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Família é Tudo: tudo sobre a premissa da novela e uma entrevista com o autor e diretor

Disputas por herança, amores mal resolvidos, mistérios nunca desvendados – e muita confusão...

por Redação, em 29/02/2024

Logo Família é Tudo. Foto: Reprodução/TV Globo

Entrelaçada por vínculos de sangue, parentesco, amizade ou convivência. Não importa como, uma coisa é certa: Família é tudo... o desafio é permanecer junto! É justamente pelo desejo de ver seu clã unido novamente que Frida Mancini (Arlete Salles) toma uma decisão: reunir seus cinco netos – Vênus (Nathalia Dill), Júpiter (Thiago Martins), Andrômeda (Ramille), Electra (Juliana Paiva) e Plutão (Isacque Lopes). Mas, por ironia – ou não – do destino, é o seu desaparecimento que promove o encontro do quinteto e dá início à trama de "Família é Tudo", comédia romântica que estreia dia 4 de março no horário das 19h, criada e escrita por Daniel Ortiz com direção artística de Fred Mayrink.

Disputas por herança, amores mal resolvidos, mistérios nunca desvendados – e muita confusão –, orbitam pelas alegrias, aventuras e os conflitos que marcam as relações dos Mancini. “É uma história sobre famílias para a família brasileira. Acredito que as pessoas vão se identificar com os sentimentos e conflitos da trama, que fazem parte do dia a dia de todos nós. Todo mundo já teve questões familiares e vamos falar sobretudo da relação desses cinco meios-irmãos que é colocada à prova até que eles percebam a importância dessa família em suas vidas”, apresenta o criador, Daniel Ortiz.

A novela será a quarta parceria do autor com o diretor artístico Fred Mayrink na faixa das 19h. “A novela das sete é um gênero consagrado, construído com a comédia, a aventura e o romance. E o nosso grande desafio é estabelecer este caminho emocional com um público recheado de muitas gerações. Família é tudo, com tudo que ela tem!”, assinala o diretor.

SOBRE A TRAMA  

A saga dos Mancini começa com a morte de um pai e a separação de todos seus filhos. Quando a avó Frida (Arlete Salles) vê a prole de seu filho Pedro (Paulo Tiefenthaler) se distanciar após o acidente que culminou na morte dele, ela decide agir. Suas antigas noras não ajudam em nada, pois se detestam – Leda (Grace Gianoukas), mãe de Júpiter (Thiago Martins); Lulu (Cris Vianna), mãe de Andrômeda (Ramille); e Nanda (Ana Carbatti), que criou Electra (Juliana Paiva) desde pequena e é mãe de Plutão (Isacque Lopes). O afastamento entre os irmãos foi inevitável e, apesar de ter mantido contato com os netos, Frida nunca conseguiu reunir a família novamente.

Obstinada em promover o reencontro, a dona da gravadora Mancini Music organiza um cruzeiro para celebrar seu aniversário e o de sua irmã gêmea, Catarina (Arlete Salles). Porém, em meio a rusgas e armações, os netos não comparecem e ela embarca apenas com a irmã e o sobrinho Hans (Raphael Logam). O que era pra ser uma comemoração vira um mistério. Durante um acidente em alto mar, Frida desaparece.

A vovó sumiu! 

Ao ser dada como morta, Frida surpreende a todos com seu testamento. O documento determina que para receber a herança da avó os netos terão de morar juntos por um ano, a despeito das diferenças entre si, e trabalhar para reconstruir um espaço que marcou o início da gravadora da família, gerando um lucro de quatro vezes o valor que vão receber para investir no local.

Além de não se importarem uns com os outros, nenhum dos irmãos Mancini se interessou pelos negócios da família – nem mesmo aqueles que dependiam disso para manter seus luxos. A missão deixada pela avó é clara: ao final de um ano, se o desempenho dos irmãos não for satisfatório – nem na convivência nem no trabalho – eles não ganham nada e a herança será entregue ao sobrinho Hans que, junto com a mãe, Catarina, nunca mediu esforços para atrapalhar a relação entre Frida e seus netos.

