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Mar do Sertão: Entrevista com o autor Mario Teixeira

O diretor artístico Allan Fiterman também comenta sobre a novela das seis.

por Redação, em 12/08/2022

Mar do Sertão: Entrevista com o autor Mario Teixeira

Entrevista com o autor Mario Teixeira

Em seus últimos trabalhos, Mario Teixeira assinou a autoria das novelas das onze ‘Liberdade, Liberdade‘ (2016), das sete ‘O Tempo Não Para’ (2018) e ‘I Love Paraisópolis’ (2015), esta última ao lado de Alcides Nogueira. Foi coatuor das novelas ‘Os Ossos do Barão’ (1996), ‘O Cravo e a Rosa’ (2000) e ‘Ciranda de Pedra’ (2008), além de ter colaborado com Silvio de Abreu em ‘Passione’ (2010). Também foi roteirista de séries infanto-juvenis como ‘Sítio do Pica-pau Amarelo’ (2001-2007) e ‘Castelo Rá Tim Bum’ (1994). Tem uma importante carreira literária que já lhe rendeu os Prêmios Jabuti e Fundação Biblioteca Nacional de 2015 com o romance ‘A Linha Negra’. ‘Salvando a Pele’, ‘Alma de fogo’ e ‘O Golem do Bom Retiro’ são outros livros de destaque em sua carreira. É o autor de ‘Passaporte para liberdade’, primeira produção da Globo, em parceria com a Sony Pictures Televison, totalmente falada em inglês, e agora, com 'Mar do Sertão', soma mais uma novela à sua vasta lista de trabalhos na TV Globo.

Fale sobre a trama principal de ‘Mar do Sertão’.

A novela conta a história de amor de Candoca e Zé Paulino. Um amor posto à prova pelas circunstâncias da vida. Depois que sofre um acidente e é dado como morto, Zé Paulino vê Candoca se casar com Tertulinho, seu grande rival. Quando Zé volta para a cidade, 10 anos depois, e Candoca descobre que seu ex-noivo está vivo, apesar do amor imorredouro que existe entre eles, Candoca começa a achar que ele se transformou em outra pessoa. Só que, na verdade, o Zé Paulino que ela conheceu está sempre ali. A questão é se eles vão conseguir superar todas as mágoas que guardaram ao longo dos anos.

Como o nordeste é retratado na novela?

Nossa novela retrata o nordeste como ele é: um lugar alegre e colorido. A geografia da novela é uma mistura do norte e do nordeste do Brasil. Nós temos cânions e temos caatinga. É uma realidade imaginada, já que Canta Pedra é uma cidade fictícia. Nós queremos mostrar o nordeste que vai muito além da aridez do sertão. Queremos resgatar a alegria do forró e a vivacidade da flor do mandacaru. Claro que a realidade da seca vai estar presente, mas é um pano de fundo, não é a história inteira. Canta Pedra é um lugar imaginado do Brasil, um microcosmo político e social do nosso país.

A história tem personagens com nomes curiosos, como a própria protagonista, Candoca. Fale um pouco sobre eles.

Todos eles têm uma etimologia, uma raiz sertaneja que lhes confere identidade. Todos provêm de minha experiência e pesquisas. Candoca, por exemplo, é um apelido amoroso para Maria Cândida. O prefeito Sabá Bodó: Sabá é apelido de Sebastião, enquanto Bodó é o nome de um peixe espinhoso e cascudo da região. Também temos Timbó, que pode ser nome próprio, mas também é o nome de uma planta tóxica utilizada pelos indígenas na pesca. Era jogada aos peixes, que ficavam atordoados, tornando-se assim presas fáceis para os pescadores. Como as pessoas que tentam engambelar o nosso personagem, que acabam perplexas, entontecidas por sua verve e jogo de cintura.

 Podemos dizer que existem vilões em ‘Mar do Sertão’?

Nossa novela tem vilões típicos do folhetim, como o prefeito que quer se perpetuar no poder a qualquer preço. É uma história com personagens de moral muito dúbia, mas, ao mesmo tempo, são vilões humanizados pela dureza da realidade da região em que vivem. Importante não esquecer o coronel Tertúlio, que guarda esse título anacrônico, símbolo do poder ancestral dos poderosos latifundiários da região. Mesmo amando a terra que o enriqueceu, ele não hesita em cometer atrocidades para se manter no poder. E sua esposa Deodora, personagem dúbio que se revelará no decorrer da trama. 

Para você, o que há de mais bonito nessa história?

Acho que o que tem de mais bonito é o amor entre Zé Paulino e Candoca que atravessa o tempo, e também o amor que Tertulinho sente por Candoca, que a princípio é um amor não correspondido, e tudo isso ambientado em lugar que tem muita luz, com uma natureza absolutamente frondosa, com um sol que vai iluminar o caminho dos nossos personagens. É uma novela absolutamente solar, muito colorida, cheia de brilho, cheia de vivacidade.

O que o público pode esperar?

