Diretor de dramaturgia da Globo comenta processo de renovação de autores.
Desde que deixou a autoria de novelas para assumir a Direção de Dramaturgia diária da Globo, Sílvio de Abreu vem oferecendo mais oportunidades aos novos autores. Nos próximos dois anos, ao menos dez roteiristas vão estrear na função de titular. “Visa não só a renovação do gênero, mas, principalmente a sua longevidade. Nem todo novo autor vem com alguma ideia original e muitos pecam quando pretendem fazer uma revolução do gênero, já na sua primeira experiência. Sou totalmente aberto a novas ideias, novas linguagens, novos caminhos, aliás quem acompanhou a minha carreira de autor sabe disso”, explicou Sílvio, em entrevista ao jornalista Daniel Castro - “Não poderia ser diferente exercendo o cargo que exerço agora, mas é preciso ser prudente ao se entusiasmar com novas ideias. Ter a ideia não é o mais importante, o mais importante é saber desenvolvê-la dentro de um gênero popular como a telenovela que atinge milhões e milhões de telespectadores dos mais diferentes níveis sociais e culturais”, completou.
Sílvio ressaltou, ainda, que o processo é mais complexo do que parece. “Já descartei muitas sinopses, já abortei novelas aprovadas quando os capítulos não eram satisfatórios e até já mudei autor, aproveitando a ideia da sinopse, mas substituindo-o por outro que poderia desenvolver melhores capítulos. É um processo difícil e doloroso, porque se lida com ideias, sonhos e esperanças, mas o principal é ter um bom produto no ar”, disse o autor, que, por exemplo, retirou Márcia Prates da condução de Liberdade Liberdade.
Outro importante fator da renovação pela qual atravessa o setor de dramaturgia da emissora é a abertura da principal faixa para autores de outros horários. As duplas Maria Adelaide Amaral/Vincent Villari e Duca Rachid/Thelma Guedes vão estrear entre 2016 e 2017 suas primeiras tramas às 21h. “Tanto Maria Adelaide Amaral quanto Thelma Guedes e Duca Rachid já escreveram novelas em que podem ser percebidos muitos elementos que se consagraram nas novelas das nove: melodrama, tramas familiares, personagens densos, uma pitada de comédia, assuntos polêmicos, trama intrigante. A escalação delas para o horário era apenas uma questão de tempo. Aposto no sucesso delas no horário, não só pelo talento, mas também pela habilidade de conduzirem maduramente uma grande história”, disse Sílvio, que também ressaltou a importância dos autores que, recentemente, deixaram a faixa mais concorrida: “Gilberto Braga e Manoel Carlos são dois ícones incontestáveis da teledramaturgia brasileira, devemos aos dois maravilhosas histórias de muito sucesso”.
Na noite de ontem (22), Sílvio de Abreu esteve no Troféu Imprensa para receber a estatueta por Belíssima (2005). À Sílvio Santos, ele disse que esse deve ser o último prêmio como autor, o que indica que sua permanência no cargo de diretor de dramaturgia não é provisória.