Foto: Reprodução/TV Globo

Em meio a tanta desunião, uma pessoa parece compartilhar o desejo da matriarca:  Vênus (Nathalia Dill), a neta que vai liderar os irmãos na empreitada depois que os Mancini veem suas vidas estremecerem. Acreditando ser a última oportunidade de unir sua família novamente, Vênus se dedica a costurar as relações perdidas e atua como voz da razão quando os mais novos saem do prumo. Com diferentes motivações, o quinteto aceita encarar a missão que transformará suas vidas.

Despindo-se dos privilégios de herdeiros, os irmãos rumam, em uma kombi, ao casarão na Zona Leste de São Paulo em que precisarão morar e reformar. Nesta jornada, além de lidar com as mazelas do local, será latente o desafio de aturar uns aos outros com suas características, especialmente os defeitos e as limitações que um não cansa de apontar ao outro. E, como se não bastassem todas as adversidades, os irmãos terão de encarar os principais antagonistas da empreitada, o primo Hans e a tia Catarina.

Em meio a revelações do passado, histórias de amor, crises e entraves para o próprio sucesso pessoal, cada Mancini lida com situações externas que influenciam suas relações.

E, assim como acontece na realidade, convivendo dia após dia, essa família precisará confrontar seus julgamentos para alcançar o apoio mútuo e superar os falatórios para enterrar desentendimentos, a fim de resgatar o amor que nunca deixou de existir e reescrever a história familiar.

SOBRE OS BASTIDORES

O sumiço de Frida: um trabalho integrado do artístico com a tecnologia

Se realizar o reencontro dos Mancini não é uma tarefa simples, a viagem de cruzeiro planejada para marcar a união da família tampouco. Foram necessários cerca de dez dias de gravações para a execução das cenas que vão ser exibidas nos primeiros capítulos da trama. Para ambientar a sequência, a integração entre o conceito artístico e tecnologia (efeitos visuais e efeitos especiais) foi determinante para materializar não apenas o navio, mas toda a ação presente no texto que nos leva ao sumiço da vovó após uma tormenta sem igual.

A sequência de cenas do temporal conta com o uso de efeitos especiais, envolvendo inundações, quedas, curtos-circuitos e outros elementos de aventura para retratar o caos dentro do navio. Já o mar agitado foi todo criado com computação gráfica, que também adicionou fortes ventos e ondas gigantes.

Arlete Salles. Foto: Reprodução/TV Globo

“O grande desafio é fazer tudo isso parecer real, conciliando o trabalho de pós-produção com a própria atuação do elenco, gravando em um local estático que depois irá se tornar o navio em meio à tempestade. A computação é responsável por mostrar a onda gigante batendo no navio, com a água entrando no deck, nas cabines, além de toda a área externa que é criada com elementos virtuais. Temos os lados artístico e técnico unidos para contar essa história”, conta Wesclei Barbosa, produtor de efeitos visuais da novela.

Enquanto a parte externa da embarcação foi totalmente construída a partir de computação gráfica e elementos virtuais, a interna contou com recursos de pós-produção. Cenas de embarque e desembarque e takes na área de piscina, por exemplo, foram gravados em um shopping e um hotel na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Além da tecnologia envolvida na composição do navio e da cena da tempestade, “Família é Tudo” é a primeira novela das 19h a ser captada em 4K e com som imersivo Dolby Atmos. A trama será exibida em 4K pelo Globoplay.

São Paulo em tela: gravações na metrópole e a atmosfera paulistana nos Estúdios Globo

A cidade de São Paulo será cenário para os encontros e conflitos de ‘Família é Tudo’. A grande metrópole brasileira acolheu a equipe da novela durante as primeiras gravações, realizadas em dezembro de 2023. Locais icônicos como as avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima, além do Museu do Ipiranga, o Palácio Tangará e novos points, como o Sky Sampa, serviram de locações para a trama.

