A novela chega ao Globoplay na próxima segunda-feira.
Quantas culturas foi possível conhecer através das histórias de Gloria Perez. Em mais de 30 anos escrevendo novelas, ela levou o público a viajar pelas tradições muçulmanas, a conhecer os hábitos do povo indiano, a descobrir as belezas da Turquia... Em ‘Explode Coração’, novela que chega ao Globoplay na próxima segunda-feira, dia 22, ela trouxe a cultura cigana através das famílias Sbano e Nicolich. Com um olhar de vanguarda para o ano de 1995, a autora também antecipou um assunto que era uma realidade distante e se tornaria comum alguns anos à frente: as conversas virtuais. A chegada da obra à plataforma faz parte do projeto de resgate de clássicos da teledramaturgia, que poderão ser maratonados pelo assinante quando e onde quiser. Todos os primeiros capítulos das novelas do catálogo estão abertos para não assinantes.
Seguindo os costumes do povo cigano, as famílias Sbano e Nicolich fizeram um contrato de casamento para seus filhos Dara (Tereza Seiblitz) e Igor (Ricardo Macchi) quando ainda eram crianças. Porém, ela não quer saber do compromisso. A filha do rico comerciante Jairo (Paulo José) e da passional Lola (Eliane Giardini) sonha em trabalhar e ser independente, e faz cursinho pré-vestibular às escondidas. No meio dos conflitos entre futuro e passado, inovação e tradição, Dara inicia uma relação pela internet com o empresário Júlio Falcão (Edson Celulari), que vive um casamento em crise com Vera (Maria Luisa Mendonça). Eles se envolvem virtualmente e, ao se conhecerem, acabam se apaixonando. No pingue-pongue abaixo, a autora Gloria Perez e o ator Edson Celulari relembram a obra e comemoram a chegada da novela na plataforma.
GLORIA PEREZ
- O que você recorda do processo criativo da novela?
Eu diria que foi a primeira novela interativa. Ela nasceu da minha convivência nas redes jurássicas de então. Convivendo ali, vi pessoas se apaixonando, desfazendo namoros e até casamentos por gente que nunca tinham visto pessoalmente. Era uma versão nova do velho amor por correspondência. Isso me fascinou. Comecei a conversar com aquelas pessoas, a ouvir suas histórias, a imaginar como seria o mundo quando aquela inovação se popularizasse.
Foi fácil perceber que logo teríamos cores e ilustrações. Então, imaginei uma versão do que depois viria a ser o Skype. Era um mapa mundi, onde apareciam os pontos onde pessoas estivessem conectadas naquele momento. Você apertava o ponto e começava um chat.
- Por que você acredita que as pessoas ainda se interessem pela história até hoje?
Porque ela fala de gente, de sentimentos humanos, da dificuldade que as pessoas têm de aceitar o diferente. Isso se potencializa quando você mostra outra cultura, outra maneira de enxergar o mundo, que não é melhor nem pior do que a nossa, mas é diferente. Diversidade, tolerância: esse é um tema recorrente em todos os meus trabalhos.
- Como surgiu a ideia da trama?
Da ideia de escrever sobre a internet. Estávamos em 1995. Não era a internet tal como conhecemos hoje, era BBS, ainda. Sem sistema de busca, sem ilustrações, nem recursos de áudio ou de vídeo. Mas dava pra antever a revolução que aquela “praça” virtual faria acontecer. Ela derrubava fronteiras, permitia que você pudesse ir a qualquer lugar do mundo e conhecer pessoas que a vida real não lhe permitiria conhecer. Foi pensando em criar um encontro muito inusitado que nasceu a ideia de fazer os caminhos de um empresário moderno, entusiasta da internet e de uma cigana se cruzarem.
- É muito diferente fazer uma novela hoje, com a força das redes sociais e o retorno imediato do público?
As redes trazem mais rapidamente aquela temperatura que nós sempre procuramos nas ruas, quando estamos no ar. Isso é uma vantagem, mas tem seu contraponto: há que se saber ler, filtrar o que é e o que não é pra ser levado a sério.
- Quais lembranças você carrega desse trabalho?
As melhores. Na BBS conheci pessoas com quem mantenho contato até hoje. Tive uma convivência muito rica com o universo cigano, e me orgulho de ter dado minha contribuição para a redução do preconceito que sofrem.
EDSON CELULARI
- Como reagiu ao saber que a novela estaria no Globoplay?
A gente fica muito feliz quando um trabalho vai repetir, e todas as memórias começam a vir à tona. Essa novela foi exibida antes de o meu filho Enzo nascer. É uma novela muito rica de história, de conteúdo e muito bem produzida. Fico alegre de o público poder ter acesso à obra novamente.
- Por que você acredita que as pessoas ainda se interessem pela história até hoje?
Os temas tornam a novela atual. O mundo girou, já são 25 anos desde a primeira exibição. Mas será que o homem mudou tanto? Retomar qualquer conteúdo que tenha diversidade de temas como tem ‘Explode Coração’, que propõe muitas reflexões é algo muito vivo, muito atual para os dias de hoje. Acho que a liberdade de escolha, o impulso de querer conhecimento e o desejo pela independência sempre serão universais. Além disso, a novela fala de paixão. Fala da paixão que não deve ser medida para ser vivida e não pode ser impedida por medo ou receio. É bonito ver os apaixonados. Eles têm coragem.
- Quais as principais lembranças desse trabalho?
Eu me lembro de ter feito uma grande pesquisa porque o Julio Falcão, meu personagem, estava ligado a informática, o que era novidade para mim. Eu me lembro que, nas gravações, a gente tinha muito cuidado para toda aquela comunicação online parecer real, mas não era uma coisa simples. Gastamos certo tempo, principalmente no início, até criarmos uma linguagem. Também lembro que viajamos para Tóquio. Foi uma experiência incrível. Era uma turma muito divertida e tenho as melhores memórias.
Sobre Globoplay
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