A novela tem a luz do sol do sertão, mas jamais é uma luz cegante que impede a passagem, e sim uma luz que ilumina o caminho e que aumenta a nossa sensibilidade. Eu espero que o público se divirta e se emocione, mas também aprenda a jamais desistir. Essa novela conta a história de temperamentos absolutamente indômitos, de pessoas que sempre superam as dificuldades que elas vivem, e que sabem usar essas dificuldades como forma de crescimento.

Entrevista com o diretor artístico Allan Fiterman

 Nascido em São Paulo (SP), Allan Fiterman começou sua carreira em Los Angeles, nos EUA, trabalhando em vários setores da indústria cinematográfica. Trabalhou em curtas-metragens como fotógrafo, até dirigir seu primeiro longa ‘Living the Dream’ (2006), filmado no exterior e estrelado por Sean Young e Danny Trejo. De volta ao Brasil, fez ‘Embarque Imediato’ (2009), com Marília Pêra e Jonathan Haagensen, e se destacou pela direção de ‘Berenice Procura’ (2017). Na Globo, atuou como diretor do especial ‘Natal do Menino Imperador’ (2008), no remake de ‘O Astro’ (2011), nas novelas ‘Ciranda de Pedra’ (2008), ‘Tudo Novo de Novo’ (2009), ‘Cheias de Charme’ (2012), ‘Geração Brasil’ (2014), ‘Verdades Secretas’ (2015), produção consagrada com o Emmy Internacional de Melhor Novela, ‘A Força do Querer’ (2017), e no seriado ‘Louco por Elas’ (2012); e como diretor geral da série Mister Brau (2015) e da novela ‘Sétimo Guardião’ (2018). ‘Mar do Sertão’ é a segunda obra de Allan Fiterman como diretor artístico, após sua estreia em ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’.

Fale um pouco sobre ‘Mar do Sertão’. Que novela é essa?

‘Mar do Sertão’ é uma fábula que tem como trama central a história de amor vivida por Candoca e Zé Paulino. E temos ainda Tertulinho, filho do coronel mais poderoso da cidade. Ele se apaixona por Candoca e vira a terceira ponta desse triângulo. É uma história linda, solar, que também trata, de forma otimista, das dificuldades enfrentadas pelo povo do sertão. Estou trazendo para essa novela referências de trabalhos anteriores, e também pesquisando e estudando muito sobre esse universo que pode parecer tão distante, mas que ao mesmo tempo é tão próximo e faz parte do nosso país.

Como está sendo o desafio de ambientar o sertão nos Estúdios Globo?

No início dos trabalhos, nós viajamos para Pernambuco e Alagoas e gravamos, além de cenas com parte do elenco, imagens de paisagens que serão inseridas, com o auxílio de tecnologia, em sequências gravadas nos Estúdios Globo. Temos ainda, dentro dos Estúdios Globo, a nossa cidade cenográfica de Canta Pedra, inspirada no centro histórico de Piranhas (AL), o casarão da fazenda Palmeiral e a casa de Timbó, construídos respeitando as referências que trouxemos do nordeste. Acredito que essa ambientação também ganha um grande diferencial devido ao elenco escalado. Temos cerca de 20 atores nordestino que contribuem, não apenas trazendo representatividade para a trama, mas também com suas vivências que nos inspiram a criar esse sertão nos Estúdios Globo.

Temos uma trilha sonora predominantemente brasileira, com destaque para ‘Sobradinho’, composição de Sá e Guarabyra, na voz de Chico César. Como foi o processo de escolha dessas músicas?

Chico César interpretando sobradinho foi um sonho que, felizmente, conseguimos realizar. O restante da trilha segue a concepção de que, se estamos contando uma história ambientada no sertão, com personagens tão tipicamente brasileiros, nada mais coerente do que termos na nossa trilha músicas que conversem com esse universo e que ajudem a transmitir o clima e a contar a história da novela. Temos "Xote das Meninas", com o Trio Mana Flor; "Bicho de 7 Cabeças", com Geraldo Azevedo e Elba Ramalho, "Xique Xique" com Tom Zé; e muito mais.

O que mais te atrai nessa história?

A forma como o Mario Teixeira consegue retratar a sociedade com arquétipos tão interessantes. Algo como já vimos em novelas como ‘Roque Santeiro’ e ‘O Bem Amado’. Temos uma cidadezinha - no nosso caso, Canta Pedra - que é um microcosmo do Brasil, com suas figuras emblemáticas: o prefeito que faz de tudo pelo poder, o padre, o delegado, o coronel, entre outros.

O que o público pode esperar?

Estamos empenhados em contar uma história leve, romântica e com muita comédia. Espero que o público se divirta e se encante assistindo à novela porque estamos fazendo com muito amor e dedicação. 

Mar do Sertão é uma novela criada e escrita por Mario Teixeira com direção artística de Allan Fiterman. A obra é escrita com Marcos Lazarini, Claudia Gomes e Dino Cantelli, e com colaboração de Carol Santos. A direção geral é de Pedro Brenelli com Bernardo Sá, Natália Warth e Rogério Sagui. A produção é de Silvana Feu e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.  A novela estreia na próxima segunda-feira (22/08), a partir das 18h, na Globo!.


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