"A viagem foi o primeiro grande desafio da novela. A gente levou mais de 70 cenas pra gravar em São Paulo. Cenas que foram escritas para acontecerem lá e cenas como takes de restaurantes e ruas, para a gente poder ter a cidade real o maior tempo possível em tela durante toda a nossa trama”, destaca a gerente de produção da novela, Mariana Pinheiro.

Um dos destaques desse período foi a gravação do pedido de casamento de Tom (Renato Góes) a Vênus (Nathalia Dill). A cena, que será exibida no primeiro capítulo, se passa quando a mocinha está na faculdade. Rodada na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), mobilizou mais de 200 pessoas no saguão com famosos vitrais, em uma surpresa que o futuro publicitário fará à amada.

Para estabelecer uma novela de aventura, divertida, leve e colorida, nos Estúdios Globo a ambientação dos cenários por onde circulam os personagens traz como referência a realidade experimentada pelos executivos da Faria Lima e a glamourização de quem trabalha no meio musical e de produção visual. Foram criados mais de 40 sets principais.

Foto: Reprodução/TV Globo

A cidade cenográfica representa dois setores da cidade de São Paulo. O primeiro deles é o trecho denominado como Zona Leste, onde está situado o Casarão em que os Mancini vão viver e precisam reformar, e a Pensão, onde moram personagens que trabalham na gravadora e na Mancini Music.

O outro trecho principal representa o eixo financeiro da cidade, situado na área mais nobre e representado pelos bairros mais ricos. É ali que está a gravadora e onde moram, inicialmente, os netos de Frida e suas mães, cercados do luxo e mordomias que o dinheiro da mesada da avó proporcionava.

“Usamos muito led para trazer essa iluminação diferenciada e também a própria luz mais natural aos modelos de trabalho. Estamos trazendo novas parcerias de tecnologia com a presença de painéis urbanos de mídia out of home. Isso permitiu realizar uma fotografia urbana mais próxima das referências de uma megalópole, como é São Paulo. Temos oito totens outdoor instalados nas calçadas em locais que reproduzem a legislação paulista e outros dois totens indoor instalados em entradas de galerias comerciais e estações de transporte público”, comenta o cenógrafo Paulo Renato.

‘Família é Tudo’ será a primeira novela das sete gravada no MG4, estúdio que possui grande capacidade em metragem quadrada para absorver o desenho de implantação de uma sinopse de novela para esta faixa. De acordo com o cenógrafo, além de flexibilizar as opções de roteiro, facilitando a tomada de decisões em termos de produção, manter fixos os cenários dos principais personagens da trama permitiu planejar ambientes com materiais mais realistas, o que exigiu mais cuidados nos acabamentos e integridade das peças.

Responsável pela produção de arte, Carolina Pierazzo destaca que os nomes dos cinco protagonistas – Vênus, Júpiter, Plutão, Electra e Andrômeda –, inspirados no fascínio do pai deles pela astronomia, planetas e galáxias, proporcionaram um terreno fértil para a inspiração artística.

“A partir desse universo "espacial" dos cinco irmãos, que tem uma abordagem intergaláctica, a identidade visual reflete essas influências cósmicas, enfatizando o uso de neons e LEDs nos cenários e objetos, e até figurinos, sempre que possível”, afirma Pierazzo, que destaca, ainda: “Como os irmãos Mancini serão desafiados a empreender, passado e presente vão se mesclar nos ambientes que revelarão a Galeria Mancini e o Casarão. Em uma viagem histórica, veremos desde antigas vitrolas, discos e gravadores até TVs e eletrônicos parados no tempo. Ao longo da trama, destacamos características marcantes de cada época e movimento artístico, capturando a essência com mobiliários icônicos, cores específicas, luzes, papéis de parede, objetos e veículos de cena”.

