pernambucana Natascha Falcão, que concorreu ao Grammy Latino de 2023 e integra o elenco da novela, também está na trilha com a música “Adeus”. “Cantar com a Elba Ramalho é um grande aprendizado, uma emoção muito grande e uma honra dar voz, junto a ela, ao tema de abertura da novela. Ela é uma das maiores representantes da música nordestina hoje. E essa versão, que é de uma música de 1930, e que foi regravada na década de 80/90 por Chitãozinho e Xororó, agora, 35 anos depois, vem numa versão com mais cara de nordeste, trazendo essa nostalgia, esse bucolismo, esse amor pela terra. A música traz essas grandes emoções que estão tão presentes na novela”, celebra.

Sobre as releituras, além do tema de abertura, os destaques são a nova versão de “Ponteio”, com Edu Lobo, e o clássico “Qui nem jiló”, de Luiz Gonzaga, agora interpretado pelos músicos Selton e Arto Lindsay – ambas produzidas para a novela. O Rei do Baião também está na trilha com a canção “Sanfona Sentida”. Faz parte ainda a versão do grupo Forró in the Dark da música “Sabiá”, também consagrada na voz e sanfona de Gonzagão.

A trilha conta com a inédita de Feyjão e Gilberto Gil, a canção “Vento”; com Alceu Valença, que dá voz à canção “Eu quero ver você dizer que eu sou ruim”; Fagner que interpreta “Lembrança de um beijo”; Flávio José com o seu clássico “Tareco e Mariola”; Comadre Florzinha, que interpreta “Grande Poder”; Pietá, Demarca, Juliana Linhares e Rafael, com a música “Perfume de Araça”; o grupo Barbatuques, com seu “Baião Destemperado”; Nina Oliveira, que interpreta “Naise”; Luso Baião com seu “Cheira Bem”. O piseiro de João Gomes estará representado com a canção “Piloto” e a música “Melaço” também integra a lista, numa interpretação da paraibana Lucy Alves com a baiana Rachel Reis.

No grupo das trilhas originais, que vão pontuar as emoções de cada personagem e núcleos, foram gravados 24 temas incidentais, numa produção que envolveu músicos da Orquestra Sinfônica da Estônia. O objetivo é dar a essa trilha um aspecto grandioso ao ambientar as variadas cenas de amor, dramas e embates que povoam a trama.

Em relação a abertura, a animação apresenta os personagens da família Leonel e a sua jornada desde a vida em Lasca Fogo, passando pelo achado da turmalina, até a mudança para Lapão da Beirada. A linguagem visual é uma homenagem a técnica da xilogravura usada na literatura de cordel. Para a realização, foi feita uma parceria com o artista pernambucano Perron Ramos, para criar as ilustrações e elementos gráficos que fazem parte desse universo fabular da novela.

 Entrevista com o autor Mario Teixeira

Em seus últimos trabalhos, Mario Teixeira assinou a autoria das novelas das seis ‘Mar do Sertão’ (2022), das onze ‘Liberdade, Liberdade’ (2016), das sete ‘O Tempo Não Para’ (2018) e ‘I Love Paraisópolis’ (2015), esta última ao lado de Alcides Nogueira. Foi coatuor das novelas ‘Os Ossos do Barão’ (1996), ‘O Cravo e a Rosa’ (2000) e ‘Ciranda de Pedra’ (2008), além de ter colaborado com Silvio de Abreu em ‘Passione’ (2010). Também foi roteirista de séries infanto-juvenis como ‘Sítio do Pica-pau Amarelo’ (2001-2007) e ‘Castelo Rá Tim Bum’ (1994). Tem uma importante carreira literária que já lhe rendeu os Prêmios Jabuti e Fundação Biblioteca Nacional de 2015 com o romance ‘A Linha Negra’. ‘Salvando a Pele’, ‘Alma de fogo’ e ‘O Golem do Bom Retiro’ são outros livros de destaque em sua carreira. É o autor de ‘Passaporte para liberdade’, primeira produção da Globo, em parceria com a Sony Pictures Televison, totalmente falada em inglês.  

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 Como você conceitua ‘No Rancho Fundo’?

