Nesta entrevista, os dois artistas trazem histórias e revisitam memórias de vida.
Nesta sexta-feira, dia 8, Fátima Bernardes recebe no “Assim Como a Gente”, do GNT, os cantores e compositores Karol Conká e Carlinhos Brown. A música e a poesia marcam o cotidiano desses dois artistas, que não têm medo de falar o que pensam. “Nasci em 1º de janeiro e minha mãe fala que eu já nasci estreando. Sempre fui criada no meio de muito agito e minha avó - que era baiana - sempre me chamava de arretada. Minha primeira memória é colocando minhas bonecas e meus ursinhos no sofá e cantando para eles. Sempre fui muito exibida”, conta Karol. Brown também diz que sempre foi muito articulado: “Já nasci assim, todo desenvolto e curioso, e essas curiosidades foram levando à construção do que eu sou. E claro, as pessoas que eu encontrei pelo caminho. Não tem coisa melhor para aprender do que ouvir o outro”.
Ao longo da conversa com Fátima, ambos revisitam memórias, aflições e episódios complexos de suas infâncias e vidas. “O pontapé inicial em minha carreira foi quando eu fazia balé contemporâneo e eu ganhei uma bolsa na federal do Paraná. Quando eu fui fazer o teste, todas as meninas eram brancas e já haviam feito balé. Eu não. Tinha uma professora que tocava um tambor, as meninas saiam e eu pensava “meu Deus, elas estão fazendo diferente do que eu sei fazer”. Aí eu peguei o passo delas naquele momento e misturei com o que eu já sabia e ganhei a bolsa de estudos. Na dança eu me dei muito bem, mas sentia falta de um instrumento na minha mão, que era um microfone. E aí, quando eu cheguei em casa, falei para minha mãe que eu precisava falar no palco. Dali, eu fui para o palco pra cantar mesmo”, relembra Karol.
Estilo, estética, racismo e representatividade também foram temas abordados no episódio. “A minha inspiração (para o meu estilo) é o dia a dia, a vivência. Nós estamos aqui pautados em uma estética, construída sobretudo pelo nosso povo. No caso de ser um artista, preciso que minha estética, minha roupa, corra riscos, porque eu preciso da crítica, preciso do olhar. Porque se eu não tiver a crítica, eu não estou fazendo os outros pensarem e a minha função é fazer os outros pensarem”, conta Carlinhos, quando perguntado pela plateia sobre o seu estilo. “Só me achei bonito quando eu namorei a mulher mais bonita do bairro. Nós, que estamos aqui hoje na televisão, estivemos fora do padrão por muitos anos. Não nos víamos em capa de revista, na televisão. As oportunidades que eu tive de ver pessoas como eu na televisão estavam muito ligadas à escravidão”, complementa Brown.
‘Assim Como a Gente’ tem direção geral de Carlos Jardim, direção artística de Fellipe Ayala, sob o comando de Raoni Carneiro e assistência de direção de Luciana Biazzi. A produção é de Taluana Grieco e Leilanie Silva e o roteiro de Fabrício Marta. O programa vai ao ar no GNT e no Globoplay, às sextas-feiras, às 21h30.