Seguindo as premissas do Guia de Produções Verdes dos Estúdios, alinhada à Agenda ESG da Globo, a produção de ‘Família é Tudo’ contou com diversas iniciativas para diminuir o impacto das gravações no meio ambiente. A novela utilizou apenas iluminação em LED, inclusive nas gravações realizadas em externas, com a substituição do uso de geradores a diesel por bancos de bateria, carregados com energia elétrica de fonte renovável. Utilizaram ainda transportes coletivos, dedicados à produção, para as externas, minimizando emissões; substituíram capas de chuva de plástico descartáveis pelos modelos reutilizáveis; e usaram pilhas e baterias recarregáveis, reduzindo a geração de resíduos, entre outras ações. O compromisso com o meio ambiente segue até o término da produção, sendo mandatório descartar corretamente quaisquer resíduos no processo de desprodução. Atualmente, 100% das produções dos Estúdios Globo aplicam as premissas do Guia de Produções Verdes em suas operações.

Cor, leveza e modernidade: os detalhes de caracterização e figurino

Tendo colorido e modernidade como premissas na conceituação da novela, essas referências também estão presentes na apresentação visual dos personagens. Com o desafio de viver gêmeas, Arlete Salles tem marcas diferenciadas para Frida e Catarina, como explica a caracterizadora Rachel Furman: “Optei em fazer Frida mais solar, volumosa e colorida e Catarina mais dura, com cabelo mais sequinho e menos cor na make. Tive o desafio de pensar em algo prático e possível para elas, porque também contamos com duas dublês, então tive de preparar quatro perucas para facilitar nas gravações”.

Personagem que chega para surpreender Júpiter e chacoalhar os padrões de aparência considerados ideais, Lupita (Daphne Bozaski) é fruto de pesquisa e desmistifica alguns símbolos culturais. “Tivemos de achar um cabelo característico da Guatemala e adaptar um pouco. Vamos usar coques e tranças com e sem fitas. Além disso, aumentei bastante as sobrancelhas dela para dar um ar mais pesado, e reforço um sinal que a atriz tem no pescoço”, salienta Furman.

Entre as apostas de tendência ou identificação por parte do público, a profissional aponta a cor de cabelo usada por Elisa (Thaila Ayala) e os penteados de Andrômeda (Ramille) que, nas palavras de Furman, “devem mostrar algumas possibilidades para as cacheadas arrasarem”.

Por falar em Andrômeda, a personagem é apontada como a fashionista da trama pela figurinista Sabrina Moreira. “Apostei nas referências das patricinhas dos anos 1990 para compor o figurino da personagem e acredito que essa mistura da silhueta mais retrô com peças atuais pode ser interessante para o público”, sinaliza.

Bastante democrática na montagem do guarda-roupa de cada personagem, Sabrina conta que as peças usadas podem ser encontradas, em sua maioria, em lojas de departamento e até brechós vintage. A profissional comenta estar sempre em pesquisa por novas formas de fazer ou usar materiais e recursos que dialogam com sustentabilidade. Na sequência da viagem de navio, por exemplo, Frida usará uma fantasia de Mulher Maravilha e o adereço de cabeça da matriarca dos Mancini foi feito em impressão em 3D, um recurso ainda pouco usado em figurino. O cruzeiro, aliás, representou um desafio ainda maior para Sabrina e seu time com a festa à fantasia de Frida. Foram criados cerca de 200 figurinos para as sequências da viagem.

Trilha sonora com explosão de sucessos

Tendo a música como um dos seus ativos – e pano de fundo para a história –, ‘Família é Tudo’ terá com a gravadora Mancini Music um desfile de sucessos como participações mais que especiais na trama. ‘Jardins da Babilônia’, regravada por Jão e Julia Mestre, já dá o tom na abertura.

Julia Mestre e Jão. Foto: Reprodução/Instagram

A canção ‘Só hoje’, gravada pela banda Jota Quest, embalará o romance de Vênus e Tom, enquanto as cenas de Paulina (Lucy Ramos) com o ex-marido contarão com a voz de Vanessa da Mata e sua ‘Vem doce’. Marisa Monte, Luiza Possi, Nattan, Tiago Iorc, Thalia e OutroEu também estão na trilha.

