Depois de 13 anos, autor, diretora e elenco se reúnem para celebrar reapresentação.
Em 2005, Belíssima jogava luz em uma sociedade regida pelas aparências e obcecada pela beleza e pelo sucesso. Treze anos depois, os temas abordados por Sílvio de Abreu não poderiam ser mais atuais. A exibição da trama no Vale a Pena Ver de Novo, a partir do dia 4 de junho, foi celebrada na tarde desta quarta-feira, dia 16, nos Estúdios Globo. O autor, a diretora Denise Saraceni, e parte do elenco – Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Irene Ravache, Paolla Oliveira, Cauã Reymond, Vera Holtz, Marina Ruy Barbosa, Reynaldo Gianecchini, Camila Pitanga e Alexandre Borges – assistiram juntos ao primeiro capítulo. Em sua primeira semana de exibição, ‘Belíssima’ divide a faixa com as emoções finais de ‘Celebridade’. “Ao rever esse capítulo, com todos esses talentos, vejo que a novela se mantém atual e também o quanto ela foi importante para cada um de nós. Todos temos ótimas recordações, porque foi um período muito feliz em nossas vidas. Além de ter sido um trabalho prazeroso, ‘Belíssima’ fui um enorme sucesso”, disse Silvio de Abreu.
Denise Saraceni lembra que a novela foi um processo muito rico para toda a equipe: “Nesse reencontro, foi surpreendente ver como ficamos ligados, como temos sintonia artística, humana e de conhecimento. ‘Belíssima’ foi um momento muito feliz da televisão brasileira, uma semente bacana, com atores que se revelaram grandes talentos. Outros, já consagrados, fizeram um incrível trabalho”.
Para falar da ditadura da beleza, Silvio de Abreu descortinou ambientes como a luxuosa fábrica de roupas íntimas que dá nome à trama; a academia de ginástica Physical e a agência de modelos Razzel Dazzel. E deu vida à Bia Falcão (Fernanda Montenegro), uma das mais marcantes vilãs da dramaturgia brasileira, capaz de desprezar a própria neta, Júlia (Glória Pires), por considerá-la uma mulher apenas “comum”. Mesmo com seu jeito autoritário e preconceituoso, e suas armações ao lado do golpista André Santana (Marcello Antony), Bia Falcão caiu nas graças do público, que lamentou sua morte e vibrou com sua volta triunfal. Pelo papel, Fernanda Montenegro foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como melhor atriz de 2005 na categoria Televisão. “Não é uma volta ao passado. Surpreendentemente, mais de uma década depois, a novela é moderníssima. Não só pela temática, mas também pela qualidade de enquadramento, direção, a coragem de cortes, os figurinos, os cenários. Tudo tem uma estética muito contemporânea. Que bom que fizemos ‘Belíssima’”, comemorou Fernanda Montenegro, que foi muito aplaudida pelos colegas durante a exibição.
‘Belíssima’ também levou o espectador a um dos lugares mais deslumbrantes do planeta: a Grécia. A capital, Atenas, e as ilhas de Milos e Santorini, ao sul do Mar Egeu, foram cenário para o romance de Vitória (Claudia Abreu) e Pedro (Henri Castelli), herdeiro de Bia Falcão. A filha do casal, Sabina, era vivida por uma jovem Marina Ruy Barbosa, na época com apenas 10 anos. “Apesar da pouca idade, eu já sabia que queria ser atriz. E ‘Belíssima’ foi especial, muito marcante para mim. Aprendi demais com esse elenco. Foi uma oportunidade única e sou muito grata”, disse Marina.
