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No Dia do Orgulho, relembre personagens LGBT da teledramaturgia

Pessoas LGBT conquistam mais espaço ao longo dos anos.

por Redação, em 28/06/2017

Ivana (Carol Duarte). Foto: Globo

No Dia do Orgulho LGBT, OPTV separou alguns personagens da teledramaturgia brasileira que evidenciaram um pouco da realidade de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros.

A origem dessa data comemorativa está em 1969, quando uma multidão se rebelou contra a polícia, que tentava prender homossexuais em Nova York em 28 de junho. Nos três dias e noites que se seguiram, pessoas LGBT e aliadas resistiram ao cerco policial. Nascia, portanto, o moderno movimento pelos direitos dessa parcela da sociedade.

Segundo levantamento publicado por Nilson Xavier (UOL) há três anos, a década de 1970 contou com apenas 4 personagens homossexuais na TV; entre 2010 e 2014, esse número subiu para 26. De lá pra cá, parece que a teledramaturgia avançou ainda mais ao retratar as pessoas LGBT, abrindo mais espaço para a realidade dos transgêneros. A Força do Querer, costumeiramente a atração de maior audiência da TV, conta com dois personagens que representam a pluralidade das identidades de gênero: Ivana (Carol Duarte), que vai revelar-se homem trans, e a travesti Elis Miranda (Silvero Pereira), que trabalha como Nonato para sobreviver. 

Relembre alguns emblemáticos personagens LGBT de produções da TV Globo:

- Rodolfo Augusto, em Assim na Terra como no Céu (1970/1971)

Gugu era o apelido do estilista vivido por Ary Fontoura na novela de Dias Gomes. Não se pode afirmar que tenha sido o primeiro homossexual da teledramaturgia brasileira, mas foi o primeiro a se destacar com uma trama relevante, embora sua orientação sexual não fosse mencionada.

- Conrad, em O Rebu (1974/1975)

O personagem de Ziembinski era o protagonista da novela de Bráulio Pedroso. O pesquisador Nilson Xavier esclarece: “Pela primeira vez a homossexualidade foi tratada numa novela – mas não abertamente. Conrad Mahler (Ziembinski) tinha um caso velado com o garotão Cauê (Buza Ferraz), ainda que não fosse explícito para o telespectador. Para passar pela Censura Federal, foi exigido que Cauê aparecesse como filho adotivo do velho. Mas tudo ficava claro nas entrelinhas, principalmente pelas atitudes do “casal” no decorrer da trama.”

- Inácio, em Brilhante (1981/1982)

A novela de Gilberto Braga causou algumas polêmicas, uma delas em razão do personagem gay vivido por Dennis Carvalho. Em depoimento, o autor revelou que a censura do regime militar não permitia o uso da palavra “homossexual” nos diálogos, o que dificultou o andamento da história. Segundo Nilson Xavier, Fernanda Montenegro, que interpretava a mãe homofóbica de Inácio, queria que o termo fosse usado. Ciente de que os censores não liberariam, Gilberto fez com que Luiza (Vera Fisher), num diálogo com Chica Newman (Fernanda), dissesse: “os problemas sexuais de seu filho”.

- Cecília, Laís e Márilia, em Vale Tudo (1988)

Gilberto Braga voltava a experimentar personagens homossexuais em uma novela, dessa vez o casal de lésbicas Cecília (Lala Dehelnzelin) e Laís (Cristina Prochaska). Na trama, a relação das duas era evidente, com direito a umas poucas carícias. Conforme previsto desde a sinopse, Cecília morre em um acidente de carro, dando margem à discussão sobre herança e parceria civil.  Mais adiante, uma nova personagem entra na história para formar par romântico com Laís: Marília (Bia Seidl).

- Sandrinho e Jeferson, em A Próxima Vítima (1995)

Sandrinho (André Gonçalves) formou par com Jefferson (Lui Mendes) na novela de Sílvio de Abreu. Apesar de aparentemente bem aceitos pelo público, o ator André Gonçalves foi agredido fisicamente por um grupo de homens no Rio de Janeiro.

- Sarita, em Explode Coração (1995/1996)

Floriano Peixoto estreou nas novelas vivendo Sarita Witte. Gloria Perez não evidenciava se a personagem era travesti, transformista, cross-dresser... Embora tenha sido criticada na época por tal indefinição, a autora estava deixando claro que nem todas as pessoas se encaixam em um rótulo.

- Rafael e Alex, em Por Amor (1997/1998)

Manoel Carlos apresentou um raro caso de bissexualidade na TV. Casado com Virgínia (Ângela Vieira), o personagem de Odilon Wagner teve seu romance com Alex (Beto Nasci) descoberto pelo filho, Rodrigo (Ângelo Paes Leme)

- Rafaela e Leila, em Torre de Babel (1998)

Depois doe apresentar aos poucos o casal gay de A Próxima Vítima, Sílvio de Abreu optou por colocar Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Sílvia Pfeifer) juntas desde o início da novela. Mal recebidas pelo público, as duas morreram na explosão do shopping e mencionaram o preconceito na última cena.

- Ramona, em As Filhas da Mãe (2001)

A inovadora novela de Sílvio de Abreu trazia uma transexual entre as protagonistas. Vivida por Claudia Raia, a personagem teve apoio do público em seu romance com Leonardo (Alexandre Borges). O grupo de discussão realizado pela Globo, no entanto, revelou que os telespectadores apoiavam por que não se deram conta de que a atriz vivia uma mulher que não nasceu no corpo feminino.

- Clara e Rafaela, em Mulheres Apaixonadas (2003)

Foto: Divulgação/Globo

O público foi mais receptivo às lésbicas criadas por Manoel Carlos. Rafaela (Paula Picarelli) e Clara (Aline Moraes) se apaixonaram no colégio, enfrentaram o preconceito dos colegas e da família, e acabaram dando um selinho.

- Júnior e Zeca, em América (2005)

Junior (Bruno Gagliasso) morava no interior com a mãe e não entendia seu interesse por outros homens. Acaba vivendo um romance com Zeca (Erom Cordeiro), mas o beijo preparado por Glória Perez, embora gravado, não foi ao ar no último capítulo.

- Félix e Niko, em Amor à Vida (2013/2014)

Walcyr Carrasco conseguiu realizar o desejo de Glória e o beijo entre os personagens de Mateus Solano e Thiago Fragoso foi exibido no último capítulo da novela.

- Tereza e Estela em Babilônia (2015)

Foto: Reprodução/Globo

Acreditando nos avanços dos últimos anos, Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga colocaram Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg dando um delicado beijo no capítulo inaugural da novela. Em entrevista recente ao canal Viva, Linhares classificou a rejeição à novela como “moral e não artística”.

- Destacamos, ainda, os personagens homossexuais e transgêneros criados por Miguel Falabella em alguns trabalhos na TV, como A Lua me Disse (2005), Toma Lá Dá Cá (2007/2009) e Aquele Beijo (2011/2012). As novelas Paraíso Tropical (2007), Tititi (2010/2011) Insensato Coração (2011) e Sangue Bom (2013) também são exemplos de abordagens respeitosas das pessoas LGBT na teledramaturgia nacional.


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