“Ter a Mancini Music como ativo nos permite uma trilha muito legal nesse sentido, trazendo vários ritmos e temas diferentes. A ideia é que a gente faça uma novela com uma trilha aberta, até certo ponto, com temas para personagens, mas que a gente possa ter um desfile musical durante a obra, sem uma trilha rígida. O que acho muito importante porque vai reforçar esse ambiente musical da novela, vai marcar esse núcleo da história que queremos contar”, descreve o diretor artístico Fred Mayrink.

Entrevista com o autor Daniel Ortiz

Nascido em Taubaté e criado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Daniel Ortiz é formado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília. Antes de ingressar na carreira de autor de novelas, trabalhou na Anistia Internacional, em Londres; na ONU, na Dinamarca; e em projetos da Unesco, na África. Daniel sempre foi um apaixonado por teledramaturgia. Desde criança era espectador assíduo de novelas e séries. A preferência foi pelas comédias do horário das sete, assinadas por Silvio de Abreu e dirigidas por Jorge Fernando nos anos 1980 e 1990. Em 1997, fez curso de roteiro em Los Angeles, no American Film Institute. Nos anos seguintes, desenvolveu diversos projetos para a televisão na América Latina. Em 2008, mudou-se para Dubai, onde escreveu ‘Between Love and Past’, primeira novela de longa duração produzida no Oriente Médio, exibida pela rede MBC em mais de vinte países árabes. Em 2009, entrou para a TV Globo, como autor colaborador de Silvio de Abreu em ‘Passione’ e no remake de ‘Guerra dos Sexos’. Em 2014, assinou a novela ‘Alto Astral’ e, em 2016, ‘Haja Coração’, uma releitura de ‘Sassaricando’, obra de Silvio de Abreu exibida em 1987. Também foi supervisor de ‘Malhação – Vidas Brasileiras’ na temporada 2018/2019. Em 2020, escreveu ‘Salve-se Quem Puder’. ‘Família é Tudo’ é a quarta parceria de Daniel com o diretor artístico Fred Mayrink. Os dois também trabalharam juntos em ‘Alto Astral’, ‘Haja Coração’ e ‘Salve-se Quem Puder’. 

Daniel Ortiz. Foto: Divulgação Globo/Léo Rosário

Como você define ‘Família é Tudo’? 

É uma história sobre famílias para a família brasileira. Acredito que as pessoas vão se identificar com as diferentes famílias da novela e seus conflitos. Todo mundo tem suas histórias de brigas familiares, de ter ficado sem querer falar ou ver determinadas pessoas. Vamos abordar sobretudo as relações familiares e como esses cinco meios-irmãos são colocados à prova até perceberem a importância da família em suas vidas. Veremos o desejo da irmã mais velha e da avó em unir esses irmãos de novo. No percurso, passamos pelo sumiço da avó e a missão pela herança dela, mostrando o quanto estão desunidos. Eles perderam esse sentimento de família e precisam resgatá-lo.

A gente pode dizer que a novela vai versar sobre os conflitos e aventuras comuns na dinâmica das relações familiares?

Exato. É um pai que se casou cinco vezes, teve um filho com cada mulher, e enquanto estava vivo, conseguia juntar os filhos aos finais de semana. Era o sonho do Pedro vê-los sempre unidos e ele pedia à filha mais velha, Vênus, para ajudá-lo a não perder isso. Até porque as madrastas e ex-esposas se detestavam e não queriam que os filhos se encontrassem. Pedro passa essa missão para Vênus, a filha mais velha, mas quando ele morre, ela tem apenas 15 anos, ou seja, é jovem demais para conseguir manter os irmãos unidos, e os cinco acabam se afastando. E a avó também tinha esse desejo de ver a família unida. Quando ela desaparece, deixa uma missão em testamento, que materializa sua vontade de ver a união dessa família que tem uma configuração diferente.

E como essa história surgiu para você? O que te inspirou?