É uma comédia romântica contemporânea. Trata-se de um microcosmo brasileiro. É uma novela atual, as pessoas usam celular, computador, carros, mas com um sentimento nostálgico, de um mundo como ele deveria ou poderia ser. Os personagens são movidos pelo sentimento de querer melhorar as coisas, de valorizar a vida que eles levavam em comum. Esse sentimento estará presente quando eles deixarem a fazenda. Eles sentem que foram em busca de algo, mas no fundo queriam encontrar o tempo perdido. Terá o embate da cidade versus campo, mas também muito conflito interno nos personagens. Eu conceituaria a novela como uma comédia romântica, mas que também é muito realista em seus sentimentos, comuns a todos.

Fale um pouco sobre a trama principal.

A trama conta uma história de amor e superação, através principalmente da história de Quinota e seu processo de formação. Ela é uma moça ultrarromântica que ao longo da novela vai se tornar uma mulher. A referência da novela é enfatizar a figura da mulher, a posição da mulher na sociedade, então mostraremos também um processo de amadurecimento da personagem. É uma novela com protagonistas que são pessoas simples, mas que têm o poder de mudar o seu destino assim como Zefa Leonel e Quinota, que dará continuidade à herança da mãe. E ter a Zefa Leonel feita pela Andrea Beltrão é um privilégio. Ela está animada e muito feliz com o texto, e nós também.

Você já disse que a novela tem dois universos centrais, o urbano e o sertão. Como essa relação cultural e social impacta nos personagens?

É um choque cultural e civilizacional. Eles não tinham energia elétrica no rancho e, quando chegam em um hotel, veem as luzes se acendendo automaticamente. Para eles isso é como se fosse um milagre. Depois disso, eles mandam instalar energia no rancho para quando voltarem. Assim será o choque, mas principalmente ele acontecerá no campo dos sentimentos. Eles vão se dar conta de que as pessoas pensam e sentem as coisas de maneiras diferentes. A família foi educada na verdade e na justiça, eles não se corrompem. Eles renunciam a si pelos outros. Eu quero falar de pessoas que são essencialmente boas e que nos levam a um lugar que a gente quer revisitar.  

De onde surgiu a ideia de incluir a turmalina paraíba no texto e qual a sua importância na história?

É uma pedra brasileira muito valorizada. Há uns 10 anos a última pedra de que se tem notícia foi leiloada por 150 milhões de dólares nos Estados Unidos.Hoje está extinta no Brasil, só resta na Nigéria e Moçambique. A pedra brasileira é mais cara e de qualidade superior em pureza do que nesses outros lugares. Eu queria mostrar o que a exploração ilegal da natureza causa.

A descoberta da pedra é uma das viradas da trama?

É uma delas. A pedra fará as pessoas mudarem de vida, agora eles têm dinheiro. Quando eles enriquecem doam parte do dinheiro a quem realmente precisa. Por terem esse coração bom, a família se torna alvo de pessoas mal-intencionadas.

Muitos questionam se a novela é uma continuação de ‘Mar do Sertão’. 

Se aproxima, se tivermos o olhar do sertão. Mas o Brasil é outro, diverso e rico, e ‘No Rancho Fundo’ bebe dessa pluralidade, com um cenário similar, mas também diferente em diversos aspectos. Pela trama, temos uma novela guiada por uma grande história de amor, de mulheres potentes e da superação pessoal de cada um. Se falarmos de cenários, temos um sertão menos árido, mais verde e pujante, lugar das muitas riquezas. Então as semelhanças são no espaço da inspiração, que usa a cultura e suas referências, e em alguns personagens, que voltam para construir novas histórias. 

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Teremos a volta de alguns personagens de ‘Mar do Sertão’. Como será desenvolvida a história deles em ‘No Rancho Fundo’?

Eles terão a chance de refazer as suas vidas. Terão envolvimentos amorosos e segredos serão revelados. Eu quis fazer um crossover, pegar personagens carismáticos, mesmo sendo vilões, e retratá-los novamente. Alguns vão insistir em seus erros e outros vão tentar refazer a vida.  

Qual sua relação com o Nordeste?

