"O que dá a verdade é a emoção", garante o artista.
O grande ator Marco Nanini, que deu vida a personagens memoráveis no teatro, cinema e TV, é o entrevistado de Bianca Ramoneda no Ofício em Cena desta terça-feira. Ele divide seus desafios e incompletudes com o público da GloboNews e revela como constrói e costura a composição dos tipos que tomam seu talento emprestado para ganhar vida.
É em Molière que Nanini começa a entender os personagens: "Você não pode ir mais forte que o personagem. Você é apenas um representante dele, tem que se despir e compreender o personagem para começar a entrar na emoção dele. O que dá a verdade é a emoção. Emoção que eu digo não é chorar. Às vezes é só estar bem. Estar bem com o personagem, não querer impor a ele a sua personalidade. E a comunicação fica mais fácil porque você começa a fazer o que o ator tem que fazer, que é iludir o espectador ", explica.
Os 50 anos de carreira não trouxeram para o ator o conforto da autoconfiança plena. Nanini continua achando difícil elaborar cada novo personagem que recebe, mesmo tendo marcas fortes no teatro, no cinema e na TV. "A gente não sabe o que pode atingir a gente, o que vem pela frente. Isso exige uma certa humildade para saber que você não é Deus", reflete o ator que recentemente interpretou mais de 35 tipos diferentes na novela das seis em ‘Êta Mundo Bom’.
Por outro lado, o ator diz que a experiência de interpretar alguns personagens durante muito tempo, como na peça ‘Irma Vap’ que ficou em cartaz por 11 anos e nos 14 anos em que viveu o Lineu de ‘A Grande Família’, o ensinou a evitar o que chama de "burocratização das emoções". Isso passa por ter um bom relacionamento com a equipe, conversar sobre os processos e encontrar novas maneiras de fazer a mesma coisa, as mesmas falas: "Às vezes você fica alegre só porque descobriu um outro jeito de falar uma frase e pode ir brincando com isso. Outra coisa que faço, principalmente em comédia, é cortar quando uma situação engraçada vai se fortalecendo e eu percebo o risco de ficar meio petrificado. Tiro e busco outra, seja lá em que lugar for, para poder me divertir e aquilo não me corroer, porque vai ficando monótono. Por mais que todo mundo goste, por mais que a plateia morra de rir, você percebe que vai perdendo o brilho. Eu vou na alma", afirma Nanini.
A entrevista de Marco Nanini ao Ofício em Cena vai ao ar nesta terça-feira, dia 11, às 23h30, na GloboNews.