Isso é engraçado, porque eu sonhei com essa história. Eu tinha de entregar uma sinopse, então estava indo para a cama pensando em tramas e tal. Até que tive um sonho com uma família que tinha se reunido e ficado presa em uma casa, enquanto a matriarca desaparecia. Quando acordei gravei tudo o que eu lembrava. Mas depois fui fazer uma outra história que acabou não rendendo. Foi quando pensei: vou dar uma chance para essa ideia. Fiquei um mês trabalhando nisso, seguimos e estamos aqui. A minha família é muito pequena. Minúscula. Então eu sempre sonhei em ter uma família grande, com uns quatro ou cinco irmãos. Eu acho que eu botei nessa novela um pouco da família que eu gostaria de ter.

Você tem ficado conhecido por nomes inusitados para seus personagens. De onde veio a inspiração para os nomes dos irmãos Mancini?

Eu tenho uma fascinação por astronomia. Esse universo me interessa muito, e estava pensando em nomes diferentes para os irmãos. São três planetas - Vênus, Júpiter e Plutão (que atualmente não tem mais essa nomenclatura); uma galáxia, Andrômeda, e uma constelação, que é Electra. Plutão era o último nomeado, então, seria o caçula. Na mitologia romana, Vênus, é a deusa do amor, e essa protagonista representa isso. Júpiter é o maior, então ele se acha, é o grandão. A Andrômeda é uma galáxia distante, meio que vive na dela, e a personagem que vive mais descolada da realidade, no seu próprio mundo. Tentei batizar cada um de acordo com a personalidade.

Como foi a escolha do elenco?

Eu fiquei muito feliz quando eu soube que a vovó seria a Arlete. Ela é uma atriz muito solar, representa bem o que é a Frida, essa avó super maternal que cuida dos cinco netos. A Frida quer o bem deles e ao mesmo tempo tentar prepará-los para a vida, porque alguns deles são muito mimados, estão acostumados a viver com o dinheiro dela. E estou feliz com esse elenco inteiro. Acho que a gente conseguiu escalar as pessoas certas para os personagens certos.  

E a escolha por São Paulo para ambientar a trama?

Eu moro em São Paulo, então tenho muitas referências da cidade. Os cinco irmãos vão morar na Zona Leste logo na segunda semana, uma área da cidade muito vibrante, colorida e diversa. No primeiro capítulo, a Frida faz rapel no Edifício Mirante do Vale, um arranha-céu icônico com um mirante cuja vista, espetacular, dá a dimensão do tamanho e da diversidade de São Paulo. Também gravamos nos arredores do edifício Copan, projetado pelo Oscar Niemeyer. Este se tornou praticamente um símbolo da capital paulista. 

Que temas e abordagens você acredita ter um caráter diferencial?

A Vênus tem uma fundação que ajuda jovens em condições de vulnerabilidade a conseguir emprego. Vamos abordar um pouco de temas sociais e passar por questões da atualidade com esse núcleo. Teremos a gravadora, então é natural entrar um pouco também no mundo musical, quem sabe ter um reality show para encontrar uma nova voz para ser lançada pela Mancini Music, colocando alguns personagens para concorrer. E tem o mundo do skate, um esporte em que o Brasil brilha e que está em evidência em ano de Olimpíadas. Vamos ter tudo isso num ambiente de comédia, aventura e com todas as situações que uma reunião familiar traz.

Entrevista com o diretor artístico Fred Mayrink

Nascido no Rio de Janeiro, o diretor artístico Fred Mayrink começou a carreira como ator aos nove anos no teatro. Aos 11, atuou em ‘Bambolê’ (1987). Depois fez outros trabalhos, como ‘Vamp’ (1991), ‘Despedida de Solteiro’ (1992) e ‘Malhação’ (1996/1998). Após quase dez anos atuando nas telas da TV Globo, passou a trabalhar por trás das câmeras. Ao longo de sua carreira de diretor, Fred Mayrink assinou a direção de mais de 10 novelas, como ‘Chocolate com Pimenta’ (2003), ‘Cabocla’ (2004), ‘Alma Gêmea’ (2005), ‘Páginas da Vida’ (2006), ‘Sete Pecados’ (2007)’, ‘Caminho das Índias’ (2009), ‘Viver a Vida’ (2010), ‘Araguaia’ (2011), ‘Salve Jorge’ (2012), ‘Alto Astral’ (2014). Como diretor artístico, esteve em ‘Haja Coração’ (2016), ‘Orgulho e Paixão’ (2018) e Salve-se Quem Puder’ (2020). Duas novelas em que ele integrou a equipe de direção, ‘Caminho das Índias’ (2009) e ‘O Astro’ (2011), ganharam o prêmio Emmy Internacional. ‘Família é Tudo’ é a quarta parceria com o autor Daniel Ortiz. Anteriormente, a dupla trabalhou em ‘Alto Astral’, ‘Haja Coração’ e ‘Salve-se Quem Puder’.