Também na Grécia vivia Nikos Petrakis (Tony Ramos), um grego que trabalhava no bar do casal brasileiro e se apaixona por Júlia, irmã de Pedro, no dia do casamento dos patrões. O romance do improvável casal marcou o início de uma parceria de sucesso entre Tony Ramos e Glória Pires, que depois atuaram juntos em filmes como “Se eu fosse você 1 e 2” e na novela “Paraíso Tropical”. Em contraste com o azul do mar e o branco das casas dos cenários gregos, a trama principal era ambientada em uma cosmopolita São Paulo, transformada em um caldeirão de culturas. Silvio de Abreu juntou personagens gregos, turcos, japoneses, judeus e italianos para mostrar que diversos povos, mesmo quando rivais, acabam se integrando. Ícones dessa mistura, a grega Katina (Irene Ravache) e o turco Murat (Lima Duarte) divertiram com expressões típicas e também emocionaram o público com uma revelação bombástica. “Tenho ótimas recordações desse trabalho. O nosso núcleo se curtia muito dentro e fora de cena e isso contagiava também o público. O idioma grego não tem a pronúncia do “G”, por exemplo. Até hoje pedem para eu mandar lembranças para “Rezina” da Glória”, contou Irene Ravache, se referindo à personagem de Lívia Falcão, a divertida empregada Regina da Glória. "A sensação ao rever esse elenco e assistir ao primeiro capítulo é de que Belíssima acabou na semana passada. Não parece que se passaram 13 anos. Além disso, foi um prazer rever minhas três esposas: Vera Holtz, em ‘Paraíso Tropical’, e Fernanda Montenegro e Irene Ravache, em ‘Belíssima’", brincou Lima Duarte.
Romance e diversão marcaram a trajetória da família de Katina e Murat, formada ainda pelos filhos Cemil (Leopoldo Pacheco), Safira (Cláudia Raia) e Narciso (Vladimir Brichta); e os netos Mateus (Cauã Reymond), Soraya (Enrica Duncan), Giovana (Paolla Oliveira), Maria João (Bianca Comparato) e Isaac (Vitor Morosini). Extrovertida e mandona, Safira tinha um intenso caso com o atrapalhado mecânico Pascoal, personagem que revelou a veia cômica de Reynaldo Gianecchini. “Foi um grande momento na minha carreira. Este trabalho me deu a oportunidade de atuar não como um galã, mas em um papel cômico, diferente de tudo que havia feito”, lembrou Reynaldo Gianecchini.
Outra descoberta do público foi o talento de Paolla Oliveira. Em sua primeira novela na Globo, a atriz interpretou uma moça que sonhava ser modelo, mas enfrentava o machismo do pai, Alberto Sabatini (Alexandre Borges). “Essa novela foi especial por vários motivos. Fora a qualidade da produção, foi meu primeiro trabalho. E , de cara, tive a sorte de contracenar com ídolos como Irene Ravache, Lima Duarte e Cláudia Raia, com quem aprendi muito”, contou Paolla. Giovana era cortejada pelo primo Mateus. Para ganhar um dinheiro extra às escondidas, o rapaz se relaciona com mulheres mais velhas e ricas, como a socialite Ornela Sabatini (Vera Holtz). “Contracenava muito com a Vera e lembro que sempre perguntava para ela como podia melhorar minha atuação. Sigo até hoje as coisas que ela me ensinou. O fato de a novela reunir um elenco estelar funcionava como uma espécie de escola. Nos dias de folga, ia a sets que nem eram do meu núcleo para aprender com esses ícones”, revelou Cauã Reymond. Vera Holtz também celebrou o encontro: “Foi um dia muito feliz por rever uma grande novela como Belíssima e por estar perto de colegas tão queridos”.
Além de Bia Falcão, outro mau-caráter que fez sucesso com os fãs da novela foi o galanteador Alberto Sabatini. Ele traiu a esposa e teve um filho fora do casamento, mas acabou se interessando pela correta e humilde Mônica Santana (Camila Pitanga). “Foi um encontro muito lindo. Foi bacana também relembrar do Thomas Veloso, que interpretou meu filho Toninho, em ‘Belíssima’. Ele trouxe muita emoção e promoveu uma mudança para o meu personagem", se emocionou Alexandre Borges. Para Camila Pitanga, o encontro trouxe uma energia muito boa: “Foi uma tarde gostosa. Relembrar grandes momentos da novela, ver atores como Marina, que na época estava começando, e ouvir toda sabedoria da Fernanda Montenegro”.
Belíssima ainda contou com o talento de Pedro Paulo Rangel, Marcelo Médici, Carmem Verônica, Jussara Freire, Letícia Birkheuer, Sheron Menezes, Maria Flor, Carolina Ferraz, Leona Cavalli, Cacá Carvalho, Thiago Martins, Íris Bruzzi e Mônica Torres, entre outros.