Essa é uma parte bem pessoal da minha vida. Nasci e cresci em São Paulo, mas sou filho de retirantes que venceram a cidade grande. Meu pai era do interior do Ceará e minha mãe, do interior de Roraima. Minha mãe era de um local que não existe mais hoje, virou uma reserva Yanomami. Essa é a ligação afetiva que eu tenho com o Norte e o Nordeste. Passei alguns anos morando e estudando lá, mas minha formação se deu em São Paulo. Minha ligação é afetiva e genealógica. Eu amo os autores nordestinos como Ariano Suassuna e Graciliano Ramos. Não à toa, assim como Ariano, tenho grande influência do cordel.

O que o público pode esperar de ‘No Rancho Fundo’?  

Aventura, comédia, humor e muito romance. Romance não só dos jovens, mas vamos enfatizar também o amor entre personagens maduros também. As idas e vindas dos casamentos das pessoas. E o lado humano de todos, inclusive dos vilões. Todos têm questões internas.

Entrevista com o diretor artístico Allan Fiterman

Nascido em São Paulo (SP), Allan Fiterman começou sua carreira em Los Angeles, nos EUA, trabalhando em vários setores da indústria cinematográfica. Trabalhou em curtas-metragens como fotógrafo, até dirigir seu primeiro longa ‘Living the Dream’ (2006), filmado no exterior e estrelado por Sean Young e Danny Trejo. De volta ao Brasil, fez ‘Embarque Imediato’ (2009), com Marília Pêra e Jonathan Haagensen, e se destacou pela direção de ‘Berenice Procura’ (2017). Na Globo, atuou como diretor no filme ‘Ritmo de Natal’ (2023), no especial ‘Natal do Menino Imperador’ (2008), no remake de ‘O Astro’ (2011), nas novelas ‘Ciranda de Pedra’ (2008), ‘Tudo Novo de Novo’ (2009), ‘Cheias de Charme’ (2012), ‘Geração Brasil’ (2014), ‘Verdades Secretas’ (2015), produção consagrada com o Emmy Internacional de Melhor Novela, ‘A Força do Querer’ (2017), e no seriado ‘Louco por Elas’ (2012); e como diretor geral da série Mister Brau (2015) e da novela ‘Sétimo Guardião’ (2018). ‘No Rancho Fundo’ (2024) é a terceira obra de Allan Fiterman como diretor artístico, repetindo a parceria de ‘Mar do Sertão’ (2022), com o autor Mario Teixeira. Sua estreia na direção artística foi na novela ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’ (2021).  

Como você define a novela? Fale um pouco sobre esse novo projeto e o que mais te atrai nessa história.

A novela é uma fábula sertaneja, uma história de amor, em primeiro lugar, de uma família humilde, de condições financeiras limitadas, mas que é rica de valores. Eles têm um senso de justiça muito grande. A novela fala sobre a relação das pessoas com o dinheiro, a ganância dos personagens que se aproximam dessa família para tentar roubar o que eles ganham posteriormente, e sobre as relações amorosas. É uma fábula porque escapamos um pouco da realidade pois temos arquétipos bem desenhados. Alguns inclusive voltam de ‘Mar do Sertão’. O texto do Mário é muito eloquente, o diálogo é muito bem escrito e é possível enxergar os personagens tendo essas conversas.

Qual é a linguagem estética da novela? 

Existe uma cartela de cores para cada universo, cores pastéis, outras mais lavadas, mas todas são coerentes com os universos a que elas pertencem. O cabaré tem uma realidade diferente da cidade. Os personagens transitam nesse universo, então o cenário acaba contrastando com o figurino. A novela é tem uma poesia nas imagens. Temos menos seca e mais verde. A vegetação tem mais cor e a natureza é um pouco mais amigável. A cidade é mais desenvolvida comercialmente também. Teremos um ambiente mais colorido apesar de continuar quente. Eu vou manter a cidade cenográfica como se fosse uma cidade tombada para manter a arquitetura. Existe algo retrô e anacrônica ao mesmo tempo, já que a novela é contemporânea. Temos pessoas no celular e elas falam sobre questões atuais, mas também mostramos que ainda existe uma família sem luz, em uma cidade que parou no tempo de certa forma.

