O executivo relembra as circunstâncias que levaram à saída de Silvio Santos da Globo em 1974.
Durante uma entrevista com a revista Veja, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, um dos mais influentes empresários do audiovisual brasileiro, discutiu temas como o crescimento do streaming, a proliferação de remakes na TV e as circunstâncias que levaram à saída de Silvio Santos da Globo em 1974.
TV Globo vs. Streaming
Boni destacou que a televisão aberta não deve temer a concorrência do streaming, afirmando que a TV é insuperável em vários aspectos: qualidade de imagem, facilidade de transmissão, imediatismo e diversidade de conteúdo. Segundo ele, a televisão pode enfrentar mudanças nos hábitos dos espectadores, mas continuará sendo essencial, especialmente no jornalismo ao vivo. "O streaming não substitui a televisão, ele substitui a loja da esquina, onde você aluga um filme. A televisão é um conjunto de coisas: humor, dramaturgia e jornalismo", disse Boni.
Saída da Globo
Refletindo sobre sua saída da TV Globo, Boni comentou que, após 31 anos na empresa, era natural que a emissora quisesse renovar sua equipe. No entanto, ele expressou certo ressentimento pela forma como foi tratado. "Eu merecia um pouco mais de carinho... Só gostaria de receber um agradecimento", afirmou, ressaltando que a falta de reconhecimento por parte da direção da Globo foi algo que o deixou triste.
Faustão
Boni também comentou sobre a saída de Faustão da Globo, destacando que o apresentador sempre teve uma boa audiência aos domingos e era um excelente vendedor para a emissora. "Não sei o que aconteceu, mas gosto muito do Faustão", mencionou, sem entrar em detalhes sobre os motivos que levaram ao rompimento.
Silvio Santos
Sobre a saída de Silvio Santos da Globo em 1974, Boni afirmou não ter arrependimentos, explicando que a decisão foi motivada por uma questão mercadológica. "O problema da saída do Silvio se deveu exclusivamente a um fato. Ele era abordado pelo mercado publicitário de segunda a sábado pela Globo, e por outro grupo aos domingos. Isso é impossível", explicou.
Onda de Remakes
Boni também comentou sobre a atual tendência de remakes na televisão, ressaltando que essa prática não é nova, mas que deve ser feita com cautela. Ele lembrou do fracasso do remake de Irmão Coragem como um exemplo de como uma história pode estar fortemente ligada ao seu tempo. "O remake tem que ter um texto melhor que o original, um elenco superior e, acima de tudo, uma adaptação para a época em que vai ser exibido", concluiu, destacando que, embora alguns remakes sejam bem-sucedidos, é crucial saber quando, onde e como realizá-los.