Aguinaldo Silva abre o jogo sobre relação com a TV Globo e produções de streaming

Aguinaldo Silva, renomado autor de sucessos como "Tieta" (1989) e "Fina Estampa" (2011), falou sobre sua relação com a TV Globo em uma entrevista ao podcast "Inteligência Ltda", no Youtube. Demitido em 2020 após 41 anos de contrato, o escritor comentou se estaria disposto a escrever mais uma novela para a emissora líder de audiência, mesmo após fazer várias críticas ao canal.

Silva revelou que algumas de suas sinopses ainda estão sob posse da TV Globo, mas não confirmou se há algo acertado com o canal. “Tenho coisas que ficaram lá [na Globo], sinopses… Não posso falar, porque a gente só deve falar quando as coisas estão realmente no papel. O que eu posso dizer é que se eu fosse chamado para escrever uma novela na Globo, eu escreveria, sim”, afirmou.

Ele justificou sua disposição destacando a capacidade de produção da emissora: “Primeiro, porque é o único produtor de novelas aqui [no Brasil] que pode bancar. Segundo, porque não vejo nenhum problema. Nossa relação era profissional e durou muito tempo, porque foram 41 anos. Nos demos muito bem. No meu livro, resumo assim: a Globo me deu muito e eu também dei muito à Globo. Foi um casamento que durou 41 anos. Depois que nos separamos, cada um foi para o seu lado e continuamos felizes para sempre”, explicou.

Aguinaldo Silva também compartilhou suas opiniões sobre o papel das plataformas de streaming na atualidade. “O streaming é muito complicado. Nada funciona lá num prazo menor que três anos. Desde que você apresenta as coisas, muda o executivo, aí você começa de novo do zero… São muitas etapas até que você finalmente vê a coisa entrar em produção, as gravações demoram meses e meses e depois ainda vai ser programado para estrear. Não entendo porque demoram tanto”, avaliou.

Atualmente, Aguinaldo Silva está divulgando sua autobiografia intitulada "Meu Passado me Perdoa". Ele tem comparecido a eventos no Brasil para promover o livro e planeja retornar para Portugal, onde reside.

O dramaturgo também compartilhou detalhes intrigantes sobre a novela "Vale Tudo", que será refeita pela Globo em 2025. Silva revelou que a identidade do assassino de Odete Roitman (interpretada por Beatriz Segall) teve de ser alterada às pressas devido a um vazamento para uma revista.

Ele, que foi um dos autores do folhetim ao lado de Gilberto Braga e Leonor Bassères, explicou que a primeira escolha para o assassino não era Leila (Cássia Kis). "Marco Aurélio, papel vivido por Reginaldo Faria, seria o assassino da maior vilã de todos os tempos das novelas brasileiras desde que a sinopse foi concebida. No entanto, semanas antes das gravações da sequência, a revista Contigo soltou na capa a verdade", revelou Aguinaldo.

"Aí a gente se reuniu, não vamos desmentir, mas também não vai ser", explicou Aguinaldo. O apresentador do podcast, Rogério Vilela, aproveitou a oportunidade para questionar quem era o assassino original. "Era o Reginaldo Faria, que era o executivo da empresa aérea da Odete Roitman", revelou o novelista sem hesitação.

Marco Aurélio, personagem de Reginaldo Faria, era um dos muitos vilões de "Vale Tudo" e tinha uma presença central na trama. Na ocasião da morte de Odete, ela estava investigando um suposto desvio milionário em um dos acordos da empresa. A relação entre os dois já estava deteriorada, e Marco Aurélio estava com o cargo ameaçado.