O que aproxima e distancia ‘No Rancho Fundo’ de ‘Mar do Sertão’? 

O que aproxima é o fato de se tratar do mesmo universo, trabalhar com os mesmos arquétipos e estética. O que distancia é que agora não se trata de um sertão tão profundo quanto o anterior.  Temos o sertão mais verde, tão lindo e rico. Nossos heróis também têm mais camadas. A Zefa Leonel é uma justiceira que cuida da família e manda na casa. O Tico Leonel é o marido dela, mas a força da casa está na mulher e não no homem. É interessante mostrar essa estrutura familiar. 

Em a sua direção, existe algo diferente para destacar?

Eu sempre achei que a câmera tem que estar a favor da história e não do diretor. Eu não acho que a minha estética seja mais importante do que a história que estou contando. No caso da novela, nós temos um rancho em que moram dez pessoas e os animais. Por uma questão prática, vou testar como seriam essas sequências com a câmera na mão. Nem todas as cenas serão na mão, mas é algo que vou testar.

A novela tem dois universos predominantes, de que forma eles serão retratados na obra? Qual o desafio de trazer o sertão para os Estúdios Globo? 

O grande desafio é justamente trazer o sertão para os estúdios. Eu fiz uma pesquisa de campo para entender quais são os universos da cidade cenográfica e para a geografia estar inserida nos estúdios. O fundo do rancho é todo feito no chroma. Gravar as cenas da família com esse fundo já é um grande desafio. Outro é abrir a lente na cidade cenográfica, que são planos feitos com antecedência para complementar a cidade. São poucas cenas externas, a maioria é feita nos estúdios e nas cidades cenográfica. Isso também é outro desafio.

Como foi o processo de escalação? Temos um elenco de peso numa troca geracional bastante interessante.

Temos um grande elenco com nomes como Andrea Beltrão, Alexandre Nero, Eduardo Moscovis, Debora Bloch, Valdineia Soriano, Thardelly Lima, Haroldo Guimarães, tão queridos pelo público, e um turma jovem com muita vontade de somar e aprender, como Larissa Bocchino, Túlio Starling, Igor Fortunato, Andréa Bak, Igor Jansen... Temos um elenco brasileiríssimo, com mais de 20 talentos do Nordeste, com atrizes indígenas, enfim, uma diversidade que precisamos trazer cada vez mais pras nossas telas.

Destacaria algum desafio para a direção? Se sim, por quê?

A sequência toda do primeiro e segundo bloco é a mais desafiadora de fazer. Na segunda semana da novela a Zefa entra em uma gruta que desaba, prendendo a personagem lá dentro. Na segunda sequência, depois que ela é salva, ela examina a roupa que a filha pendura no varal. Quando o sol bate na roupa ela percebe que está brilhando, o que significa que existe minério nessa caverna e, consequentemente, pedras preciosas. Depois, ela volta na gruta e o chão se abre, caindo dentro de um lago. Só nessa sequência, usei três grutas em locais diferentes. No estúdio faremos outras cenas para complementação. 

Fale um pouco sobre as gravações externas e a viagem para SP e Minas? Qual principal desafio dessas externas?

Eu fiz muitas pesquisas. Quando li a sinopse, entendi a necessidade de achar uma gruta e comecei a pesquisar as melhores que temos no Brasil e que fossem viáveis de gravar, por questões de logística. Achamos uma maravilhosa na Chapada da Diamantina e precisamos conceituar toda a geografia em volta dela, como a vegetação, rio e sertão. 

Como está sendo repetir a parceria com o Mario Teixeira? Qual expectativa?

Mario Teixeira é um dos maiores autores de novela da atualidade. Ele entra na história profundamente, as cenas dele são interessantes e cheias de atos dramáticos, longas e com muito conteúdo. Isso dá prazer em gravar. Os personagens também são densos e complexos. Dá pra identificar o personagem através das falas. Nós temos uma grande sintonia, nos falamos todos os dias. Estamos no mesmo caminho. É uma grande harmonia e sintonia. 

O que o público pode esperar?

Um momento de diversão, com uma história com romance, comédia e drama.


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