Fred e Daniel Ortiz. Foto: Divulgação Globo/Léo Rosário

Qual a proposta de conceito para esta novela? O que o público pode esperar na telinha?  

‘Família é Tudo’ é colorida, alto astral, solar. Com uma trama voltada para esse gênero de novela, desejamos que pais, crianças e avós assistam. Daniel escreve uma vilania na medida certa. Vivemos tempos desafiadores e é legal ter uma novela em que você possa se sentar no sofá e se divertir com um bom entretenimento. Claro, dentro disso, ela vai trazer mensagens.

É a quarta vez que vocês estão trabalhando juntos e numa novela das sete. Essa parceria tem alguma fórmula?

A gente tem um diálogo muito aberto, não deixa nenhum assunto pendurado. Se tem alguma coisa que a gente não concorda, a gente fala abertamente. Aí se cria um elo de confiança que é muito importante para levar um projeto tão longo e onde um complementa o trabalho do outro. Eu preciso materializar essa história que o Daniel escreve, então preciso entender e devolver na tela o que ele pensou, o que ele sonhou. Então, se a gente não estiver muito junto, ficam histórias diferentes. E acho que o barato é quando acontece todo mundo contando a mesma história.

As tramas do Daniel costumam ter bastante ação e aventura. O que foi mais desafiador nessa até agora?

As sequências no navio, no início da novela. Me dedico ao máximo para conseguir realizar o que ele escreve e, ao mesmo tempo, tenho uma liberdade imensa de dizer: “Daniel, isso eu não consigo, me ajuda. Eu preciso que a gente encontre um outro caminho aqui”. Por isso, é tão duradoura a nossa relação profissional, porque existe um respeito gigantesco entre nós, uma admiração mútua e um carinho com o trabalho.   

Qual a importância da viagem a São Paulo para a construção da narrativa?

São Paulo é o cenário da nossa trama e, neste início, precisávamos ambientar a história e os personagens neste universo. Ir até uma locação como as avenidas Paulista e Faria Lima, o Museu do Ipiranga ou o Vale do Anhangabaú, trouxe a identidade que queríamos.

Conta como virá a trilha sonora da novela, já que a Mancini Music, a empresa que norteia a história da família, é uma gravadora.

A ideia é termos uma trilha eclética, artistas participando de cenas e transformar a trilha da novela num grande desfile musical, para todos os públicos. A novela tem uma comunicação muito simples com o público, sempre amarrada pela aventura e pela música. Ter a Mancini Music como ativo vai nos permitir uma trilha muito legal, que vai trazer vários ritmos e temas diferentes. A ideia é que a gente faça uma novela com uma trilha aberta, até certo ponto, com temas para personagens como a música “Só hoje”, da banda Jota Quest, para Tom e Vênus, por exemplo, mas que a gente possa também não ter uma trilha rígida, sempre atrelada a determinados personagens, para conseguirmos reforçar esse ambiente musical da novela.

"Família é Tudo" é uma novela criada por Daniel Ortiz e escrita por Ortiz com Flavia Bessone, Nilton Braga, Daisy Chaves e Claudio Lisboa. Com direção artística de Fred Mayrink e direção de Felipe Louzada, Mariana Richard, Augusto Lana e Naína de Paula. A produção é de Mariana Pinheiro e Claudio Dager e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.


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