"Não posso dizer que nossa novela será melhor ou que vai salvar o horário", disse Edmara Barbosa.
Junto de seu filho Bruno, Edmara Barbosa trabalha no texto de Velho Chico sob supervisão do pai, Benedito Ruy Barbosa. Para a autora, que vai fazer sua estreia como autora titular de uma novela das nove, houve um desgaste no horário em razão da repetição de tramas no eixo Rio-São Paulo. "Falta abordar mais a história do Brasil, mostrar o interior do país, saindo um pouco das metrópoles. Falar do Brasil rural. Tem de se discutir e estar antenado com a realidade, mas novela é ficção. Sua função é contar uma história, trazer mudança de pensamento, entreter, exibir as diversas paisagens de uma região", disse Edmara em entrevista ao jornalista Daniel Castro (Notícias da TV).
Concebida para a faixa das nove, Velho Chico havia sido aprovada para o segundo semestre de 2016 no horário das 18h, para o qual a família Barbosa escreve remakes desde 2004. Com o adiamento da novela de Maria Adelaide Amaral, a história contada às margens do Rio São Francisco foi escolhida para suceder A Regra do Jogo. "Estou trabalhando mais de 20 horas por dia. Uma coisa é uma novela estrear em agosto de 2016, outra é ela mudar de horário e estrear seis meses antes. Estávamos em outro ritmo e tivemos de acelerar. Não estou reclamando, mas estamos correndo. Estou no projeto há quatro anos. Nesse meio tempo, percorri o São Francisco cinco vezes. A última vez foi no final de 2014. Fui com meu filho, que não conhecia. São quase 3.000 quilômetros de rio. Não é uma viagem simples", contou Edmara, que está satisfeita com o remanejamento de Velho Chico.
"Acredito que foi uma mudança positiva. É uma história densa. Fala de brigas de família, mortes. Se ela fosse ao ar às seis, teríamos de aliviar um pouco a mão. Além disso, nesse horário pouca gente tem tempo de acompanhar uma novela porque está trabalhando. Desde o início, meu pai insistia que Velho Chico deveria ser uma novela das nove", revelou a escritora, que acredita, também, que o êxito da reprise de O Rei do Gado tenha pesado na decisão da Globo.
”Sobre a queda de audiência iniciada em Babilônia, Edmara é bastante realista: "Não posso dizer que nossa novela será melhor ou que vai salvar o horário. Será uma história tradicional, com brigas entre famílias, com disputa de terras, com amor e com encontros e desencontros. Será uma verdadeira saga", afirmou a autora, que também comentou a importância de falar do Rio que percorre Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.
"Queremos apresentá-lo aos brasileiros, falar de sua importância e fazer o rio navegar dentro do telespectador, e não só a gente navegar por ele. É um rio essencial que está chegando ao fim", explicou Edmara, em seguida tratando de esclarecer: "Mas não é Pantanal! É uma história nordestina, talvez lembre mais Renascer (1993) e O Rei do Gado (1996). Alguns amigos que leram os capítulos disseram que parecia um texto do Benedito e eu fiquei muito feliz porque é uma novela do Benedito! E é bom que se diga que é um projeto coletivo: meu, do meu pai, do Luiz Fernando Carvalho, que é da região, e do Bruno", encerrou Edmara.